Um advogado piauiense, identificado como Lívio Pedreira, denunciou ao GP1 que nessa última quinta-feira (23), por volta das 23h30, sofreu abuso de autoridade por policiais de uma guarnição do Grupo de Operações Especiais (GOE) da Polícia Militar do Maranhão. O caso ocorreu em um barzinho, localizado na Avenida Piauí, na cidade de Timon.
Durante entrevista ao GP1, o advogado relatou que foi intimidado e humilhado por policiais por algo que ele não fez. “Eu estava sentado em um restaurante, em Timon, como a gente faz toda quinta-feira quando termina o jogo de futebol que a gente tem aqui. Quando uma guarnição da polícia vem na contramão, aquele pessoal nas motos, eram três. Passaram na contramão e um ficou me encarando, eu pensei que ele fosse um amigo meu de infância que é tenente. ‘Aí’ eu [...], não, deve ser o tenente Ribeiro. Quando eu fui cumprimentar, ele saiu balbuciando alguma coisa que não deu pra eu entender. Então, eu percebi que tinha algo errado, logo em seguida puxei minha carteira, e tirei minha funcional, minha carteirinha da OAB. Caso eles retornassem, me apresentaria. Foi quando eles retornaram, depois de 10 minutos e já passaram me olhando e um falou alguma coisa que não deu para identificar. E eu perguntei: ‘O que foi?!’, para esclarecer alguma coisa que eles pudessem estar em mente, não sei, que eu fosse bandido. Eu queria até crer que não fosse por conta da minha cor, porque eu sou negro. Quando eles desceram das motos, eu puxei a carteira e mostrei para eles e disse: ‘sou advogado, meu amigo. Aconteceu algum problema?’, em um tom normal. E ele disse que: ‘Aconteceu sim, um civil passou pela gente e disse que você xingou a gente de filho da ...’. E eu disse que não xinguei ninguém, até porque minha família é toda de militar, nunca tive esse costume”, disse o advogado.
Além disso, Lívio Pedreira relatou que foi revistado de forma discriminatória, pois somente ele foi revistado no estabelecimento. Na mesa em que ele estava havia outra pessoa. “Eu sou muito calmo, falei com eles em um tom normal, mas eles gritaram, querendo impor, intimidar e fui humilhado”, contou o advogado.
O advogado disse que irá fazer todo o procedimento legal para que sejam tomadas as medidas necessárias contra os policiais. “Eu e a comissão prorrogativa dos advogados iremos até o quartel, conversaremos com o comandante para abrir um processo administrativo contra essa guarnição que estava de serviço, claro, caracterizando a conduta de cada um e, posteriormente, iremos na delegacia registrar o Boletim de Ocorrência. Entrarei com uma ação civil contra o Estado, pelo despreparo de seus agentes e uma ação criminal contra essa guarnição, fora um procedimento administrativo”, falou.
Outro lado
O GP1 procurou o comandante do 11° Batalhão, tenente-coronel Jairo Xavier, e ele informou que ainda não está sabendo, de forma formal, sobre o fato. “Eu não tenho como expressar nenhuma informação, até porque eu não recebi oficialmente nada a respeito. Tudo está no meio do disse me disse, do que possivelmente tenha sido noticiado em um blog, que não é fonte oficial de informação. Os órgãos constituídos trabalham mediante as suas informações oficiais. Então, temos aí: representação, queixa, boletim de ocorrência, comparecimento de vítima e, até o presente momento, eu não tive nenhuma notificação oficial acerca do que poderia ter ocorrido, então, por isso, eu não serei leviano em informar nenhum juízo de valor antes de ter elementos de convicção. Se o fato aconteceu, logicamente, o comando está aberto para receber as partes envolvias, que seja, a suspeita vítima e depois os supostos infratores para que possamos fazer uma apuração equilibrada e formar um juízo de valor acerca do fato. Antes disso, eu não vou emitir nenhuma opinião porque seria leviano. Iremos aguardar, tão logo eu seja procurado eu vou instaurar o procedimento competente e, após concluído, dentro do prazo previsto, as informações serão tornadas públicas, se assim for do interesse”, finalizou.
- Foto: Brunno Suênio/GP1Tenente-coronel Jairo Xavier
Toda ação narrada pelo advogado foi registrada através de gravações feitas em um aprelho celular, de uma terceira pessoa, que se encontrava no local, no instante do ocorrido.
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