A Polícia Militar do Piauí, com apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF-PI), Strans, Guarda Municipal, Corpo de Bombeiros e Departamento Geral de Operações (DGO), cumpriu ordens judiciais de reintegração de posse, no Bosque Sul, na zona sul de Teresina, removendo mais de 800 famílias de cinco terrenos na manhã desta terça-feira (21).
De acordo com o coronel Galvão, do Departamento Geral de Operações da PM, a operação teve início nas primeiras horas da manhã de hoje e, segundo o oficial, está sendo garantido que os ocupantes retirem seus utensílios e objetos pessoais de forma pacífica. "A Polícia Militar está aqui juntamente com as outras forças de Segurança para assegurar o cumprimento das ordens judiciais. São cinco terrenos que estão com ordem judicial para desocupação. A Polícia Militar possibilitou que os ocupantes retirassem seu material e muitos estão fazendo isso. A partir daí, as empresas agora vão disponibilizar estrutura para a retirada do material dessas propriedades", afirmou o coronel Galvão.
Segundo o coronel, quatro terrenos pertencem a empresas privadas e um é da Prefeitura de Teresina. "Alguns terrenos são de empresas e um deles é da Prefeitura de Teresina, mas todos eles estão garantidos pela Justiça e nós estamos fazendo um planejamento para assegurar o máximo de segurança para todos os envolvidos nessa operação. Muitos já tiraram seus pertences, aqui havia muitos barracos que já estavam vazios, que não tinham ninguém e que estão sendo retirados pelas próprias empresas, mas a maioria saiu pacificamente. Não temos até o momento nenhum problema. Alguns deles estão reivindicando e pedindo moradia, a gente sabe que é uma manifestação importante e eles têm todo direito de fazer isso, desde que a manifestação seja pacífica. Nós entendemos que ela é totalmente legal. Nós contabilizamos em torno de 800 a 1000 barracos nos terrenos, nenhum com edificação, só barracos de lona", relatou o coronel Galvão.
Ocupantes acusam PM de agressão
Em entrevista ao GP1, Ingrid Jaqueline, uma das ocupantes, acusou a Polícia Militar de agredi-la e de prender arbitrariamente o seu marido. “Encostaram nós dois na parede, eles me jogaram no chão e levaram ele. Aí eu perguntei: 'por que vocês [policiais] vão prender ele? O que ele está fazendo?' Ele [cônjuge] não estava fazendo nada, ele estava só bem aqui do meu lado”, manifestou Jaqueline.
Reivindicam moradia
Segundo Jaime Sousa, há 10 anos as pessoas foram retiradas da ‘rodoviária dos pobres’ com a promessa de um novo espaço para elas, mas que isso não aconteceu. “Deslocaram todas essas pessoas da ‘rodoviária dos pobres’ com a proposta de darem um espaço há 10 anos. Cadê o dinheiro? Nós queremos moradia. Qual a resposta dos órgãos públicos?”, questionou.
O que diz a Prefeitura de Teresina?
O superintendente executivo da SAAD Sul, Isaac Meneses, esteve no local e declarou que uma das áreas ocupadas é de propriedade do município de Teresina e que a ideia é que nesse espaço seja construído um mercado para os antigos comissionados da "rodoviária dos pobres". "A SAAD Sul está aqui com assistentes sociais, com a equipe de fiscalização e apoio da GSU (Gerência de Serviços Urbanos) com homens para desmobilizar o aparato que estava amparado pelos invasores. Nós temos uma área do município, parte dela estava em tramitação com o Governo do Estado que vai executar através do DER, uma espécie de mercado para os antigos permissionários da rodoviária dos pobres. Isso tinha sido acordado com a prefeitura e está em fase de tramitação de documentos, mas a área ainda é do município", explicou Isaac Meneses.
"A prefeitura entrou com pedido de reintegração de posse, assim como os particulares do entorno e devido a ação necessária da polícia foi planejada para se fazer em conjunto [a reintegração]", completou Isaac Meneses.
Sobre a reivindicação dos ocupantes, Isaac Meneses disse que a Prefeitura possui programas habitacionais e que a ocupação de terras não é a solução. "Nós sabemos que diversos ocupantes que estão aqui estão naquela linha de pessoas que não têm habitação, que moram de favor e, realmente, precisam de habitação, mas a forma de conseguir isso não é entrando em uma área de domínio do município, de bem comum do povo. Nós temos programas habitacionais para isso, a prefeitura está conseguindo recursos e temos planejamentos pelo Minha Casa, Minha Vida que está abrindo para resolver o problema do déficit habitacional do município", pontuou o superintendente executivo da SAAD Sul.
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