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Direção da OAB do Piauí rebate declarações do delegado da Polícia Civil Bonfim Filho

Um comentário do delegado Bonfim Filho numa reportagem do Portal GP1 deixou a direção da OAB indignada. A Ordem classificou o comentário como injusto e ofensivo.

O Portal GP1 publicou hoje (18) no Blog da Redação um comentário feito pelo delegado da Polícia Civil, Francisco Carlos do Bonfim Filho, que fez um comentário sobre a matéria intitulada: “Tribunal de Justiça manda soltar ex-vereador acusado de vender carros clonados no Piauí”. Bonfim mostrou-se indignado com as leis do Brasil e criticou os advogados ao dizer que: “os advogados deitam e rolam recebendo os honorários com o dinheiro sujo”.

Em resposta a OAB- Piauí enviou uma nota de esclarecimento à redação do portal. Na nota, eles classificam como injustas e ofensivas as declarações do delegado e afirmam que é direito de todo cidadão ter acesso a um advogado.
Imagem: ReproduçãoPresidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional do Piauí, Sigifroi Moreno(Imagem:Reprodução)Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional do Piauí, Sigifroi Moreno

Veja nota na íntegra

Resposta OAB sobre matéria relacionada a depoimentos do delegado Bonfim Filho

Sobre nota veiculada neste portal, no Blog “Da Redação”, na postagem de hoje, dia 18/10/2010, em que o delegado de Polícia Civil, Francisco Carlos Bonfim Filho, diz que “Advogados deitam e rolam recebendo os honorários com o dinheiro ‘sujo’ (do tráfico)”, opinando, ainda, que “tudo pode até ser legal, mas é imoral”, a Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Piauí, rebate as acusações desarrazoadas e as ofensas gratuitas do delegado para com os profissionais da advocacia, mister este imprescindível à efetivação de um Estado Democrático de Direito.

Ao contrário do que prega o delegado Bonfim, a OAB-PI acredita nas instituições sociais, no Estado Democrático de Direito, nas autoridades brasileiras e combate a hipótese alardeada pelo policial de que o crime compense. Pensar o contrário seria acreditar no retorno da barbárie e na falência do Estado, o que a OAB combate veementemente.

Sobre a prisão e posterior soltura de traficantes de drogas, a que o delegado alude na nota, cumpre à OAB salientar que é direito de todo cidadão ter acesso a um advogado em nome do princípio do contraditório e da ampla defesa, consagrados pela Constituição de 1988. Portanto, mesmo aqueles criminosos que cometem delitos mais graves não seriam sentenciados se não houvesse a interveniência de um advogado – particular ou público – no processo. Logo, não há “imoralidade” em se prestar assistência jurídica a um cidadão brasileiro que dela necessita. Há, isto sim, obediência a princípios democráticos garantidos constitucionalmente.

Neste mesmo diapasão, cabe-nos asseverarmos que, se o profissional da advocacia obtém êxito em conseguir a liberdade de um constituinte, isso se dá em atendimento às leis que compõem o ordenamento jurídico nacional, não a manobras miraculosas ou a fórmulas mágicas embasadas em invencionices.

Como todo ofício desempenhado com afinco e útil á sociedade, também o profissional da advocacia faz jus ao recebimento de honorários quando de sua atuação, remuneração esta acordada com o cliente, geralmente com valores que visam equilibrar a contraprestação oferecida e o serviço prestado.
Imagem: ReproduçãoFrancisco Carlos do Bonfim Filho(Imagem:Reprodução)Francisco Carlos do Bonfim Filho
Francisco Carlos do Bonfim Filho

Sobre a nota da OAB, o GP1 conversou com o delegado Bonfim, que ratificou suas declarações e disse que são opiniões de um cidadão comum e não de um delegado. “É verdade todo cidadão tem direito a um advogado, eu não estou dizendo o contrário. Eu continuo com a minha opinião”, disse o delegado.

“Tudo que eu disse é fato e se fizessem uma enquete com tudo que eu disse, a população ia concordar com tudo”, afirmou Bonfim.

“Eles estão equivocados, eu não estou culpando os advogados, o que eu quis dizer é que os bandidos não trabalham, então, o dinheiro com o que eles pagam os advogados é oriundo do tráfico, da bandidagem, portanto, é dinheiro ilegal”, criticou delegado.

Para finalizar Bonfim disse que todos têm que respeitar sua opinião: “Eles têm que me respeitar, que respeitar minhas opiniões, que são de um cidadão comum, eu usei o direito de comentar”.

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