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Teresina - Piauí

Dom Jacinto Brito critica sistema carcerário e intervenção no RJ

Dom Jacinto afirmou que o próprio secretário estadual de justiça reconhece que o sistema penitenciário não funciona.

Durante a solenidade da Celebração da Paixão do Senhor, na Catedral de Nossa Senhora das Dores, na tarde desta sexta-feira (30), o Arcebispo de Teresina, Dom Jacinto Brito, fez diversas críticas sobre o sistema carcerário, tanto a nível estadual quanto nacional.

Em entrevista ao GP1, Dom Jacinto explicou que o encarceramento possui dois objetivos: o de proteger a sociedade e reeducar os detentos. Entretanto, apenas um é cumprido e que as próprias autoridades reconhecem o fracasso do sistema.


“O encarceramento é uma medida que a sociedade toma para se proteger e reeducar o preso. O problema é que estamos fazendo apenas uma parte disso. O detento não é reeducado. Os agentes penitenciários, os juízes e o próprio secretário de justiça reconhecem que do modo como o sistema carcerário está, os presidiários não conseguem ser reeducados. Veja que o espaço que nós temos na capital para 40 mulheres, estamos com 110. O espaço que temos para 150 homens, temos quase 500. Então é difícil reeducar quando as pessoas já estão em uma situação desumana de vida”, comentou.

  • Foto: Marcelo Cardoso/GP1Dom Jacinto BritoDom Jacinto Brito

O Arcebispo também contou sobre uma conversa que teve com a presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, sobre o assunto. “Eu tive com a ministra Cármen Lúcia, em Brasília, e conversamos sobre a violência que se alastra pelo país. Ela disse que também não acredita no sistema carcerário. Para a presidente do STF, o Brasil necessita buscar outras formas para reeducar os presidiários. Não temos como, da forma como está, elevar a dignidade dessas pessoas e ajudá-las a recompor a sua vida”, revelou.

Dom Jacinto também se posicionou sobre a intervenção federal no estado do Rio de Janeiro. Para ele, somente a ação militar não irá resolver o problema. “É uma atitude que ainda não é possível ver o resultado. Dificilmente, só a ação militar vai resolver. Nós sabemos que o problema foi gerado por conta da corrupção. O esvaziamento dos cofres públicos, o descaso com a saúde e a educação levou o RJ ao caos. A Polícia Militar pode, talvez, conter alguns excessos de violência, mas mudar a situação por completo só deve ocorrer através de ações políticas e educativas”, finalizou.

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