Dijovane Eloi de Oliveira, de 36 anos, e Maria Erlane Gonçalves, 31 anos, são os pais da bebê Maria Alice, que morreu durante o trabalho de parto da mãe, nesta sexta-feira (11), no Hospital Regional Chagas Rodrigues, em Piripiri. Em entrevista ao GP1, Dijovane denunciou que demorou dois dias para que a gestante fosse atendida e que essa demora teria sido um dos motivos que causou a morte de sua filha.
Dijovane contou que o parto da esposa estava previsto para acontecer no último dia 27 de fevereiro, no entanto, como o casal reside no município de Lagoa do São Francisco, eles buscaram atendimento no Hospital de Piripiri, nesta quarta-feira (09). Na ocasião, os responsáveis pela unidade de saúde alegaram falta de vagas e solicitaram uma ambulância para encaminhar a gestante para o Hospital Estadual Dirceu Arcoverde, em Parnaíba.
"A ambulância veio de Lagoa do São Francisco 17h e demorou quase 5 horas para chegar em Piripiri. Quando chegou era 21h30 da noite, e minha irmã foi quem acompanhou minha esposa no percurso até Parnaíba", detalhou Dijovana Oliveira.
Ao chegarem no hospital estadual em Parnaíba, a gestante Maria Erlane foi informada pelo médico plantonista que faltariam ainda 6 dias para o parto. Em seguida, ela foi orientada a retornar ao hospital somente quando sentisse dores. Desse modo, elas retornaram ao Hospital de Piripiri, mas por falta de funcionários, Maria não foi atendida e retornou à Lagoa de São Francisco.
Violência Obstétrica
Com a chegada da esposa na cidade, Dijovane estranhou o retorno da esposa e a levou novamente ao Hospital de Piripiri, na sexta-feira (11), onde finalmente foi atendida. Porém, os transtornos que o casal enfrentou não cessaram, pois segundo o relato do pai, durante a tarde do mesmo dia, a equipe médica tentou a todo custo induzir Maria Erlane a ter parto normal, inclusive, administrando medicamentos para indução ao parto natural. Após a gestante não ter atingido a dilatação necessária, queixar-se de muitas dores e de que sua barriga estaria dura, a equipe médica concordou em fazer o parto cesárea, já no período na noite.
Morte da bebê Maria Alice
Dijovane Oliveira relatou que por volta de 23h de sexta-feira o parto foi realizado. "Quando eles aceitaram fazer a cesárea, foi chegando quase meia noite, foi quando eu perdi minha filha nas mãos dos médicos", lamentou Dijovane. "Eles podem ter o diploma de médico, mas faltou a atenção no trabalho e principalmente a humanidade", reclamou. "Um pai faz todos os projetos, planeja ter um filho, formar uma vida e perder uma filha assim é muito triste", desabafou.
Questinado sobre a causa que a equipe médica apontou como sendo a 'causa mortis' da bebê Maria Alice, Dijovane narrou que os médicos apontaram que a causa foi devido a bebê ter defecado ainda na barriga da mãe. "Eles alegaram que a criança tinha feito cocô na barriga dela [Maria Erlane]. Eles alegaram que ela já nasceu morta", afirmou o pai, inconsolável.
Estado de saúde da mãe
Maria Erlane Gonçalves permanece internada no Hospital Regional Chagas Rodrigues, em Piripiri, e conforme as informações repassadas pelo seu marido, ela tem previsão de alta hospitalar para segunda-feira (14).
Dijovane e os demais familiares tentarem conseguir os nomes da equipe médica responsável pelo parto de Maria Erlane, mas segundo eles, o hospital se recusou a informá-los.
Outro lado
Por meio de nota, a Maternidade João Bandeira Monte, que funciona no Hospital de Piripiri, lamentou a morte do bebê e se solidarizou com a família.
Confira a nota na íntegra:
A coordenação da Maternidade João Bandeira Monte, lamenta a fatalidade ocorrida na madrugada desse sábado, 11/03.
A paciente foi admitida na Maternidade no último dia 10, às 15:20h, onde foi feita toda avaliação do prontuário e das provas de vitalidade fetal, tendo sido realizado o acompanhamento e monitoramento dessa vitalidade por meio de cardiotocografia, se mantendo a paciente dentro de um quadro de normalidade, evoluindo para o trabalho de parto normal.
Entretanto, de forma inesperada, foi constatado pela equipe que havia sido iniciado um sofrimento fetal agudo, tendo sido indicado o parto cesárea.
O encaminhamento para o centro cirúrgico ocorreu às 23h e 15min, do dia 11. O procedimento foi realizado, o recém-nascido foi submetido a 32 minutos de reanimação neonatal e, mesmo com todos os esforços, não resistiu.
A equipe da maternidade lamenta o ocorrido, se solidariza com a família, fica inteiramente entristecida com o episódio, mas, infelizmente, tratou-se de uma fatalidade.
Importante ressaltar que a Maternidade João Bandeira Monte tem números próximos de zero de óbito fetal neonatal e, por isso, ainda mais o sentimento de frustração de todos.
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