O prefeito do município de Lagoa Alegre, Carlos Magno Fortes Machado (MDB), contratou um escritório de advocacia de Teresina por R$ 40 mil sem licitação.
A empresa Alves & Magalhães Advogados Associados, situada no bairro Jóquei, zona leste de Teresina, foi contratada por meio de inexigibilidade de licitação por R$ 40.000,00 (quarenta mil reais), sendo R$ 4.000,00 (quatro mil reais) mensais para prestação de serviços técnicos e jurídicos de assessoria e consultoria jurídica em direito público, para elaboração de pareceres referentes a assuntos de natureza jurídico-administrativa, bem como acompanhamento de procedimentos licitatórios do município de Lagoa Alegre.
Como justificativa para inexigibilidade, a Prefeitura de Lagoa Alegre utilizou como base a Lei Nº 8.666/93 (art. 25,II c/c art. 13,V) c/c Lei Nº 8.883/94.
O contrato foi assinado no dia 16 de março de 2021 e vale por 10 meses. O extrato do contrato foi publicado no Diário Oficial dos Municípios do dia 13 de abril.
Confira o extrato do contrato
Justiça pode mandar suspender contrato
Em liminar dada no dia 21 de maio, o juiz Ítalo Marcio Gurgel de Castro, da Vara Única da Comarca de São Pedro do Piauí, concedeu antecipação de tutela determinando ao Município de Agricolândia, representado pelo prefeito Ítalo Alencar, a suspensão de contratos semelhantes ao firmado pelo prefeito Carlos Magno.
O magistrado mandou suspender contratos e pagamentos às empresas Rodrigues Castelo Branco Sociedade Individual de Advocacia e Sociedade Individual de Advocacia Augusto Santos, referentes a prestação de serviços advocatícios, até o julgamento do mérito da ação civil de improbidade administrativa ajuizada pelo promotor Nielsen Silva Mendes Lima, após matéria publicada pelo GP1.
Para o Ministério Público, a contratação de serviços de assessoria jurídica via inexigibilidade de licitação é “completamente desprovida de razoabilidade, em afronta ao princípio da economicidade e violando o entendimento consagrado na ADC 45 do STF”.
TCE já suspendeu contrato
No dia 23 de abril de 2021, o Tribunal de Contas do Estado do Piauí (TCE), através do conselheiro substituto Delano Câmara, determinou a suspensão da execução do contrato nº 36/2021, semelhante ao celebrado pela Prefeitura de Lagoa Alegre, realizado pela Prefeitura de Piripiri e a empresa Gisela Freitas Sociedade Individual de Advocacia, por entender que houve irregularidade na contratação da empresa, feita por meio de inexigibilidade.
A empresa foi contratada para a prestação de serviços de assessoramento jurídico-ambiental especializado para a certificação no selo ambiental e adesão ao selo ICMS Ecológico, no valor de R$ 126.000,00 (cento e vinte e seis mil reais) e ainda tinha uma "cláusula de sucesso" caso o escritório conseguisse o selo ecológico para o município.
Na decisão, o conselheiro pontuou que a Administração até pode firmar contrato em que não pague valor nenhum, e toda a remuneração do escritório seja decorrente de honorários sucumbenciais estabelecidos em Juízo. Entretanto, se for pagar algum valor adicional a título de honorários contratuais, este tem de ser pré-definido e certo, independente do êxito ou não na demanda.
"Cabe esclarecer que a renúncia de receitas em favor de advogado contratado, uma vez que 10% (dez por cento) do proveito econômico será repassado ao contratado, equivale a uma despesa pública, inclusive por haver efetivo ingresso de recursos nos cofres municipais e posterior pagamento, sem destaque de honorários junto ao Juízo. Na prática, esse tipo de contratação faz do advogado um sócio do ente municipal", disse o conselheiro Delano Câmara na decisão.
Outro lado
Procurado na manhã desta terça-feira (15), o prefeito Carlos Magno não atendeu às ligações.
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