Cinara Taumaturgo
Brunno Suênio
Representantes dos diretórios estudantis da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e da Universidade Estadual do Piauí (UESPI) realizaram uma manifestação contra o aumento da passagem de ônibus na manhã desta quinta-feira (27), em frente à sede da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito de Teresina – Strans, onde ocorreu também uma reunião do Conselho Municipal de Transporte Coletivo de Teresina, com o objetivo de fechar a proposta de reajuste da tarifa de ônibus para o ano de 2019.
O novo valor levado à mesa de negociação foi de R$ 4,02, o que representa 11,67% de aumento. Já o valor da meia passagem passaria de R$ 1,15 para R$ 1,28, o que não agradou aos estudantes e trabalhadores, conforme relatou a estudante Maria Antônia Vieira, representante do DCE da UESPI, ao GP1.
“A nossa vinda hoje aqui foi justamente para fazer essa reclamação desse aumento abuso da tarifa, aumento de R$ 4,02, que a gente acha completamente desnecessário e sem fundamentação nenhuma, porque a gente sabe que o transporte que está aí é um transporte de péssima qualidade, ônibus velhos, superlotados, as paradas não têm segurança, as vias que eles fizeram estão afundando. Então, a gente não vê um motivo real para o aumento dessa tarifa, sem falar do bolso do usuário. Por exemplo, o salário mínimo não aumentou tanto assim para ter esse aumento da tarifa de ônibus. Nossos pais, eles não vão pagar apenas essa tarifa de R$ 4,02 , eles vão pagar também a nossa, que vai ser de R$ 1,28. Então é um absurdo a gente ter que pagar mais de R$ 8,00 por dia para se locomover em uma cidade, que é tão pequena como Teresina”, reclamou.
O vice-presidente do Sindicato dos Motoristas por Aplicativos do Estado do Piauí, Felipe Damasceno, também participou do ato em apoio aos estudantes, uma vez que não concordam com as ações da Strans para o transporte de passageiros na Capital.
“Nós viemos dar um apoio para o pessoal do DCE da UFPI, porque eles se solidarizaram com a nossa causa na época que a gente estava na militância contra o projeto de lei, que é a PL 180/2018. Então a gente está dando esse apoio, porque a gente é motorista de aplicativo, mas ao mesmo tempo a gente é usuário do transporte público. E da forma que está hoje está claro que se juntar quatro pessoas para pegar um Uber está mais barato do que pegar um ônibus. Com essa tentativa de ele [prefeito] limitar a quantidade de motoristas para obrigar a nossa tarifa a subir e subir junto a tarifa de ônibus fica complicado de a gente operar na cidade”, pontuou.
SINDSERM
O presidente do Sindserm, Sinésio Soares, criticou o prefeito Firmino Filho e o acusou de trabalhar contra a população teresinense, beneficiando os empresários do Setut com a aprovação da lei que limita os aplicativos de mobilidade na Capital e ainda reajustando o valor da tarifa de ônibus.
“O que nós temos observado é que o prefeito está desferindo uma série de ataques contra a classe trabalhadora e contra a população de Teresina, não só no tocante ao direito de ir e vir, mas também em relação à moradia e etc. Nesse caso específico, ele fez uma manobra que funcionou da seguinte maneira: ele aprovou uma lei inédita no país, reduzindo o número de motoristas por aplicativo, fazendo com que em 2019 essa lei, sendo colocada em vigor, o preço das corridas de Uber, 99, aumentem consideravelmente, porque justamente esse tipo de transporte estava retirando uma parte considerável dos passageiros que enriquece a cada dia o Setut. Na verdade, o prefeito fez isso para beneficiar os grandes empresários, tentando forçar esse público, que já tinha visto os motoristas por aplicativo como uma saída para as péssimas condições do transporte coletivo, retornasse à força para as latas de sardinha, para a frota sucateada do Setut”, criticou.
O que diz a Strans
Em entrevista ao GP1, o gerente de planejamento da Strans, Denilson Guerra, informou que o cálculo, que resultou no valor de R$ 4,02 levou em consideração vários parâmetros, dentre eles, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA).
“É importante que a gente entenda que todo cálculo realizado para o valor apresentado é baseado no edital de concorrência, no contrato que foi licitado em 2014. Três parâmetros básicos são utilizados: um deles é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor, que é fornecido pelo IBGE, no período dos últimos 12 meses, de dezembro de 2017 a novembro de 2018. Nós temos o Índice de Preços dos Veículos, que é um indicador que consta em uma revista emitida pela Fundação Getúlio Vargas, um dado oficial, tem disponível na internet, inclusive. E o terceiro indicador é o Índice de Preços do Combustível, no caso o diesel, que nós encontramos disponível no site da Agência Nacional de Petróleo (ANP). Então, com esses três indicadores, a gente faz uma conta paramétrica, que existe no edital e que o usuário pode ter acesso e verificar como é feita essa conta e a gente encontra um percentual de reajuste que a gente utiliza no cálculo para nivelar o valor da arrecadação. Com o valor da remuneração, chegou-se então ao valor de 11,67%, que dá um reajuste de 42 centavos no valor da atual tarifa, que é de R$ 3,60. Esse valor ainda vai para a sanção do prefeito e se o prefeito entender que existe uma capacidade de fazer outra forma, ele pode até inclusive não dá o reajuste, mas essa é uma decisão que cabe ao prefeito”, explicou.
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