A Organização das Nações Unidas (ONU) entende os acidentes de trânsito como um problema de saúde pública, em razão de serem acompanhados pela elevada gama de incapacidades e índice de mortalidade. Com objetivo de identificar o perfil das vítimas de acidentes de trânsito o Hospital de Urgência de Teresina (HUT) reuniu, dia 13 de janeiro, diretores, gerentes, líderes assistenciais e representantes da Fundação Municipal da Saúde (FMS) para apresentar o perfil epidemiológico do trauma ocasionado no trânsito.
Análise do perfil das vítimas não fatais faz parte da tese de doutorado em Epidemiologia e Saúde Pública “Vida Após o Trauma no Trânsito”, da fisioterapeuta e servidora do HUT, Dra. Yatamira Aguiar.
Os resultados colhidos, no período entre novembro de 2019 a março de 2020, mostram que a prevalência de homens (85,8%) condutores de veículos (81,7%) do tipo motocicleta (88,4%) em idade produtiva, são os que mais sofrem acidentes trazendo graves consequências socioeconômicas para a sociedade, uma vez que em decorrência do acidente, interrompem suas atividades, deixam de gerar renda e ocasionam custos ao sistema de saúde com internações hospitalares e reabilitações.
“O trauma engloba diferentes pontos de cuidado da rede, desde o transporte SAMU, 49% dos pacientes pesquisados utilizaram esse transporte pré-hospitalar até atendimento pós-cirúrgico e multiprofissionais de reabilitação”, explica Yatamara.
Quanto ao tipo de lesão dos acidentados, observam-se que as vítimas apresentam padrão de politraumas, sendo os mais freqüentes: traumatismo cranioencefálico (54,8%), fraturas de ossos da face (32,8%) e fraturas da extremidade inferior (29,6%).
Sobre esse contexto, identificou-se que as principais especialidades envolvidas são ortopedia, bucomaxilo (cirurgias da face) e neurológica com tempo médio de internação em torno de 12 dias, representando cerca de 69% das cirurgias realizadas na unidade hospitalar.
Para o diretor geral do HUT, Fábio Marcos de Sousa “este conjunto de informações permite que realizemos uma série de análises, as quais oportunizam que intervenções mais assertivas no mais diferentes níveis de atenção à saúde para reduzir riscos e consequentemente preservar vidas”, destacou.
A realidade reforça a necessidade de deslocar atenção para além do hospital, visto o grande destaque para o desrespeito as leis de trânsito. A pesquisa identificou que 53,2% das vítimas disseram ter feito uso de bebida alcoólica e 69,2% não utilizavam equipamentos de segurança. Teresina está entre as capitais com proporções mais baixas de referência ao uso de capacete.
O HUT, maior unidade de assistência de alta complexidade em traumatologia de urgência e emergência do Estado, registrou 9.190 atendimentos de vítimas do trânsito em 2021, sendo a maior causa de cirurgias a um custo médio de três milhões somente em Órteses, Próteses e Materiais Especiais utilizadas no tratamento desse perfil de internação.
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