Durante palestra no I Simpósio de Inteligência Institucional do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PI), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, assumiu que “o sistema é favorável, manso com os ricos e duro com os pobres”.
Apesar de entender que o país está vivendo um “colapso fiscal”, ele acredita que o Judiciário vem fazendo seu papel e parou de esconder a “sujeira para baixo do tapete”. Barroso disse que o problema não é culpa apenas de um governo, mas sim um problema cultural. “A verdade é que nós paramos de varrer a sujeira para baixo do tapete. E agora, nós somos um país que tem se disposto a enfrentar esse problema que não começou ontem, que não é de um governo e que, talvez, venha desde sempre, que é esta cultura de apropriação privada do que é público, que é o que nós precisamos transformar”, afirmou o ministro.
Caminho certo
O membro do STF acredita que mesmo devagar, o Judiciário anda no caminho certo. “Apesar de nós vivermos uma crise política, uma crise econômica e uma crise ética, eu acho que nós estamos andando na direção certa. Às vezes me aflijo porque não é na velocidade desejada, mas a direção certa é mais importante que a velocidade”, afirmou o ministro.
Corrupção
O ministro não culpa um governo ou um partido político pelos escândalos de corrupção protagonizados no país nos últimos anos. Barroso elencou causas para o problema, que assola o Brasil. “Nós estamos vivendo um colapso fiscal e uma contingência de termos que reduzir o tamanho desse estado, que ficou grande demais. Uma segunda causa, eu penso, desse nível de corrupção que chegamos no Brasil, diz respeito ao sistema político. A terceira causa que identifico é a impunidade”, afirmou o ministro.
Poderosos favorecidos
Ainda segundo ele, o sistema penal e processual penal colabora para manter os poderosos imunes, mas o Judiciário vem tentando “derrotar essa cultura”. “É muito mais fácil prender um menino com 100 gramas de maconha do que prender um empresário corrupto que tenha desviado 20 milhões de reais. O menino vai preso desde antes da sentença de primeiro grau”, disse o membro da Suprema Corte. “Como é difícil derrotar essa cultura, mesmo no judiciário. Acho que aos poucos nós iremos avançar, mas é preciso que a sociedade tenha consciência disso”, finalizou.
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