Relatório elaborado pela Diretoria de Fiscalização da Administração Municipal, do Tribunal de Contas do Estado, na Secretaria Municipal de Educação e Cultura - Semec, referente ao exercício de 2017, aponta que o empresário Venílson de Oliveira Rocha, preso pela Polícia Federal na denominada “Operação Argentum”, era funcionário da Prefeitura de Teresina, condição vedada para participar de licitação que tinha como objeto a locação de veículos tipo passeio.
O item 2.2.2 do Edital do Pregão nº 020/2013/SEMA/PMT, proibiu a participação, em qualquer fase do procedimento, de empresas cujos sócios, representantes ou responsáveis fossem funcionários, empregados ou ocupantes de cargo comissionado na Prefeitura Municipal de Teresina, o que também é vedado pela legislação.
Venilson Rocha, segundo o relatório, trabalhou na Prefeitura Municipal de Teresina nos anos de 2012 a 2014 e 2016, com lotação no Nutrans – Núcleo de Transportes da Fundação Municipal de Saúde – FMS e possuía registrado em seu nome apenas um veículo tipo motoneta, Honda/Biz 125, Placa NIA-7158, ano 2008/2008.
O empresário recebeu da Prefeitura Municipal de Teresina, através do prefeito Firmino Filho, entre os anos de 2013 a 2017 a cifra de R$ 8.101.456,76 (oito milhões, cento e um mil, quatrocentos e cinquenta e seis reais e setenta e seis centavos) referentes a locação de automóveis.
- Foto: Lucas Dias/GP1-Facebook Firmino Filho e o empresário Venilson
Somente no mês de novembro de 2017, quando o empresário permaneceu preso por quase 20 dias na Penitenciária Irmão Guido, Firmino Filho pagou R$ 257.574,75 (duzentos e cinquenta e sete mil, quinhentos e setenta e quatro reais e setenta e cinco centavos).
Firmino afirmou que contratos são regulares
Ouvido pelo GP1, em janeiro de 2018, Firmino Filho comentou, sobre os contratos firmados entre a Prefeitura de Teresina e a empresa VR Serviços - Venílson de Oliveira Rocha-ME, de propriedade do empresário do mesmo nome preso pela Polícia Federal na ‘Operação Argentum’, acusado de ter se beneficiado de licitações fraudulentas e participado de organização criminosa.
Questionado sobre as contratações, Firmino respondeu: “Você pode falar com Fernando Said, ele tem todas as informações para explicar a reportagem. Todos os contratos da prefeitura são regulares e foi pago aquilo que foi realizado, portanto, não existe nenhum tipo de irregularidade”, garantiu.
Após as denúncias do GP1 os pagamentos foram suspensos.
Empresa é de fachada segundo o MPF
A VR Serviços para o Ministério Público Federal é meramente de fachada, pois a Polícia Federal efetuou diligências para localizar a sede da empresa e foi constatado o funcionamento em outro endereço.
Segundo o MPF, “em diligências ao local, policiais federais localizaram a empresa no endereço Rua Governador Joca Pires 1969-B, Fátima, Teresina/PI, diferentemente do que consta no cadastro do CNPJ (Rua Governador Joca Pires, 1929). A empresa se trata de um posto de lavagem e não constam vínculos empregatícios no período.”
- Foto: Lucas Dias/GP1Posto de lavagem VR Serviços na Rua Governador Joca Pires, 1969
“Logo e concordando com a Polícia Federal, entende-se tratar de uma empresa de fachada”, diz o procurador Marco Aurélio Adão.
Procurador mandou, mas inquérito nunca foi instaurado
Em março de 2018, o procurador-geral de Justiça Cleandro Moura determinou a Delegacia Geral a abertura de inquérito para investigar as relações entre Firmino Filho e o empresário Venílson de Oliveira Rocha.
Estranhamente, até a presente data, o inquérito não foi instaurado e nenhuma providência foi tomada pelo Procurador para cobrar o cumprimento de sua determinação.
Com a palavra Fernando Said
Procurado na noite desta segunda-feira (21), o secretário de Comunicação da Prefeitura de Teresina, Fernando Said, informou que não existe nenhuma irregularidade na contratação: "O posicionamento já foi dado, a prefeitura não tem nenhum problema, todo o processo foi legal, tá tudo regular. A prefeitura não tem nenhuma preocupação em relação a isso, todo processo da prefeitura foi feito de forma legal, através de processo licitatório", afirmou.
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