No período de intertemporada a direção do Fluminense-PI deixou nítido por várias vezes que a Copa do Nordeste serviria como um laboratório para o clube, que chegara pela primeira vez a fase de grupos da competição, após erguer a taça de campeão no Piauiense. Foi assim com a Série D do Campeonato Brasileiro, quando o clube tricolor foi eliminado ainda na fase de grupos da competição. Acontece que, o laboratório, que deveria servir para compreender a competição e também o nível de competitividade do próprio clube, parece não ter uma chave virada.
Após dois compromissos fora de casa, diante de Santa Cruz e Náutico, o Vaqueiro retornou à Teresina para encarar o Campinense, adversário este que vinha abaixo na temporada e a equipe piauiense poderia ter a chance de conquistar ali a sua primeira vitória. O que vimos, na verdade, foram uma série de estreias no time profissional, como a do goleiro Sebastião e do volante Rian. Dos 11 titulares escalados por Eduardo, seis são das categorias de base. Sebastião e Maurício com dois anos na equipe profissional, já Luca Manga, Gabriel Vieira, Rian e Fagner subiram após o encerramento da temporada no sub-20 em 2022 e não jogaram a Copinha, já incorporados a equipe principal.
É compreensível que o clube esteja focado no Campeonato Piauiense e busque defender seu posto de campeão. A liderança na fase de grupos demonstra isso, mas o estadual é, além de pontos corridos, um torneio que depois entra na fase mata-mata antes de uma final de fato. Sem aproveitar a Copa do Nordeste para aumentar o nível de competição interna, como o time estará nos momentos decisivos?
É compreensível também dar outra prioridade a Copa do Brasil, torneio de maior visibilidade nacional e que pode contribuir frontalmente com a capilaridade da equipe, inclusive na busca por reforços e – principalmente – renda. O que não pode ser normalizado, é que o clube trate a principal competição da região – já desvalorizada pela própria CBF nesta temporada – como um mero recreativo que conceda 90min àqueles atletas que terão menor minutagem no decorrer do ano. Essa postura contribui para a diminuição da importância da competição.
No campo, o Campinense conseguiu construir seu placar em apenas 15 minutos. Foram necessários dois contra-ataques e duas bolas aéreas para o principal defeito do Vaqueiro se sobressair. Dois gols em jogadas idênticas e um teste de fogo para um goleiro que fez seus primeiros 90 minutos em um jogo profissional, mesmo aos 22 anos. O ponto forte de ver uma série de garotos em campo foi sua sede. Gabriel Vieira e Lucas Manga mostram que, com uma transição correta poderão desempenhar e trazer bons frutos para o Vaqueiro. O meia, que atualmente veste a camisa 8, tem uma visão ampla do campo e tem sido fundamental para circulação de bola e para encontrar seus companheiros. O passe em ruptura do meio-campista é algo a se observar e que deve ser aproveitado pelo técnico.
Com um primeiro tempo para se esquecer, a equipe teve outro aproveitamento com a entrada de William, Batista, Janeudo e Bismarck. Em que pese o fato de que estes atletas pouco marcam e jogam verticalmente, o trabalho de Eduardo é estabelecer suas funções na rotação do elenco. Um time de futebol é um organismo vivo, que se molda a realidade do campo e, mesmo com prioridades, há peças no elenco capazes de levarem esse time para outro nível de competição. Ainda há tempo para consertar a rota na Copa do Nordeste?
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