A Associação Brasileira ao Movimento Amor a Mãe nasceu através da desnaturalidade do curso da vida, quando uma mãe perde seu filho. O grupo é formado por mães que tiveram que dizer adeus a seus filhos e filhas, mas que por meio desse grupo encontraram além de uma rede de apoio, também uma chance de recomeçar.
Sua idealizadora, a psicóloga Celina Tourinho, construiu esse projeto a partir da sua própria tristeza, quando seu filho de 16 anos, Vittorio Tourinho, faleceu em um acidente elétrico enquanto andava a cavalo na sua propriedade.
“Minha história é que tenho dois filhos, o Miguel e o Vittorio, mas em 2018, Vittorio, que tinha apenas 16 anos, teve um acidente enquanto andava a cavalo, momento que levou um choque e faleceu. Ele era um jovem cheio de sonhos e muito alegre. Ali foi como se junto com o fim da vida dele, a minha tivesse acabado também. Mesmo que tenha havido toda uma rede de apoio, sempre vem dúvidas, medos, uma tristeza gigante que nem sempre sabemos lidar”, desabafou Celina.
A associação foi formalizada em setembro de 2022, sempre trazendo programações para o grupo, com palestras sobre espiritualidade, comportamento, saúde mental, atividades como empreendedorismo, buscando sempre ferramentas para acolher essa mãe. O grupo busca ser um espaço de acolhimento, de compreensão e de união, com a participação entre pessoas que entendem a dor que a outra está sentindo, visando amenizá-la através do amor.
Renascimento
Ao explicar um pouco sobre o projeto, Celina apresentou o propósito por trás da criação do grupo de mães, que por meio da união e, principalmente, do entendimento da dor que elas dividem entre si, houve um renascimento coletivo, com propósitos e sonhos que haviam adormecido.
“No primeiro dia das mães que passei sem meu filho foi muito difícil e o segundo decidi fazer um grupo no WhatsApp para convidar mães [que também estavam passando pela dor da perda]. Então, esse projeto surgiu com a vontade de ter esse serviço a mães que sofrem com a perda de seu filho, oferecendo alguns trabalhos que são necessários para que essa mãe tenha de novo vontade de viver”, contou a criadora, emocionada.
Mãe do Arthur
“Deus foi tão maravilhoso, que no momento de maior dor da nossa vida, ele estava conosco. Vi meu filho entubado na UTI, mas para mim ele estava apenas dormindo. Ele não sofreu”, relatou Ana Patrícia Galvão ao GP1, mãe do Arthur e uma das integrantes da Associação.
Ao falar sobre o filho, os pais do menino, Ana Patrícia e André Galvão, dissertam sobre sua bondade, alegria e amor pelo xadrez, esporte no qual era a promessa do Piauí. Arthur Galvão tinha 14 anos quando “partiu”, como explicou o casal, após sentir uma forte dor de cabeça, entrar em coma e ter sido confirmada sua morte cerebral.
Durante a conversa com nossa reportagem, Ana Patrícia explicou como encontrou o grupo de mães e como é estar em meio a outras pessoas que entendem a proporção da sua dor e o que representa para seu processo de cura.
“Eu descobri a Associação através de uma amiga minha, que também havia perdido uma filha. Comecei a acompanhar pelo Instagram e depois entrei no grupo do WhatsApp. Uma das melhores coisas que você pode ter quando você perde um filho é você saber que não está sozinha, que tem outras mães passando por isso com você. É uma dor imensurável”, disse Ana Patrícia.
Cura
As idas que acontecem ao longo da vida são capítulos da história que construímos diariamente, pois a ausência também reverbera. A compreensão dessas partidas é um processo longo, difícil e muitas vezes solitário, com altos e baixos que acompanham aqueles que lidam com a falta. Por isso, a Associação Brasileira ao Movimento Amor a Mãe, assim como outros grupos de apoio, existe para que haja uma rede de apoio e que os sentimentos, muitas vezes incompreensíveis, se transformem ao longo do tempo.
Caso queira conhecer ou participar da associação, clique aqui.
Ver todos os comentários | 0 |