Uma das diretrizes de trabalho no suporte ao processo de ressocialização, o teatro tem sido um importante instrumento e mudado a realidade de muitas pessoas privadas de liberdade no sistema prisional do Piauí.
Atualmente, dois projetos teatrais são desenvolvidos pela Secretaria de Estado da Justiça (Sejus). Na Penitenciária Feminina de Teresina, o projeto Mulheres de Aço e de Flores é composto por cerca de 80 reeducandas, que participam das oficinas de arte e já se apresentaram publicamente.
- Foto: Divulgação/AscomDetentos em encenação
Já na Penitenciária Irmão Guido, o projeto Espelho da Realidade reúne 30 detentos. Eles estão se preparando para fazer a primeira apresentação pública, com o espetáculo Justiça, que será encenado no Theatro 4 de Setembro, no dia 2 de maio, às 19h30.
“Essa peça tem ajudado a me expressar melhor e a tratar as pessoas de uma forma mais educada. Esperamos fazer um sucesso maior até que o das meninas da Penitenciária Feminina”, diz Ivaldo Coelho, reeducando e, agora, ator do Espelho da Realidade.
O espetáculo
A peça Justiça é inspirada pela passagem do livro de Hebreus, capítulo 13, versículo 3 da Bíblia cristã: “Lembrai-vos dos encarcerados, como se estivésseis aprisionados com eles, e todos aqueles que sofrem maus tratos, como se vós pessoalmente estivésseis sendo maltratados”.
- Foto: Divulgação/AscomDetentos no espetáculo
Oito internos da Penitenciária Irmão Guido irão atuar na peça Justiça, retratando personagens bíblicos como Jesus Cristo, apóstolos Pedro, Thiago, Judas Iscariotes, dentre outros.
Além dos detentos do projeto Espelho da Realidade, a peça também terá participação de duas atrizes do projeto Mulheres de Aço e de Flores.
O figurino da peça, feito de material reciclado, foi confeccionado pelos próprios detentos e pelo diretor do espetáculo, o arte-educador Valdsom Braga, segundo o qual a peça Justiça convida a sociedade a analisar, mais profundamente, a situação do encarcerado.
“A peça traz uma reflexão sobre injustiça e como a sociedade lida com isso. A ideia central é relatar as histórias de vida de personagens bíblicos que foram injustiçados pela sociedade em sua época e, a partir daí, incentivar o público a refletir sobre justiça e injustiça”, explica Valdsom.
Arte
Desde 2015, mais de 300 pessoas participam dos projetos teatrais nos presídios do Estado. Os projetos de arte buscam despertar o potencial artístico dos detentos. Muitos deles continuam participando das oficinas, dentro do presídio, mesmo após receberem o alvará de soltura, o que, para o secretário de Estado da Justiça, Daniel Oliveira, comprova o resultado da ressocialização.
“É uma imensa satisfação ver que o trabalho feito dentro de um presídio possa ser levado para fora dele agregando conteúdo à sociedade. Isso comprova que tal trabalho é, de fato, possível, efetivo e eficaz, na medida em que transforma a vida das pessoas”, analisa o gestor.
Os ingressos do espetáculo Justiça estão sendo vendidos ao valor de R$ 20, na sede da Secretaria da Justiça, no Centro Administrativo, e no Theatro 4 de Setembro. O valor arrecadado com a venda será destinado a projetos de ressocialização dentro dos presídios. O projeto Espelho da Realidade deve se apresentar em outras datas.
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