A 1ª Vara do Tribunal do Júri de Teresina está julgando nesta quarta-feira (27) o ex-vereador Djalma da Costa e Silva Filho, mais conhecido como “Djalma Filho”, acusado de ser o mandante do assassinato do jornalista Donizetti Adalto. O julgamento iniciou por volta das 9h30.
Djalma iniciou seu depoimento por volta das 13h45 afirmando ao juiz Antônio Reis de Jesus Nollêto, que a acusação que pesa contra ele não é verdadeira. “O peso dessa acusação na conta de todo mundo é de 23 anos, sabe como é, eu conto excelência? Eu conto em dias, são 8.621 dias e noites que eu respondo por uma acusação injusta e improcedente, todas essas noites e dias eu não posso ter o remorso da culpa que eu não tenho, eu tenho o contrário, o peso da acusação por fatos que eu não fiz”, afirmou Djalma Filho.
Djalma se emocionou ao lembrar de uma conversa que teve com o pai sobre a acusação. “Meu pai morreu no dia 17 de março de 2014, no sábado, dia 15, eu fui até a casa dos meus pais, e as palavras de meu pai para mim não foram palavras de costume, meu pai já acamado. Neste dia, especificamente, ele virou para mim e me disse: 'meu fim está próximo, e eu tenho um pedido a lhe fazer, você só vai recuperar a dignidade do seu nome e de nossa família quando você se submeter ao tribunal do povo'”, disse emocionado.
“Ele acompanhou toda a batalha jurídica de tantos anos. E aí meu pai me disse isso: ‘você recupera sua dignidade quando você enfrentar um tribunal em que for comprovado que você nada teve a ver com esse crime, que você não mandou matar, você não participou, não agiu para que houvesse essa morte”, contou o ex-vereador.
Segundo Djalma, a acusação contra ele o transformou em uma lenda urbana, onde é apontado nas ruas. “E eu me comprometi com ele, vossa excelência, de que esse dia chegaria para mostrar a cidade de Teresina, aos amigos, a tantos conhecidos e parentes que a acusação nunca poderia ter prosperado contra mim a ponto de me transformar naquilo que poderia chamar de uma lenda urbana, aquele que se aponta o dedo quantas vezes, embora tenha tido sempre muito respeito da maioria imensa da cidade”, pontuou.
"Eu nunca troquei o meu telefone, ele é o mesmo. Eu não tenho o que esconder, nunca saí da cidade, continuei na minha missão de educador, eu gosto de ser professor, talvez eu goste mais de ser professor do que advogado", declarou Djalma.
Entenda o caso
De acordo com a acusação do Ministério Público, baseada em inquérito policial proveniente do 2º Distrito Policial, Donizetti Adalto foi morto numa emboscada, impossibilitando a sua defesa, onde foram desferidos vários tiros a queima roupa e, ainda agonizando, foi torturado, o que lhe causou traumatismo nas unidades dentárias.
O ex-vereador foi pronunciado por homicídio triplamente qualificado: motivo fútil, meio cruel e a emboscada. O crime é considerado hediondo.
Decisão proferida no dia 14 de setembro do ano passado frisou que o processo estava pronto para julgamento diante do conjunto probatório presente nos autos, “razão pela qual não há que se falar em violação ao princípio da ampla defesa”.
Para o magistrado, foram empreendidas todas as diligências necessárias no sentido de localizar exames periciais e demais laudos solicitados pela defesa de Djalma Filho e deixou consignado que seriam juntados aos autos, os documentos que pudessem ser encontrados, tendo em vista se tratar de processo bastante antigo.
Caso seja condenado, o ex-vereador Djalma Filho poderá pegar até 30 anos de cadeia.
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