Durante a força-tarefa envolvendo o Ministério Público do Trabalho no Piauí (MPT-PI), o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a Agência Nacional de Petróleo (ANP) que desarticulou, na manhã desta quarta-feira (23), uma quadrilha que adulterava combustível, o MPT descobriu que havia trabalhadores em condições degradantes no Piauí e no Maranhão. A ação faz parte da Operação Estanque.
- Foto: Divulgação/PRFMandado de busca e apreensão na JN Transportadora
As denúncias encaminhadas ao GAECO envolvem desrespeito às leis trabalhistas, uso de drogas para inibir o sono, transporte irregular e adulteração de combustível. “Foram encontrados empregados com jornadas exaustivas, usando drogas (arrebites) para se manterem acordados e trabalharem por mais tempo, para que pudessem tirar mais combustível e aumentar o lucro. Além disso, os alojamentos têm condições terríveis, impróprias para acomodação de trabalhadores”, explicou o procurador do Trabalho Edno Moura.
- Foto: Lucas Dias/GP1procurador Edno Moura
Em áudios divulgados pela força-tarefa, um dos motoristas relatou que o salário recebido era cerca de R$ 1 mil a menos do que constava em seu contracheque e justificava o furto do combustível como forma de compensar o salário não recebido integralmente. A força-tarefa concluiu que se trata de uma associação criminosa, que furta e comete vários crimes contra a ordem econômica, tributária, trabalhista e ambiental.
Após oito meses de investigação, foi constatado que a adulteração acontecia em várias etapas, com combustíveis provenientes de São Luís, no Maranhão, sendo receptado em diversas cidades por postos e clientes fixos, os “bandeirados”.
- Foto: Divulgação/PRFOperação Estanque em transportadoras no Dirceu
O coordenador da Gaeco, Rômulo Cordão, revelou como eles agiam. “Essa rede criminosa já vem atuando há algum tempo, subtraindo e adulterando combustíveis. Os empresários sabiam do roubo e chegavam a fomentá-lo. Parte dos salários era paga em combustível e os trabalhadores relataram que os empregadores sugeriam que eles adulterassem e revendessem sua parte. Esse combustível chegava a ser vendido pela metade do preço de mercado”, relatou.
Segundo o superintendente estadual da PRF, Welendal Tenório, a Operação Estanque expediu 24 mandados de busca e apreensão e 23 de prisões nos municípios piauienses de Teresina, Capitão de Campos e Timon e Peritoró, no Maranhão. Até o momento, 19 pessoas já foram presas e quase 34 mil litros de combustível foram apreendidos.
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