Polícia Civil indicia quatro pessoas por homicídio de empresário em São João do Arraial

A Polícia Civil do Piauí, por meio da Delegacia de Matias Olímpio, indiciou quatro pessoas pelo assassinato do empresário Benedito Cardoso de Sousa Neto, executado a tiros dentro da própria loja no dia 14 de janeiro em São João do Arraial. O inquérito, concluído nessa sexta-feira (14), apontou que o crime foi ordenado pelo ex-vereador de Matias Olímpio, Marcos Borges, motivado por ciúmes. Ele chegou a oferecer um sítio e R$ 50 mil para o intermediador do assassinato, que contratou outras duas pessoas para executarem a vítima.

Segundo o delegado Saul Laurentino, que presidiu as investigações, Marcos Borges teve um relacionamento amoroso com a atual namorada do empresário, e por não aceitar o fim da relação, resolveu assassinar Benedito. A partir daí, ele manteve contato com Francisco Douglas Oliveira da Silva, vulgo Caminhoneiro, que possui envolvimento com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Ele foi o responsável por contratar outros membros da organização, Jonathas José de Deus Sousa e Rafael da Costa Barroso, para praticarem o crime.

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Foto: Reprodução/WhatsApp

Empresário Benedito Cardoso de Sousa Neto

Conforme levantado pela autoridade policial, no dia do assassinato, Jonathas pilotava a motocicleta, dando apoio logístico a Rafael, que desceu do veículo, adentrou a loja de rações de Benedito Cardoso, e atirou diversas vezes contra a vítima. O empresário ainda tentou fugir, porém, sem sucesso. Após o crime, os dois comparsas se evadiram do local, mas foram presos dias depois. Na época, a dupla chegou a afirmar que o assassinato foi motivado por uma guerra de facção e venda de drogas, mas a versão foi contestada, visto que o empresário não possuía envolvimento com o mundo do crime.

Por diversas vezes, caminhoneiro, intermediador do assassinato, foi visto em um sítio de propriedade de Marcos Borges na companhia dos dois executores do crime, o que indicou a relação dele e do ex-vereador sobre o ocorrido. Ao decorrer das investigações foi constatado ainda que Marcos havia entregue um celular novo para o indivíduo, com intuito de dificultar as diligências policiais que apuravam o caso.

Foto: Divulgação/PC-PI

Dinâmica do assassinato do empresário Benedito Cardoso

Prisão do mandante do crime

O ex-vereador foi preso no dia 14 de fevereiro, um mês após o assassinato de Benedito Cardoso, enquanto fazia caminhada na Avenida Raul Lopes, zona leste de Teresina. Ele é acusado de ter ordenado a morte do empresário por ciúmes, visto que a vítima namorava sua ex-companheira. Francisco Douglas, o Caminhoneiro, é considerado foragido.

Diante dos elementos apresentados, o delegado Saul Laurentino indicou os quatro envolvidos na morte do empresário por homicídio duplamente qualificado por motivo torpe e utilização de recurso que dificulte a defesa da vítima. “Vale ressaltar que o crime em investigação tratou de um crime complexo, pois além de envolver várias pessoas, a motivação do crime em relação a cada um foi diferente, pois houve um misto de crime passional e crime de pistolagem”, afirmou a autoridade policial.

Os autos do inquérito foram encaminhados ao Judiciário, para que sejam tomadas as medidas cabíveis sobre o caso.

Vítima foi alertada

O intermediador do crime, conhecido pela alcunha de Caminhoneiro, chegou a ter contato com a vítima dias antes do assassinato, buscando ganhar sua confiança. Ele ainda chegou a alertar Benedito, e fez menção a Marcos Antônio Borges, apontado como o mandante da execução. Além disso, chegou até mesmo a oferecer uma arma para que o empresário se protegesse.

Em conversa no WhatsApp, a vítima falou dos trechos da conversa que teve com o indivíduo, e afirmou ter desconfiado da aproximação repentina. “Rapaz, se ele [Marcos] não seu valor pra menina lá, metia chifre nela, fazia era Pix do celular dela para as raparigas dele. Aí agora ele pegou chifre e vem tomar as dores”, disse Benedito sobre a conversa que teve com Caminhoneiro.

Executores são réus pelo crime

O juiz de Direito da Vara Única da Comarca de Matias Olímpio, Alexsandro de Araújo Trindade, tornou réus Jonathas José de Deus Sousa e Rafael da Costa Barroso pelo assassinato do empresário Benedito Cardoso de Sousa Neto. Eles foram presos no primeiro âmbito das investigações sobre o caso, em que confessaram o crime por conta de uma guerra de facção.

"O piloto da moto e o que atiro foram presos no primeiro inquérito, porque eles alegaram que a motivação inicial seria tráfico de drogas, e aí depois que surgiu essa segunda linha de investigação de um mandante, que é um crime passional, foi instaurado novo inquérito para apurar isso e foi e foi confirmado", explicou o delegado Saul Laurentino.