Centenas de estudantes se reuniram na tarde desta segunda-feira (30), no campus da Universidade Federal do Piauí (UFPI) em Teresina, realizando uma vigília em homenagem à aluna Janaína Bezerra e também em protesto por justiça pelo crime brutal que tirou a vida da acadêmica de Jornalismo.
Organizada pelo Centro Acadêmico de Comunicação Social - Jornalismo (CACOS), a vigília iniciou no coreto da reitoria da universidade por volta das 16h, após a confecção de faixas e cartazes. Depois, as pessoas seguiram em marcha até o espaço Carretel, no Centro de Ciências da Educação (CCE), local de convivência dos estudantes de Jornalismo.
A estudante de Jornalismo Glória Santana, diretora do CACOS, ressaltou a importância de se clamar por justiça pelo assassinato cruel de Janaína. “Esse movimento tem como intenção chamar as pessoas para clamarmos por justiça. Vamos homenagear a Janaína, mas a gente não pode esquecer que ela foi morta de uma forma muito brutal, e dentro da UFPI, então a gente precisa clamar tanto por segurança quanto por justiça, porque eu, como mulher, não me sinto segura dentro da universidade. É muito triste ver que uma vida foi perdida dentro do nosso campus”, lamentou a jovem.
A professora Lívia Barroso, docente do curso de Jornalismo da UFPI, falou da sua revolta com o crime, que ocorreu em um lugar que era para ser acolhedor e seguro. “O sentimento é de muita revolta, revolta por uma vida que foi tirada violentamente. A Janaína foi assassinada dentro de uma instituição pública e isso é muito sério, um espaço que era para ser de acolhimento, de ensino, de aprendizado, de sonhos, a universidade é um lugar de sonhos. Ainda é muito difícil falar sobre isso, mas o que a gente pode fazer é pedir justiça, que a universidade tome as devidas providências, e que a gente lute para que outras Janaínas não percam a vida dessa forma. Foi a vida de uma mulher preta, de periferia. Se segue um padrão a violência, mas a gente não pode normalizar isso”, enfatizou.
“Ela poderia estar em qualquer outro lugar”
A diretora do CACOS frisou que o crime praticado contra Janaína poderia ter acontecido em qualquer lugar. “Ela poderia estar em qualquer outro lugar, poderia estar na parada de ônibus, poderia estar voltando de uma aula oito horas da noite, poderia ter sido abordada em qualquer outro espaço, então, a gente precisa sim de segurança, não só a segurança do patrimônio, mas a gente precisa de segurança para nossas vidas, para o corpo discente e docente, de todas as pessoas que estão dentro da instituição”, disse Glória Santana.
OAB
A vice-presidente da Comissão de Direito Sindical da OAB Piauí, Isadora Cortez, lamentou a morte de uma jovem cheia de planos e sonhos. “É lamentável, é doloroso, era uma menina de 22 anos, que queria viver e que queria ser a primeira da sua família a ter um curso superior, uma menina que deve ter lutado muito para chegar em universidade pública, a gente sabe que meninas como ela lutaram muito. Morreu em um espaço que deveria ser de acolhimento, mas nós sabemos dos problemas que existem na universidade com relação à segurança. São arrastões, assaltos, o medo de ser estuprada, violentada e precisou uma pessoa morrer com requintes de crueldade para que a gente possa discutir essa questão da segurança. É lamentável”, colocou a advogada.
Entenda o caso
Janaína da Silva Bezerra foi encontrada morta na manhã do sábado (28) no campus da UFPI, na zona leste de Teresina, após uma calourada. O suspeito do crime, Thiago Mayson da Silva Barbosa, aluno do Programa de Pós-Graduação (Mestrado) em Matemática da UFPI, foi detido e teve a prisão preventiva decretada pela Justiça.
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