Com o objetivo de divulgar pesquisas e aplicações da Inteligência Artificial (IA) na área da saúde e fomentar debates sobre a ética e a utilização da Tecnologia da Informação (TI) nesse contexto, a Universidade Federal do Piauí (UFPI) realizou, na última terça-feira (14), o seminário “Inteligência Computacional na Saúde: Perspectivas a Aplicações”. O evento, promovido pelo Centro de Inteligência em Agravos Tropicais Emergentes e Negligenciados (CIATEN), aconteceu no auditório do curso de Biologia do campus Ministro Petrônio Portella, e teve como público-alvo alunos das áreas da saúde e da computação.
Segundo o professor doutor Vinícius Ponte Machado, que atua no CIATEN e integra o Departamento de Computação da UFPI, o seminário teve como principal objetivo publicizar as pesquisas que são feitas no âmbito acadêmico e que são plausíveis de serem colocadas em prática.
“Trouxemos algumas pesquisas acadêmicas com professores doutores das áreas e também um professor que já atua no mercado, que demonstrou como a inteligência artificial pode ser utilizada em aplicações comerciais na área de saúde. O evento fomentou esse debate, principalmente, de como a IA está aplicada à saúde e como isso pode atingir, em médio e curto prazo, as pessoas. Tivemos palestras sobre transplantes, aplicações para auxiliar a educação de crianças com Transtorno de Espectro Autista, vimos diagnósticos por imagem e, além disso, palestras no ramo da Leishmaniose e no combate à Dengue. Por fim, fechamos com a palestra do Prof. Pedro Alcântara, que nos apresentou tecnologias que ele já utiliza e que são aplicadas na parte comercial”, explica o professor Vinícius Machado.
Vinícius Machado avalia, a partir dos trabalhos acadêmicos desenvolvidos, que cada vez mais a Inteligência Artificial está sendo usada no meio interdisciplinar e que, portanto, o CIATEN como um todo, quando lança esse olhar para a IA, tenta criar mecanismos que permitam antever ou perceber tendências nos dados, seja de Leishmaniose, de Chagas ou seja até nos acidentes de trânsitos.
“Estamos vendo a aplicação da IA não só na área da saúde, na área de engenharia de software, em processo e desenvolvimento de software, em processo produtivo. O que acontecia muito com Tecnologia da Informação, que era uma matéria multidisciplinar em outras áreas, é o que acontece agora com a IA. Antigamente você tinha o conhecimento do especialista modelado na computação. E agora, a própria computação vai buscar o conhecimento. Então, isso está sendo bem requerido em todas as aplicações. E o CIATEN, como órgão de atenção e de agravos, precisa estar atendo às tecnologias, pois por meio delas descobriremos coisas que estão implícitas, que nos ajudarão a tomar medidas de enfrentamento melhores, que evitem mortes, agravos e outras coisas. Porque quando descobrimos tardiamente essas coisas, já perdemos vidas”, afirma o professor.
Para o professor doutor Carlos Henrique Nery Costa, diretor do CIATEN, o evento foi um marco e uma semente para um futuro muito fértil para a Medicina de uma forma geral e, em particular, para a UFPI, para o Piauí, estimulando um grupo de profissionais a criar expertise e competência para explorar esse tema tão importante.
“A Inteligência Computacional se aplica em muitos espaços da Medicina. Nesse momento, nós estamos vivendo uma revolução similar à descoberta dos antibióticos há quase cem anos. A IA vai examinar cada sequência genômica de cada câncer, por exemplo, e desenhará o medicamento apropriado para aquele tipo de câncer. Esse é o futuro. Especificamente para essa área, mas pode identificar suscetibilidade à doenças e pode ser aplicada a diversos sistemas”, enfatiza o professor Carlos Henrique Nery.
Carlos Nery destaca, ainda, a dificuldade que a área médica enfrenta nos dias de hoje em relação ao tempo de atendimento individualizado, e mencionou como a IA pode contribuir para mudar essa realidade. “Esse tempo exige uma demanda cada vez maior da atenção médica, reduzindo, portanto, o tempo dedicado para cada pessoa. Nós, médicos, como entidades biológicas, não temos a capacidade de memorizar individualmente todo conhecimento que já foi adquirido pela ciência e, principalmente, pela ciência médica. Precisamos ter ferramentas que pensem de forma inteligente e com a aplicação da IA nós poderíamos ter ao nosso lado um sistema computacional, talvez até conectado por fones de ouvido, para que pudéssemos dialogar sobre quais as possibilidades de diagnósticos para aquela pessoa”, diz o professor.
O diretor do CIATEN enfatiza que isso resultaria em consultas mais curtas, mais práticas, podendo ajudar a filtrar os pacientes e hierarquizar o atendimento, delegando prioridade para aquele que tem situação mais emergente ou que se beneficiaria mais da atenção médica. “O potencial é imenso. Tenho certeza, mais uma vez, que é um grande marco para o nosso Estado”, finaliza Carlos Henrique Nery.
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