O ano de 2017 mal começou e já chegou fazendo história em algumas cidades do Piauí e Maranhão, em especial Teresina e São Luís. Isso porque foi sentido na manhã desta terça-feira (03) um tremor de terra que durou cerca de 5 segundos. Segundo o Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP), o abalo sísmico foi de magnitude 4.6 mR. O epicentro foi na cidade de Belágua-MA, que fica a 238,6 quilômetros de Teresina.
Segundo o geólogo Sidney Barros, do Serviço de Geologia do Brasil (CPRM), órgão ligado ao Ministério de Minas e Energia do Governo Federal, isso não é surpresa para os estudiosos, pois a região Nordeste tem um sistema de falhas muito grande. Ele afirmou que o tremor foi causado provavelmente pelo sistema de falhas que existe em algumas regiões do Piauí e do Maranhão. "Já temos informações que o mesmo tremor aconteceu não só aqui, mas em algumas cidades do Maranhão indo até São Luís", afirmou.
“Era de se esperar [o tremor], para nós geólogos não é surpresa, porque estamos em cima de um sistema de falhas, Teresina está em cima desses afundamentos, o Rio Poty todo passa por essa falha. Esse tremor em princípio deve estar ligado a esse sistema de falhas da própria geologia de Teresina, que vem lá desde Picos (PI), passando por Santa Inês (MA), Sobral (CE), indo até São Luís (MA)”, afirmou. Sidney Barros contou que em Teresina já existe um grupo de estudo sobre afundamentos e sistema de falhas.
Sidney Barros explicou que o tremor também sentido em Timon (MA), Miguel Alves (PI) e região de Picos (PI) teve causas naturais. “Os blocos se movimentam naturalmente por atividades vulcânicas ou pelas próprias placas tectônicas, se movimentam procurando uma estabilidade. Existem blocos naturais se movimentando lá embaixo, procurando uma estabilidade e essa estabilização já pode ter acontecido ou não”, esclareceu.
Questionado se isso pode acontecer novamente, o geólogo afirmou que existe essa probabilidade. “As chances de acontecer novamente sempre existem, porque estamos em cima de falhas e as placas estão se movimentando. Se isso vai acontecer novamente, ninguém pode afirmar, mas é provável. Se isso acontecer novamente, pode haver problemas mais sérios, mas no Brasil a gente não tem problemas tão sérios quanto a isso, ligados a falhas, são situações muito localizadas. A gente está sob uma placa mais ou menos estável, sob um sistema de falhas que pode ser reativado, e nesse processo de estabilização, pode ocorrer danos”, complementou.
Sobre o fato de apenas algumas pessoas terem sentido, principalmente aquelas que estavam nas áreas mais altas, Sidney Barros esclareceu que isso é variável “depende da sensibilidade, da posição em que a pessoa está e a medida que você está mais distante, mais se sente, porque ele começa de baixo para cima e vai movimentar mais em cima, então vai sentir mais quem está na parte superior, do que quem está na parte inferior”, frisou.
Semar se manifesta
A Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMAR) foi um dos prédios de Teresina que teve tremor. O secretário do Meio Ambiente Ziza Carvalho estava no prédio no momento do ocorrido.
"Eu estou também surpreso, eu estava no gabinete da Semar e o tremor ocorreu também lá, bastante forte, todos os servidores desceram, o prédio da Semar e do Interpi [...] os servidores da Semar, por exemplo, eu já dispensei, para não voltar ao prédio, porque o prédio é bastante antigo, da década de 70, era a sede do Banco do Estado", contou.
Populares relatam que sentiram o tremor
No Centro de Teresina, as pessoas que estavam nos prédios do Ministério Público do Trabalho (MPT), nos Correios, no Instituto de Terras do Piauí (Interpi) e nas secretarias estaduais, ficaram assustadas, saíram desses locais e foram para as áreas externas dos prédios.
Uma moradora do residencial Novo Milênio, na zona sudeste de Teresina também sentiu o tremor. "Eu estava só, senti como se a casa fosse cair", disse a senhora Rita Lindalva.
“A gente estava aqui sentado, ‘aí’ a mesa começou a balançar aqui do nada. Um monte de gente está aqui dizendo que sentiu também, mas foi uns cinco segundos. Eu pensei que o cara estava mexendo na mesa. Depois vi nos grupos de WhatsApp e o pessoal da outra sala da empresa sentiu também. Quem estava no térreo não sentiu”, disse Christian Araújo, que no momento estava em um prédio da Solnascente, na avenida João XXIII.
Gonçalo Manoel da Silva, que trabalha em frente ao Palácio de Karnak, falou ao GP1 sobre o momento do tremor.
Cidade de Miguel Alves
Em entrevista ao GP1, Thiago André, que é morador da cidade de Miguel Alves, afirmou que sentiu o tremor no município por volta de 9h da manhã. “Eu estava dormindo era entre 9h e 10h da manhã. Acordei assustado com a cama tremendo, não de forma grosseira, mas o suficiente para me despertar. Olhei para baixo da cama pensando que fosse o gato de estimação se coçando ou algo do tipo, mas não era nada. Aí meu padrasto ligou do centro da cidade relatando que havia tremido, inclusive, que no fórum da cidade caiu alguns objetos e há relatos de algumas casas que também tiveram objetos movidos. Então entrei nas redes sociais e vi o que de fato havia ocorrido”, relatou.
Últimos terremotos registrados pelo Centro de Sismologia da USP
- Foto: Divulgação/Centro de Sismologia da USPÚltimos terremotos registrados de acordo com o Centro de Sismologia da USP
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