A juíza de direito Maria Zilnar Coutinho Leal, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, marcou para o dia 23 de fevereiro, às 8h30, audiência de instrução e julgamento do capitão da Polícia Militar do Piauí Alisson Wattson da Silva Nascimento, assassino confesso da namorada, a estudante Camilla Abreu.
A magistrada ainda negou, nesta quinta-feira (25), o novo pedido de liberdade ajuizado pela defesa do militar. Para a juíza a revogação da prisão “é incabível, pois encontram-se presentes os motivos autorizadores da custódia cautelar, como garantia da ordem pública, segurança da colheita da boa prova durante a instrução e ainda como medida necessária à instrução criminal”.
- Foto: Instagram/Allisson WattsonAllisson Wattson
Ravenna de Castro, advogada da família de Camilla, explicou que ao final da audiência a juíza vai decidir se Allisson vai ser julgado pelo Tribunal Popular do Júri: “Vão ser ouvidas as testemunhas, e o acusado, toda matéria de instrução, de coleta de depoimentos, de provas, é feita nessa audiência, e a juíza vai dizer se ele vai ser submetido ao Júri Popular ou não”, afirmou.
“Estamos recebendo a adesão de várias entidades, de movimentos sociais relacionados à defesa dos direitos da mulher, defesa dos direitos do LGBT, todos estão declarando apoio à causa contra o feminicídio, mais especificamente no caso da Camilla, promete ser um julgamento muito movimentado, com protestos na porta do tribunal e muita gente na plateia do tribunal do Júri”, enfatizou a advogada.
A advogada disse ainda que espera a pronúncia de Alisson e que, posteriormente, ele seja condenado: “A gente está esperando que a juíza o pronuncie, ou seja, o submeta ao julgamento pelo Tribunal do Júri, pelos três crimes. A gente quer que ele pegue 30 anos, menos disso vamos recorrer”, garantiu.
Relembre o caso
A estudante de direito, Camilla Abreu, desapareceu no dia 26 de outubro. Ela foi vista pela última vez em um bar no bairro Morada do Sol, na zona leste de Teresina, acompanhada do namorado e capitão da PM, Allisson Wattson. Após o desaparecimento, o capitão ficou incomunicável durante dois dias, retornando apenas na sexta-feira (27) e afirmou não saber do paradeiro da jovem.
A Delegacia de Homicídios, coordenada pelo delegado Barêtta, assumiu as investigações. O capitão foi visto em um posto de lavagem às margens do Rio Parnaíba, a fim de lavar seu carro sujo de sangue. Allisson disse ao lavador de carros que o sangue era decorrente de pessoas acidentadas que ele havia socorrido.
- Foto: FacebookAllisson e Camilla Abreu
Na tentativa de ocultar as provas do crime, o capitão trocou o estofado do veículo e tentou vendê-lo na cidade de Campo Maior, mas não conseguiu pelo forte cheiro de sangue que permanecia no carro.
Durante investigação, a polícia quis periciar o carro, mas Allisson disse ter vendido o veículo e não lembrava para quem. No dia 31 de outubro, o delegado Francisco Costa, o Barêtta, confirmou a morte da jovem. Já na parte da tarde, Allisson foi preso e indicou onde estava o corpo da estudante.
Na manhã de 1º de novembro, o corpo da estudante foi enterrado sob forte comoção no cemitério São Judas Tadeu.
Em dezembro, a juíza Maria Zilnar recebeu denúncia do Ministério Público do Estado do Piauí oferecida contra o militar pelos crimes de feminicídio qualificado por motivo fútil (intenso ciúme da vítima) e recurso que impossibilitou a defesa da ofendida, ocultação de cadáver e fraude processual.
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