O Diretório Central Estudantil (DCE) da UFPI emitiu nota, nesta sexta-feira (09), sobre a manifestação organizada na última quarta-feira (07), em frente ao departamento de Filosofia, no campus Ministro Petrônio Portela, em Teresina. Onde o professor substituto Ramon Lima ficou trancado por cerca de três horas, até a intervenção da Polícia Federal. O texto afirma que o docente “se utiliza da liberdade de cátedra para humilhar e assediar moralmente estudantes”.
A nota divulgada explica que o motivo da manifestação foi uma publicação feita pelo professor em que ele se refere às mulheres que participam da ocupação como “put...”. O DCE considerou que “o professor, publicamente, ultrapassou qualquer limite de educação e respeito para com a comunidade acadêmica”.
- Foto: Facebook/Ramon LimaPublicação teria motivado a manifestação dos estudantes
De acordo com o Diretório, a manifestação tomou grande proporção porque mais alunos se aglutinaram no local. “Eram mais de 100 estudantes que sabiam de relatos, passaram pelo assédio do professor e discordavam da postagem ofensiva contra mulheres da ocupação, sem qualquer intenção de provocar violência”, diz a nota.
Confira a nota na íntegra:
O Diretório Central de Estudantes da UFPI vem a público se posicionar sobre o acontecimento do dia 7 de Dezembro na Praça de Filosofia, um protesto contra o docente substituto Ramon Lima, vinculado ao Departamento de Filosofia da UFPI. Este professor se utiliza da liberdade de cátedra para humilhar e assediar moralmente estudantes. A humilhação cometida por Ramon tem como alvo principal mulheres, pessoas negras e cotistas, com frases do tipo “cotistas são burros” e, em caso de dúvidas e participações na aula, “você é burra” ou “você é incompetente”. A matéria que o professor leciona é Metodologia Científica, de extrema importância para a produção acadêmica. No entanto, o que estudantes presenciaram e sofreram, desde o período que Ramon começou a trabalhar na UFPI, foi assédio moral e abuso de poder.
Entendemos o posicionamento político e ideológico do professor Ramon, discordamos integralmente dele e respeitamos. Porém, o que culminou com a manifestação foi a ofensiva publicada nesta rede social, em que o docente chama as mulheres que estão ocupando o Centro de Ciências da Educação contra a PEC 55/2016 – PEC do congelamento de investimentos sociais – de “putas” (http://migre.me/vGYuy). Acreditamos que neste momento o professor, publicamente, ultrapassou qualquer limite de educação e respeito para com a comunidade acadêmica. Acreditamos também que, embora a ofensa de Ramon através desta rede social tenha sido o estopim da manifestação, existem inúmeros relatos dessa mesma postura ofensiva em sala de aula. Se utilizando da relação hierárquica professor-aluno, o professor evitava o diálogo a todo custo em sala. Ele afirmava “feministas são ‘feminazis’”, “esquerdistas são burros” e, quando as pessoas ofendidas tentavam expressar sua opinião, eram impedidas, pois ele não concedia a palavra e continuava a aula com conteúdo, porém mais desrespeito. Isso levou inúmeras pessoas a desistirem da matéria, ainda que esta seja imprescindível para a produção científica e o desenvolvimento da Universidade.
A liberdade de cátedra deve ser exercida de maneira plena, porém com responsabilidade. No exercício de sua função como professor e servidor público federal, a conduta de Ramon está sim sujeita a controle, está sujeita a cobranças. O que houve no dia 7 de Dezembro não foi nada mais do que uma iniciativa estudantil, que cobrava do professor retratações pela sua conduta abusiva em sala de aula e pela ofensa pública. Repudiamos o corporativismo que atrasa processos administrativos disciplinares e não nos dá respostas. Repudiamos esse autoritarismo em sala de aula que não nos permite discordar do professor e iniciar um debate de ideias, um diálogo honesto. Mas repudiamos mais ainda esse maniqueísmo midiático, que coloca um professor assediador como “vítima” e nós, estudantes, como violentos. Mas o que é mesmo violência? Assédio e humilhação durante quase 2 anos contra inúmeros estudantes de diversos cursos ou um pedido massivo de retratação?
A tentativa de diálogo precisava aglutinar o maior número de estudantes possível. Levaram baterias para batucar e convidar mais estudantes a relatarem suas experiências com o professor Ramon. Apareceram vários, por isso a manifestação cresceu e havia tantas pessoas na Praça de Filosofia quarta-feira. Eram mais de 100 estudantes que sabiam de relatos, passaram pelo assédio do professor e discordavam da postagem ofensiva contra mulheres da ocupação, sem qualquer intenção de provocar violência. Vale ressaltar: nossa manifestação e nossa denúncia não são só contra o professor Ramon Lima, como também contra todo tipo de assédio moral e sexual, perseguição e abuso de poder pelo docentes desta Universidade. O DCE da UFPI apoia, se solidariza à manifestação do dia 7 de Dezembro e acompanhará todos os processos administrativos contra Ramon Lima, professor substituto da UFPI.
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