A pesquisadora Isis Rost, autora do livro “O Risco do Berro – Torquato Neto, Morte e Loucura”, que conta a história do poeta e jornalista teresinense, disponibilizou o download gratuito da versão digital do livro.
- Foto: Marcelo Cardoso/GP1Isis Rost
O livro impresso foi lançado no final de 2017 e surgiu da monografia de Isis Rost para o curso de Ciências Sociais. Em 265 páginas, Isis traz à tona a história do Anjo Torto em três partes: a primeira, “Tropical melancolia”, tratando da contribuição de Torquato para a Tropicália, movimento cultural brasileiro; a segunda, “As horas do fim”, falando de sua morte; e a terceira, “Razão da loucura subterrânea”, onde é falado sobre a “loucura” do poeta.
A obra traz uma riqueza de imagens, diagramação e texto peculiares. Isis Rost mistura à sua escrita as palavras de Torquato, que são destacadas em itálico em todo o livro.
- Foto: DivulgaçãoLivro traz riqueza de registros fotogáficos de Torquato Neto
Para falar mais sobre esse trabalho, a autora concedeu entrevista ao GP1. Gaúcha, mas morando em São Luís (MA) há bastante tempo, Isis se graduou pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e pesquisa sobre livros, filmes e discos, mas não gosta de se intitular “escritora”. “O Risco do Berro – Torquato Neto, Morte e Loucura”, cujo link para download está disponível ao final desta entrevista, é seu primeiro livro. Confira!
GP1: Porque pesquisar sobre Torquato Neto?
Isis Rost: Embora Torquato tenha importância fundamental para o período, o poeta e crítico visceral, que ele foi, acabou se transformando apenas em um nome, um pouco distante, como aquele “poeta que se suicidou”. Num momento de tantas concessões, é importante resgatar justamente sua face contestadora, tomando cuidado com certas noções que vão se construindo em torno de seu nome, destacando a face mais doce e enfraquecendo a face mais irada, que ele também carrega.
GP1: O livro surgiu de sua monografia, como fez essa transição, da linguagem acadêmica para a literária?
I.R: Desde a elaboração da monografia tive muita liberdade, algo raro na universidade, para tratar da relação de Torquato com os temas principais do trabalho, que são a morte e a loucura. Quando fiz a transição para o livro, aprendi a mexer no programa Indesign e radicalizei mais o projeto gráfico, permitindo que a fusão entre a estética e os textos fizesse aflorar um Torquato mais próximo da “visceralidade” que era a sua marca. Poderia dizer, na verdade, que o trabalho foi feito apesar da universidade, pois esta tem se tornando cada vez mais asfixiante.
- Foto: Marcelo Cardoso/GP1Livro “O Risco do Berro – Torquato Neto, Morte e Loucura”
GP1: O livro aborda "outros" Torquatos além do grande nome da Tropicália, Torquato pai, filho, esposo, jornalista, teresinense...
I.R: O livro aborda principalmente o momento de passagem entre a Tropicália e o surgimento da cultura marginal, de que Torquato foi, além de entusiasta, um dos principais nomes. Era o momento mais duro da repressão e, como ele mesmo dizia, difícil era deixar o cabelo crescer quando a barra pesa. Há aí toda uma carga de rebeldia se chocando com comportamentos, que buscavam um caminho de acomodação.
GP1: Algo em Torquato Neto te surpreendeu no decorrer da pesquisa?
I.R: Percebi que Torquato é bem mais amplo do que pensava quando iniciei o trabalho. Ele era um cara múltiplo e que, no final da trajetória, estava muito envolvido com o cinema experimental, sempre em busca de novas formas de expressão, como a concepção da revista Navilouca, onde a nata do experimentalismo da época aparecia juntando aspectos mais diversos da poesia, do cinema, do design, das rupturas de comportamento e muito mais. Torquato ainda guarda muitas surpresas...
GP1: Como tem sido a recepção deste trabalho?
I.R: Fico feliz, pois o livro vem sendo bem acolhido. Fiz lançamentos em São Paulo, Teresina e São Luís, e recebi comentários surpresos e estimuladores, de pessoas diversas. Causam sempre muita satisfação as referências entusiasmadas vindas de contemporâneos de Torquato, gente que o conheceu mais de perto, pois isto mostra que O Risco do Berro carrega um pouco da radicalidade e da linguagem estética da época.
GP1: Quem tiver interesse em comprar o livro impresso, como deve proceder?
I.R: Foi uma tiragem pequena, feita com recursos próprios, e foi saindo rápido, quase evaporando. As pessoas entram em contato comigo, geralmente através do Facebook ou e-mail, e eu envio pelos Correios, com todo o prazer. O preço é 30,00 reais e o envio por minha conta. O que me interessa é que o livro circule e não fique num circuito tão restrito. Importa frisar que está disponível na internet, para quem quiser fazer o download, em sua versão colorida, como foi pensado.
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