Osita Britto
Rauena Pinheiro
O Riacho Itararé é uma das bacias hidrográficas mais importantes do Piauí e carrega em suas águas uma riqueza de histórias ao longo de seus 88 km de extensão. Porém, há alguns anos, ele tem sofrido com a poluição e o avanço da área urbana na capital, prejudicando seriamente, não só a sobrevivência dos animais que habitavam aquele local, mas também o bem-estar da população que mora nas proximidades do riacho.
Com a sua nascente localizada no município de Altos, o Itararé deságua no Rio Poti, mas antes, percorre vários pontos de Teresina. O GP1 foi até um desses locais, que fica na Avenida Camilo Filho, próximo à BR 343, e constatou uma situação de poluição.
O ambientalista Dionísio Carvalho, que acompanha a situação de abandono do riacho, falou ao GP1 que a falta de saneamento básico é um dos motivos que influenciam a poluição da bacia hidrográfica.
“A falta de saneamento básico e a expansão da cidade nessa região de Teresina têm provocado a poluição do riacho Itararé. A cor do riacho é preta, os depoimentos são tristes, porque a água, antes cristalina e transparente, hoje não permite mais a presença de peixes ou sapos, o que é um indicador de que está superpoluído. Ele vai desaguar no Rio Poti e vai contaminar o rio”, disse o profissional.
Dona Rosalina do Nascimento, que mora nas proximidades do Riacho há 63 anos, relatou que a situação das águas do Itararé, que já foram limpas há algum tempo, hoje em dia não pode mais ser aproveitada pela população que vive naquela área.
“A gente mora aqui há 63 anos, antes ele era limpo, hoje não é mais, a gente lavava roupa aqui, tomava banho, mas hoje ele está poluído, porque o povo fica jogando esgoto e água hoje não presta mais”, disse a moradora.
Audiência pública
Em setembro de 2023, o Ministério Público do Estado do Piauí (MPPI), por meio da 24ª Promotoria de Justiça de Teresina, realizou uma audiência pública sobre o Riacho Itararé e a sub-bacia hidrográfica PD11.
Conduzida pela promotora de Justiça Carmelina Moura, a audiência contou com o auxílio do Centro de Apoio Operacional de Defesa do Meio Ambiente (Caods/MPPI), coordenado pela promotora Áurea Madruga.
Após todos os debates, foram definidas algumas medidas para solucionar o problema da poluição no riacho, entre elas, a constituição de um grupo de trabalho, coordenado pela Semam, com a participação da Semplam, Semduh, Saads, ETURB, representantes da coletividade e instituições, para fazer o georreferenciamento da sub-bacia PD11 e das áreas de preservação permanente, além de propor ações e medidas para o devido escoamento das águas pluviais.
Foi definida também a preservação do Riacho Itararé, a proteção das áreas de preservação permanente e a coibição de ocupações irregulares ou da instalação de obras e empreendimentos sem observância das normas ambientais.
Mesmo com todas essas medidas, até o momento, a situação do riacho continua chamando atenção devido à poluição e à falta de cuidados.
Outro lado
O GP1 entrou em contato com a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semam), questionando sobre a atual situação daquela área do riacho. Em nota, a Semam informou que iria deslocar uma equipe de fiscalização ambiental até o local para averiguar as denúncias e tomar as soluções necessárias para mitigar os impactos.
“A Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semam) informa que deslocará equipe de fiscalização ambiental na área, para realizar às apurações necessárias sobre situação denunciada”, conforme trecho da nota.
Confira a nota completa da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semam) na íntegra:
A Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semam) informa que deslocará equipe de fiscalização ambiental na área, para realizar às apurações necessárias sobre situação denunciada.
A Prefeitura está tomando as medidas necessárias para avaliar a gravidade do problema, apurar possíveis causas, responsáveis e implementar soluções de manejo ambiental para mitigar os impactos.
Reforçamos o compromisso de informar a população sobre os avanços das ações.
Gerência de Meio Ambiente (GMA) da Semam Teresina
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