A delegada Vilma Alves, responsável pelo inquérito que investiga o advogado Jefferson Moura Costa, preso na última quarta-feira (14), acusado de estuprar uma diarista em Teresina, concedeu entrevista na manhã desta sexta-feira (16) ao GP1 e afirmou que há fortes indícios de que ele possa ter cometido o mesmo crime com outras mulheres em seu apartamento. Ao todo, cinco mulheres já denunciaram o advogado.
Vilma Alves declarou que, caso comprovadas as denúncias, o acusado deveria “mofar na cadeia para ser exemplo”. A delegada contou que está realizando todos os procedimentos necessários para encaminhar o inquérito ao judiciário, a fim de que seja mantida a prisão do advogado.
“Nós estamos investigando, fazendo nosso trabalho. A investigação bem feita é reveladora e nos leva à verdade para que a Justiça possa cumprir com o seu papel, pois é ela quem julga. Mas para isso tem que ter todo um contexto de informações reais, puras e verdadeiras. É isso que vamos buscar e colocar para que a autoridade judicial possa manter a prisão. Como eu digo sempre, o ideal seria mofar na cadeia para ser exemplo”, declarou a delegada.
Várias camisinhas usadas no apartamento
A delegada confirmou está trabalhando com a possiblidade do acusado ser um estuprador em série. Ela disse que no apartamento do acusado foram encontradas quantidades consideráveis de camisinhas usadas, que podem ter sido usadas em outros crimes, além de outras que estavam intactas.
“Eu acredito que sim [possibilidade de vários estupros], esse quarto é exemplo, com um monte de camisinha, sendo umas usadas e outras ainda lacradas. No outro [quarto] foi visto também camisinhas no colchão e no chão. Não vou dizer que aconteceu porque ainda estamos investigando, para que possamos nos certificar da realidade e do fato concreto, para assim poder dizer realmente que ele seja uma pessoa que fazia isso em série, com sequência de atos, até porque ele chamou mulheres para o apartamento dele. Há uma convicção disso, por isso estamos investigando”, relatou.
Outras denúncias
O advogado Jefferson Moura Costa é suspeito de ter feito pelo menos cinco vítimas. O GP1 conversou na noite da última quinta (15) com a delegada Vilma Alves e ela revelou que recebeu uma denúncia formal de mais uma jovem e uma outra mulher já entrou em contato. As outras duas denúncias partiram de duas jovens que entraram em contato diretamente com nossa reportagem e agora vão levar o caso à polícia.
Segundo a delegada Vilma, logo após a repercussão do caso da jovem de 27 anos, que foi estuprada enquanto fazia uma faxina na casa do advogado. Para a delegada, tudo indica que estejamos diante de um estuprador em série.
“Somos ensinadas a não denunciar”
Durante a entrevista, Vilma Alves falou também sobre a dificuldade que algumas mulheres possuem em denunciar casos de violência. Segundo ela, o problema é estrutural e começa ainda na criação diferenciada entre homens e mulheres.
“É a questão de que nós mulheres somos educadas para não denunciar, para ter medo. A mulher não foi criada com tanta liberdade como criamos os filhos homens. Então, a mulher cresce com esse pensamento de que tem que ter medo de tudo, colocou-se uma situação de que a gente não pode pensar e não pode se expressar. Além disso, o fato de ser pobre, morar em periferia, geralmente estudante, como vemos em muitos casos de estupro, faz a mulher ficar receosa, ela própria tem medo de expor a família, mas Graças a Deus o trabalho de conscientização bem feito de que ela sofreu uma violência está mudando isso”, explicou.
Entenda o caso
Jefferson Moura Costa foi preso em flagrante na madrugada desta quinta-feira (15), acusado de estuprar uma mulher que realizava uma faxina em seu apartamento localizado no bairro Fátima, zona leste de Teresina.
O advogado foi conduzido por uma equipe da Polícia Militar à Central de Flagrantes no final da tarde de ontem, após a mulher denunciar que ele a havia estuprado dentro do apartamento dele. A vítima fez o exame de corpo de delito, onde foi constatada a conjunção carnal. Assim, Jefferson Moura, que aguardava o resultado do laudo na Central de Flagrantes, foi preso por volta de 1h da madrugada.
Já na tarde de quinta (15), por volta das 13h15, o juiz Markus Calado Schultz, da Central de Inquéritos de Teresina, decretou a prisão preventiva do advogado.
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