O presidente nacional do Progressistas e senador pelo estado do Piauí, Ciro Nogueira, concedeu entrevista exclusiva ao GP1 nesta quinta-feira (22). Em uma conversa franca e direta, ele comentou a política local, avaliando a gestão de Rafael Fonteles (PT) e analisando o cenário da oposição para as eleições municipais de 2024. Para o ex-ministro da Casa Civil, Rafael deve governar melhor que Wellington Dias (PT), seu antecessor.
Ciro Nogueira falou ainda de nomes que podem suceder Jair Messias Bolsonaro (PL), caso o ex-presidente da República tenha os direitos políticos suspensos pela Justiça.
O senador também fez uma avaliação do pleito de 2020, dizendo que a oposição não pode repetir os mesmos erros e demorar para definir a chapa. Para ele, uma chapa composta por Sílvio Mendes (União Brasil) e a deputada estadual Bárbara do Firmino (PP-PI) seria imbatível no pleito de 2024.
GP1: como avaliou a aprovação do advogado Cristiano Zanin para o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF)?
Ciro Nogueira: Eu preferia que outro presidente tivesse feito esta indicação, no caso o ex-presidente Bolsonaro. Como a população deu este mandato para o presidente Lula, acho que era legítimo e votei favorável à indicação do doutor Zanin. Achei uma pessoa qualificado para sua intervenção e respostas. Ele cumpre todos os pré-requisitos para a assunção ao cargo. Nossa expectativa é que ele saiba separar a sua atuação como advogado de um presidente da sua atuação como magistrado. Eu acho que ele não é uma pessoa que tenha perfil de esquerda, eu acho mais conservador, garantista.
GP1: Qual a expectativa dos aliados e apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro quanto ao julgamento do TSE? Em uma postagem nas redes sociais, o senhor falou sobre fechar porta e abrir janelas, a suspensão dos direitos políticos do ex-presidente é uma realidade em sua avaliação?
Ciro Nogueira: A gente sempre tem esperança, mas a expectativa é muito ruim. Acho que hoje se inicia a maior injustiça cometida contra um homem público em nosso país. Isso vai ter desdobramentos nas próximas eleições e eu não tenho dúvidas disso. Vai criar um sentimento de injustiça muito grande. Se comparar tudo que o Lula foi acusado e tudo que o Bolsonaro foi acusado, são coisas absurdamente diferentes. Você permitir que o Lula seja candidato e cassar os direitos políticos do ex-presidente Bolsonaro? Isso será cometer uma grande injustiça contra um homem de bem do nosso país.
GP1: Caso os direitos políticos sejam cassados, qualquer nome indicado por Jair Bolsonaro se fortalece para as eleições de 2026?
Ciro Nogueira: Não tenho dúvidas, porque o maior eleitor do nosso país é o anti-PT, anti-Lula e anti-Bolsonaro. São os maiores eleitores e quem incorporar isso ganha uma eleição muito facilmente em nosso Brasil. Não tem como no Brasil surgir uma terceira via. O que vai acontecer é o apoio de um dos lados, em especial, vai ser o lado do Bolsonaro que se perder [direitos de ser candidato em 2026], não vai poder ser candidato. Vai facilitar muito a eleição do governador Tarcísio, se isso acontecer, somado ao sentimento da população de injustiça.
GP1: Qual nome da oposição que melhor deve representar o time de Bolsonaro na disputa pela presidência da República, caso o ele fique impedido de disputar em 2026?
Ciro Nogueira: O nome principal hoje para substituir [Bolsonaro] é o governador de São Paulo Tarcísio. Se o Tarcísio não for candidato, será o Romeu Zema. Acho difícil fugir desses dois nomes para presidente com o apoio de Bolsonaro.
GP1: O senhor almeja ocupar vaga de vice-presidente da República nas eleições de 2026?
Ciro Nogueira: É uma coisa que pode ser aventada, não vou negar que eu não tenha essa aspiração. Mas quero mesmo é ganhar a eleição e acho que uma chapa Tarcísio e Zema é mais forte do que Tarcísio e Ciro, por exemplo. Se o Zema ou Tarcísio não aceitar ser vice, eu estarei em terceiro, já que política é fila, e eu estarei em terceiro.
GP1: Em uma postagem feita nas redes sociais, o senhor afirmou que o governo do vice-presidente Geraldo Alckmin segue se viabilizando, enquanto o presidente Lula viaja. O senhor acha possível um pedido de impeachment do presidente do pais?
