Aconteceu, na noite desta quarta-feira (31), na avenida Frei Serafim, em frente ao supermercado Bompreço, um ato público contra a morte da estudante Camilla Abreu pelo namorado e capitão da Polícia Militar Allisson Wattson.
A professora de graduação em Serviço Social e do mestrado em Sociologia da UFPI, Francineide Pires, participou da manifestação e falou da importância do ato: “A minha temática é essa, gênero, violência contra as mulheres e eu suspendi a aula [de hoje] e convidei os alunos porque a parte de reação da sociedade à violência contra as mulheres está muito fraca. Nós precisamos entender que a presença física nos movimentos é extremamente necessária porque nós temos observado uma tendência secular de avaliar o comportamento da vítima morta, como se ela tivesse corrido atrás de ser assassinada, enquanto o agressor, o assassino, encontra inúmeras justificativas. Por isso estou aqui com meus alunos”, explicou.
- Foto: Marcelo Cardoso/GP1 Ato de Mulheres pela morte de Camilla Abreu
Werick, que é estudante do mestrado em Sociologia da UFPI, disse que os homens devem atuar também nas causas em favor das mulheres: “A importância dos homens atuarem é que, uma vez que as relações sociais são estabelecidas entre os gêneros, o homem tem qeu atuar também a partir de um novo modelo de masculinidade, um modelo em que as mulheres sejam respeitadas e esse respeito perpassa pela própria formação do homem, na medida em que nós nos relacionamos em sociedade”, afirmou.
“A importância dos homens se declararem feministas e atuarem verdadeiramente enquanto feministas implica em novas tomadas de posições, novas formas de pensamento, em uma desconstrução desses valores patriarcais, misóginos, sexistas, homofóbicos, lesbofóbicos, transfóbicos que legitimam uma série de desigualdades sociais que nós temos, que são desigualdades que inferiorizam a mulher, colocam a mulher numa situação de subalternidade, então a atuação do homem é importantíssima nesse sentido, para fortalecer a luta contra essas violências e também toda a estrutura de desigualdade entre homens e mulheres”, relatou.
A major Elizete, que faz parte da comunicação da Polícia Militar, também esteve presente na manifestação: “Estou nesta manifestação a convite de outras mulheres que foram as organizadoras, porque como mulher, como mãe de uma menina moça que está começando agora a se relacionar, qualquer uma de nós pode vir a ser vítima, ou alguma parenta nossa, e para que isso não aconteça mais a gente resolveu se manifestar, e também para que sejam adotas as medidas cabíveis”, declarou.
“Como policial militar, é bem simbólica a minha participação aqui, porque significa que a nossa polícia não coaduna com qualquer tipo de atitude criminosa”, garantiu.
A major explicou também que somente o Tribunal de Justiça pode decidir pela perda da patente do capitão Allisson Wattson: “Para efeito de conhecimento, de esclarecimento, muita gente está exigindo da polícia que o oficial seja expulso da corporação, quando na verdade a competência legal para a perda de patente é do Tribunal de Justiça, a PM até faz o procedimento e até opina, mas quem decide é o TJ”, esclareceu.
Ver todos os comentários | 0 |