A Polícia Civil do Piauí, por meio da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente, instaurou inquérito para investigar Raimundo Nonato Bona Júnior, filho do ex-prefeito de Campo Maior, Bona Carbureto, suspeito de praticar crimes contra o meio ambiente e apropriação indébita na fazenda do pai. O inquérito foi instaurado nessa terça-feira (9) pelo delegado Wilon Araújo. Ele é acusado de matar animais de fome e sede.
A investigação teve início após o irmão de Bona Júnior, José Henrique Bona, registrar Boletim de Ocorrência denunciando ter sido expulso da Fazenda Satisfeito, de propriedade do ex-prefeito Bona Carbureto. Conforme o denunciante, Bona Júnior proibiu a entrada de todos os irmãos nas terras do pai desde o dia 4 de dezembro do ano passado, e tem maltratado os animais do rebanho bovino, que estão definhando de fome e sede, sendo que alguns já teriam morrido.
Segundo José Henrique, há alguns anos Bona Júnior vem realizando uma grande extração de areia e piçarra das margens e do leito do riacho Pintadas, que fica na fazenda e é afluente do Rio Longá. O irmão relatou ainda que Bona Júnior está devastando toda a vegetação primária da propriedade, o que incluiu diversas árvores dos tipos carnaúba, pequizeiro, aroeira e pau d’arco.
Ameaças
Nessa segunda-feira, 8 de janeiro, outro filho de Bona Carbureto, Raimundo Nonato Bona Carbureto Filho, prestou depoimento junto à Polícia Civil, confirmando todas as acusações feitas pelo irmão José Henrique contra o outro irmão, Bona Júnior.
No depoimento, Raimundo Nonato revelou que “Júnior Bona, na data 29/12/2023 apontou uma arma para o declarante na entrada da fazenda, proibindo o declarante de entrar”.
Os irmãos, supostamente prejudicados, alegam que estão tentando resgatar da fazenda os animais que lhe pertencem, contudo, não conseguem adentrar a propriedade.
Vaqueiro confirma versão dos irmãos
Um vaqueiro contratado para trabalhar na Fazenda Satisfeito também foi ouvido pela polícia e confirmou tudo o que foi dito pelos irmãos Bona. O trabalhador relatou que Júnior Bona o proibiu de alimentar os animais, e por isso ele decidiu dar comida e água ao rebanho durante a noite, escondido, até ser descoberto no dia 20 de dezembro, sendo proibido de adentrar as terras da família Bona.
Ainda conforme o vaqueiro, ao menos seis gados morreram por falta de alimento e água.
Áudio
O GP1 obteve acesso a um áudio atribuído a Júnior Bona, onde ele supostamente afirma que vai deixar os animais da propriedade morrerem. O áudio consta em um vídeo onde aparecem inúmeras fotos de animais da propriedade definhando de fome e sede.
“Eu vou te avisar pela última vez, eu quero é que morra tudin [sic], quero é que morra. (...) aí tu vai conhecer eu. Tu, esses fi [sic] de rapariga que estão aí dentro, que acham que são donos, vão conhecer quem é o Junin [sic]”, diz o áudio.
Inquérito
Diante da denúncia, o delegado Wilon Araújo instaurou inquérito para investigar a possível prática de maus tratos contra animais, extração de areia, cal e outros minerais em floresta, danos a unidade de conservação e apropriação indébita.
Outro lado
Em entrevista ao GP1, nesta quarta-feira (10), Bona Júnior negou as acusações. Ele disse que a fazenda é de propriedade de sua mãe e que não mora lá.
Ver todos os comentários | 0 |