Ciro Nogueira: Eu não creio em impeachment porque impeachment quem faz é a população e não o Congresso. A Dilma caiu porque ela não tinha nem 10% de aprovação. Naquela época a população queria se ver livre dela e o Congresso só refletiu a vontade da população. O Lula não vai cair nunca de 30%, então não se faz o impeachment de um presidente com esse percentual. O Lula hoje pode sair de um banco atirando para cima que as pessoas têm o sentimento de carinho por ele. Então é impossível ele cair de 30%.
GP1: “Lula analógico e paleolítico”, essas são afirmações feitas pelo senhor recentemente em relação à administração imprimida até o momento pelo presidente Lula. O comandante do Palácio do Planalto estagnou como gestor?
Ciro Nogueira: Eu já previa isso no ano passado, que o Lula de 2022 era um Lula muito pior do que o de 2002. O Lula de 2002 veio para unificar o país, era o Lula paz e amor, mas agora é o Lula raivoso, que passa mais tempo falando do Bolsonaro do que do seu governo, do que ele quer fazer, ainda não desceu do palanque. Curitiba fez muito mal a Lula, ele saiu muito ressentido e em um momento histórico do nosso país, em que nós precisávamos de um presidente para unificar o Brasil, mas ele só tem feito aumentar.
GP1: A deputada Bárbara do Firmino vai ser a candidata a Prefeitura de Teresina em 2024?
Ciro Nogueira: Tem grande possibilidade, eu já coloquei, o nosso candidato vai ser ou o Sílvio ou a Bárbara. Acho que quem vai definir isso são as lideranças, as pesquisas, mas principalmente o sentimento da população. Não tem só pesquisa de intenção de votos, também temos as qualitativas. Essa semana recebi uma qualitativa e nos vamos fazer e não pode ser uma candidatura pessoal, tem que ser uma candidatura de grupo, acho que a chapa perfeita vai ser Sílvio com Bárbara de vice ou o contrário. Essa será uma chapa vencedora, até uma eleição muito definida para se ganhar no primeiro turno.
GP1: A definição do pré-candidato da oposição à Prefeitura de Teresina deve ocorrer ainda este ano?
Ciro Nogueira: Sai este ano, com certeza. Acho que não podemos cometer o erro que cometemos na eleição do Kleber Montezuma em 2020. Na época, o estatístico que eu e o Firmino contratamos dizia que nós teríamos que definir o candidato até setembro, no máximo até novembro. Mas, não fizemos isso naquela eleição, então não podemos cometer o mesmo erro. Quero chegar em novembro com esse nome definido.
GP1: Qual estratégia para evitar a debandada de prefeitos e lideranças políticas do Progressistas e mantê-lo competitivo para as eleições de 2024?
Ciro Nogueira: É natural [saída de lideranças]. Nós perdemos a eleição para governador, que foi uma eleição muito disputada e teve uma frustração grande do nosso lado. Mas, muitas pessoas fraquejam nesse momento e vão ter que prestar contas nas urnas. As pessoas têm lado e sabem o que foi feito em seus municípios. Você todos os municípios e veja o que foi feito por mim e por deputados e senadores do outro lado. O que os deputados do Progressistas fizeram, as obras que foram feitas, os municípios piauienses só funcionaram, principalmente na saúde nos últimos anos, por conta do nosso trabalho e dos recursos. Foram bilhões de reais que transferi para esses municípios e tenho muito orgulho disso.
GP1: o Progressistas tem mais de 70 prefeitos atualmente no Piauí. O partido deve chegar as eleições de 2024 com quantos prefeitos?
Ciro Nogueira: Eu não tenho dúvida de que o Progressistas vai continuar como o maior partido no próximo ano. Mesmo na oposição vai ser o maior partido.
GP1: Qual avaliação do senador quanto a administração de Rafael Fonteles a frente do Governo do Piauí?
Ciro Nogueira: Acho que o Rafael deve fazer um governo melhor do que o Wellington Dias. É um cara mais jovem, o Wellington já estava cansado e não tinha mais elã para governar o Piauí. Espero que ele faça um bom governo. Só espero que a parte financeira não atrapalhe a questão empresarial dele e da família, não atrapalhe a sua gestão. Isso é uma imagem que aconteceu com outros governantes no passado e que pode atrapalhar a sua gestão, mas ele tem tudo para fazer um governo melhor. Eu torço para que isso aconteça, não sou daqueles que torcendo contra o piloto e estando dentro do avião.
GP1: O governador Rafael Fonteles está se utilizando do cargo que exerce hoje para focar em interesses empresariais dele e da família?
Ciro Nogueira: Às vezes as famílias abrem empresas e sou contra esse negócio das pessoas, familiares prestarem serviços ao Governo do Estado, fazendo obras e isso cria imagem ruim para a população e um próprio descrédito para o empresariado local. Eu já observo essa movimentação [no governo Rafael] e é uma pena, pois espero que não perdure.
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