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Teresina - Piauí

Anamelka Cadena repudia artigo de professor veiculado em jornal

O texto gerou repercussão negativa em vários setores da sociedade que se manifestaram como foi o caso do Ministério Público do Estado do Piauí.

A delegada Anamelka Cadena, diretora do Departamento Estadual de Proteção à Mulher, emitiu uma nota de repúdio às declarações do professor José Maria Vasconcelos, autor do artigo intitulado “O pudor da mulher atrai o respeito do homem”, publicado em um jornal impresso da Capital.

O texto gerou repercussão negativa em vários setores da sociedade que se manifestaram como foi o caso do Ministério Público do Estado do Piauí. Para a delegada Anamelka Cadena, “o texto apresenta a performance de um discurso de ódio que fomenta ainda mais a violência em nosso Estado que é permeado de casos com práticas diárias de violência contra a mulher que muitas vezes culminam em feminicídio”.


  • Foto: Lucas Dias/GP1Delegada AnamelkaDelegada Anamelka

Por fim, ela afirmou que “tais discursos não podem mais serem aceitos e encarados como “naturais”, pois maximizam as diferenças e exuberam a violência travestida no ódio”.

Confira a nota na íntegra:

NOTA DE REPÚDIO

O Departamento Estadual de Proteção à Mulher do Piauí vêm a público repudiar o artigo publicado no jornal impresso "Diário do Povo" de hoje, dia 25/01/2019, intitulado, em tempo que solicitamos a respectiva retratação por parte do autor do artigo, José Maria Vasconcelos, pelas declarações demasiadamente sexista, intolerantes e preconceituosas veiculadas na edição supramencionada.

Dado que o texto apresenta a performance de um discurso de ódio que fomenta ainda mais a violência em nosso Estado que é permeado de casos com práticas diárias de violência contra a mulher que muitas vezes culminam em feminicídio.

E, um discurso como tal, que se pauta nessas bases repercute de forma danosa à população, fortificando velhos paradigmas sociais que deveriam ser desconstruídos.

A idealização de uma mulher sublime, perfeita e a exigência de que ela se adeque a determinados padrões físicos e comportamentais são resquícios do famigerado machismo que robustece a violência de gênero tão odiosamente combatida pela sociedade civil e instituições formalmente constituídas.

Apesar dos inúmeros avanços, principalmente no que tange aos alcances legislativos de proteção a mulher e nas políticas públicas desenvolvidas com o escopo de tanger a violência, é lamentável nos deparamos com um conteúdo de uma matéria veiculada em um meio de comunicação, portanto formador de opiniões, eivado de conservadorismo e preconceito, incompatível com o mundo tão desenvolvido no qual nos inserimos e queremos fortalecer.

O machismo naturalmente pode ser identificado como uma violência contra a mulher, pois se destaca pela diferenciação extrema dos direitos e deveres entre homens e mulheres, arrebatando ao preconceito e a? violência mais latentes, golpeando a liberdade feminina de se expressar e se portar de forma livre e sem ser importunada, sem riscos ou comprometimento em face de sua integridade física, moral, psicológica, sem risco a sua VIDA.

Tais discursos não podem mais serem aceitos e encarados como “naturais”, pois maximizam as diferenças e exuberam a violência travestida no ódio. E, nós, como mulheres e detentoras de prerrogativas dadas pelo Estado Democrático de Direito continuaremos vigilantes, além de buscar consolidar e robustecer as políticas públicas de enfrentamento à violência contra mulher em nosso Estado.

ANAMELKA ALBUQUERQUE CADENA

DIRETORA DO DEPARTAMENTO ESTADUAL DE PROTEÇÃO À MULHER

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