Pesquisadores do Curso de Ciência Política, da Universidade Federal do Piauí, desenvolveram pesquisa sobre a desocupação imobiliária no Centro comercial de Teresina e constataram que o processo, conhecido por “vazios urbanos”, causa um prejuízo de pelo menos R$ 108 milhões à economia local.
As pesquisadoras Lara Beatriz, Ilmária Carvalho e o pesquisador Iury K. Campelo, em trabalho de campo, constataram que em dezembro de 2023, aproximadamente 1.152 imóveis comerciais estavam desocupados numa área de pouco menos de 100 quarteirões.
“São pequenos, médios e grandes imóveis comerciais, dentro da área central de Teresina, no que seria o maior centro comercial do Estado, no quadrilátero composto pela Avenida Maranhão, Rua 24 de Janeiro, Rua São Pedro e Desembargador Freitas, cujas praças eram o maior entroncamento de linhas de transporte público do Piauí, confluência de dezenas de milhares de pessoas todos os dias”, explica a pesquisadora Ilmária Carvalho.
Para a pesquisadora Lara Beatriz, os dados prospectados ainda estão em fase de análise, mas se estima que são pelo menos 2.300 postos formais de trabalho a menos, que representam prejuízo de R$ 40 milhões em salários na economia da cidade, no que o grupo chama de “Desertificação comercial do Centro de Teresina”. “Entrevistamos microempresários com mais de 45 anos de atuação no mesmo ponto comercial, que ainda sobrevivem empreendendo no Centro comercial de Teresina e a análise qualitativa da pesquisa mostrou um cenário bem diferente do que achávamos ser a causa desse processo de desertificação: não foi a pandemia quem mais afetou negativamente o centro de Teresina, foi o colapso no transporte público. O menor dos impactos são os impostos que deixam de ser arrecadados. O IPTU desses mais de mil imóveis, que dificilmente são pagos, é um prejuízo de no mínimo R$ 1,7 milhão às contas da Prefeitura de Teresina. Não são esses os grandes prejuízos. O prejuízo maior são os empregos perdidos, as perspectivas de crescimento que se esvaem pelos prédios vazios, pelas placas de “vende-se”, “aluga-se”.
De acordo com os três pesquisadores, os resultados dessa pesquisa serão divulgados no mês de janeiro de 2024, consignados num bloco de artigos específicos. “Vai ser um presente para quem quiser e puder valer-se para dar partida às políticas públicas necessárias à revitalização do Centro Comercial de Teresina”, finalizou a pesquisadora Ilmária Carvalho.
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