O deputado estadual Ziza Carvalho (PT) se envolveu em uma polêmica no último dia 21 de agosto, após viralizar nas redes sociais um vídeo no qual ele diz que o Governo do Estado não tem que fazer ou recuperar estradas para os produtores na região do cerrado piauiense. Em determinado momento da gravação ele ironiza os produtores agropecuários, afirmando que se eles constroem o próprio aeroporto, têm condições de construir rodovias.
“Eu vejo muita gente se reclamando de estrada, estrada no sul que não escoa produção de soja, que não escoa produção de ricos produtores no sul do estado, agora eu pergunto quantos piauienses estão produzindo ali? O que eles estão produzindo? Eu conheço fazenda de 50 mil hectares de soja e milho, no extremo sul no estado, conheço fazendas que têm aeroporto privado melhor do que os aeroportos públicos, e eles estão precisando de estradas”, afirmou o deputado na gravação.
O deputado estadual Ziza Carvalho (PT) se envolveu em uma polêmica no último dia 21 de agosto, após viralizar nas redes sociais um vídeo no qual ele diz que o Governo do Estado não tem que fazer ou recuperar estradas para os produtores na região do cerrado piauiense. Em determinado momento da gravação ele ironiza os produtores agropecuários, afirmando que se eles constroem o próprio aeroporto, têm condições de construir rodovias. #PortalGP1 #GP1 #ZizaCarvalho
Posted by GP1 - O 1º Grande Portal de Notícias do Piauí on Wednesday, September 1, 2021
Continuando a fala, Ziza Carvalho disse que o Governo do Estado não é obrigado a fazer estrada na região, mas sim no semiárido. “Estão reclamando de estradas, que o Governo não faz estrada, o Governo não tem que fazer estrada ali não, quantos Silva estão produzindo ai? Quantos Sousa? Quantos Cruz? Quantos Santos estão produzindo ai nessas lavouras? O Governo tem que tá é aqui no semiárido, onde se produz mel, onde tem galinha da canela preta, é aqui que o Governo tem que tá, é aqui que estamos fazendo estrada”, declarou.
“Faça sua estrada, você não fez o seu aeroporto? O senhor não está plantando 50 mil hectares de soja? Quantas pessoas você está empregando? Quantos alimentos você está botando na mesa do povo com essa sua produção? Quem precisa do Governo é o povo, vão trabalhar e fiquem na sua”, finalizou o deputado Ziza Carvalho.
Produtores repudiam fala
Por meio de nota oficial, a Associação dos Produtores de Soja do Estado do Piauí repudiou a declaração do deputado, taxando de “lamentável” o pensamento do parlamentar. “Temos certeza que não representa a visão da maioria”, diz um trecho.
Leia na íntegra a nota de repúdio da Aprosoja:
Nem Silva, nem Santos, nem Sousa, nem Carvalho…
Não há de fato muitos piauienses que plantam soja nos nossos cerrados, se de forma míope entendermos que piauiense é aquele que nasceu neste estado. Não houve interesse no cerrado por nenhum dos nativos que aqui passaram também. Os índios e seus ancestrais sequer repararam as pobres terras secas do cerrado.
Desde os tempos pré-coloniais nunca houve maiores interesses no cerrado. Neste entendimento, os Silva, Santos, Sousa e Carvalhos, elite europeia vinda de Portugal que nasceram nestas terras também não tiveram este interesse em produzir.
Verdade que há uma certa vocação do povo sulista para tornar terras praticamente inférteis em solos de cultura. Mas a discussão míope que adorna este cenário é de uma flacidez estonteante. Justificar a falta de infraestrutura devido ao fato de a região crescer pelas mãos de “imigrantes”, que trouxeram riquezas e criaram suas famílias nestes solos, é no mínimo desconhecer a história do próprio povo.
Felizmente, nota-se que a classe política está compreendendo que a vocação do Brasil, do Piauí é o agro. Isso ficou muito evidente durante essa pandemia, já que o #agronaopara, ao contrário de alguns mandatários que, eleitos pelo povo, deveriam trabalhar pelo povo e pelo seu estado, mas preferiram se isolar e, inebriados, expõem uma visão pequena que, nem de longe, reflete a grandeza do Estado do Piauí, que é acolhedor e cresce, ao padrão chinês, graças ao agro.
Imigrantes sempre foram estigmatizados mundo a fora. E as figuras mais preconceituosas os marginalizam. Mas a grandeza deste povo que vem e enfrenta as dificuldades de abrir um novo começo e propiciar aos antes pobres municípios, hoje serem os municípios mais ricos do estado com o menor investimento público.
Lamentável a visão tacanha de alguns. Temos certeza que não representa a visão da maioria.
Viva o agro piauiense, viva seu povo e sua ousadia. Poderíamos em números rápidos mostrar o que estes “forasteiros” colocam nas mesas de todos sejam brasileiros ou chinesas. A soja que alimenta os rebanhos, que produz o óleo, que faz a maionese, que gera o biocombustível, que muda rotas, que engorda o gado, o frango, suíno e peixe. São mais 2,6 milhões de toneladas, que multiplicam riquezas e movimentam a economia. Que permite uma mercearia no interior do Piauí vender mais, e contratar mais pessoas, que permite um piauiense do semiárido comprar um milho mais barato e um pernambucano servir um prato feito para um caminhoneiro paraibano que leva uma carrada de farelo de soja para a granja no seu estado tudo isto sem preconceito. Viva o agro piauiense. Viva a diversidade!
O que disse o deputado
Após repercussão negativa do vídeo, Ziza Carvalho divulgou uma nota de esclarecimento na qual afirmou que o vídeo foi gravado em um momento de descontração e que “quis tão somente reforçar a importância de se por em discussão, também, a atuação dos produtores da região do semiárido piauiense, rica em importantes arranjos produtivos, como a produção de mel orgânico, a ovinocaprinocultura, bem como a criação de galinha caipira de canela preta”.
Confira abaixo a nota na íntegra:
Em virtude da grande repercussão que teve o vídeo postado em um grupo de WhatsApp, feito, em momento de descontração, entre amigos, em conversa informal entre os integrantes do grupo, e que, em determinado momento, fez menção às rodovias estaduais, reforço que quis tão somente reforçar a importância de se por em discussão, também, a atuação dos produtores da região do semiárido piauiense, rica em importantes arranjos produtivos, como a produção de mel orgânico, a ovinocaprinocultura, bem como a criação de galinha caipira de canela preta. Muitas vezes os governantes precisam fazer escolhas temporárias para a implementação de políticas públicas. A intenção não foi em nenhum momento desmerecer ou ofender os produtores do cerrado piauiense.
É indiscutível a importância do agronegócio nos cerrados para o desenvolvimento do Estado, bem como são bem-vindos todos os que aqui vieram desbravar e empreender.
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