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Teresina - Piauí

Interceptação mostra esquema envolvendo empresários e traficantes no Piauí

Paulinho Chinês, como é conhecido, é apontado como sendo o coordenador da organização criminosa.

O GP1 teve acesso a quebra de sigilo telefônico solicitado pela Polícia Federal e obtido pela Delegacia de Prevenção e Repressão ao Entorpecente (DEPRE), que mostra o envolvimento do empresário Paulo Henrique da Costa Ramos Lustosa, conhecido como “Paulinho Chinês”, com o grupo criminoso que atua no tráfico de drogas nos estados do Piauí e Maranhão. Ele é apontado como sendo o coordenador da organização criminosa.

Consta no inquérito que a quebra de sigilo foi solicitada pela Polícia Federal após a prisão em flagrante de Raimundo Nonato Rodrigues da Conceição, quando foi constatado que os 145kg de crack e cocaína apreendidos no dia 20 de março de 2022 na Avenida Maranhão dentro de um ônibus que ele conduzia pertencia a Paulinho Chinês.


Foto: ReproduçãoPaulinho Chinês e Ítalo Freire
Paulinho Chinês e Ítalo Freire

A partir da análise dos dados telefônicos, os investigadores localizaram imagens no aparelho telefônico de Paulinho Chinês iguais as que foram encontradas no relatório de extração do aparelho celular de Raimundo Nonato, além de outras imagens que fortalecem o vínculo do empresário com o entorpecente localizado no ônibus.

Despesas do ônibus foram custeadas por Paulinho Chinês

De acordo com a investigação, Paulinho Chinês tinha a função de coordenar a logística relacionada ao transporte de entorpecentes a também pela lavagem de dinheiro proveniente de tal atividade.

Além de identificar Raimundo Nonato Rodrigues da Conceição como sendo o responsável pelo transporte da droga adquirida por Paulinho Chinês, os investigadores constataram que a residência onde Raimundo Nonato residia possuía como titular da conta de energia a sogra de Paulinho Chinês.

Após a apreensão dos entorpecentes e do ônibus que Raimundo Nonato conduzia, os investigadores tiveram acesso a um aparelho celular e a diversos comprovantes e notas referentes a consertos e peças relacionadas ao ônibus conduzido por ele.

Segundo a DEPRE, os dados extraídos do celular de Raimundo Nonato demonstram que “as despesas de Raimundo Nonato foram custeadas por Paulo Henrique [Paulinho Chinês] e Lorena da Silva Lustosa [esposa de Paulinho]”.

Ônibus não tinha registro de transporte de passageiros

A investigação constatou ainda que o ônibus conduzido por Raimundo Nonato não tinha o registro de transporte de nenhum passageiro, o que, segundo o inquérito, “faz presumir que a viagem foi totalmente bancada por Paulinho Chinês com a finalidade única de transporte de entorpecentes”.

“Diante destes fatos, fica evidente a ligação entre os investigados para a realização do tráfico de drogas, uma vez que as transferências eram realizadas no período em que Raimundo Nonato estava em deslocamento para custear despesas do motorista e despesas com a manutenção do veículo”, diz o inquérito policial assinado pelo delegado Thiago Sales e Silva.

Ligação com Ítalo Freire

Outro trecho do relatório da quebra de sigilo telefônico mostra o forte vínculo entre os empresários Paulinho Chinês e Ítalo Freire Soares de Sá, que é apontado como sendo o responsável por grande parte da movimentação financeira da organização criminosa.

Em um áudio enviado por Ítalo a Paulinho Chinês é possível perceber que ambos negociam pagamento possivelmente em troca de drogas. Há ainda a suspeita de negociação com pessoas do estado do Mato Grosso e da Bolívia e Ítalo seria o responsável por operacionalizar as transferências relativas a tais negociações.

“Vou dar um jeito. Tem que botar os 100 hoje mesmo? Não dá pra colocar só 70 ou 80 agora e segunda-feira botar o restante não?... Porque eu ia ajeitar com calma, trocar 2 na farmácia e 5 num lugar. Porque pra mim ir pro banco com esse dinheiro aí acho que o banco nem recebe...”, disse Ítalo Freire em áudio.

Os investigadores também constataram a quantidade e periodicidade que Paulinho Chinês costumava receber entorpecentes. Conforme a DEPRE, em apenas dois anos, o empresário realizou a movimentação de mais de R$ 6 milhões.

Operação Mandarim

Deflagrada nas primeiras horas da manhã dessa quarta-feira (23), a Operação Mandarim teve como objetivo cumprir 13 mandados de busca e apreensão e 9 mandados de prisão preventiva contra envolvidos com o tráfico de drogas e associação para o tráfico nas cidades de Teresina e Timon.

A investigação teve início em 2018, com objetivo de desarticular a organização criminosa voltada para o tráfico de drogas, que segundo a DEPRE, era liderado por Paulo Henrique da Costa Ramos Lustosa, o “Paulinho Chinês”.

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