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Economia e Negócios

Um terço da população do Brasil pretende consumir menos em 2021, diz CNI

Pesquisa da Confederação Nacional do Comércio avaliou os efeitos da pandemia e apontou ainda que 25% vão continuar poupando no ano que vem.

Com a economia ainda se recuperando dos impactos trazidos pela pandemia do novo coronavírus, um em cada três brasileiros pretende consumir menos bens e serviços em 2021. Esta é uma das conclusões da pesquisa “Retratos da Sociedade Brasileira”, feita pela Confederação Nacional do Comércio (CNI) para avaliar os efeitos econômicos, entre a população, da covid-19.

Os dados mostram que 35% dos entrevistados planejam consumir menos no próximo ano, na comparação com o verificado antes da pandemia. Outros 41% declararam que vão consumir da mesma forma.


Os números dão pistas a respeito dos impactos da pandemia sobre a disposição do brasileiro em consumir e sobre o que as famílias fizeram para enfrentar o período de dificuldades. Conforme a pesquisa, para um quarto dos entrevistados, o principal motivo para justificar o desejo de consumir menos em 2021 é que, durante a pandemia, os brasileiros conseguiram economizar e, agora, esperam continuar fazendo isso.

“Em suma, as alternativas que refletem mudança de hábitos da população (...) são a principal razão para a queda no consumo após a pandemia (somam 63% das respostas)”, registrou a CNI na pesquisa.

Os números mostram um dos impactos da pandemia sobre o orçamento do brasileiro. Na prática, muitas famílias decidiram poupar mais ou gastar menos por medo de que, com a crise, a renda diminua. Nos últimos meses, o próprio Banco Central vinha citando o fenômeno, chamado de poupança “precaucional” em seus documentos técnicos.

Os dados da caderneta de poupança – aplicação mais comum entre os brasileiros – divulgados nos últimos meses ilustram este movimento. Em fevereiro e março, antes do acirramento da pandemia, a poupança registrou saques líquidos de R$ 15,9 bilhões. De março a novembro, com a renda e o emprego já impactados pela pandemia, houve depósitos líquidos de R$ 161,6 bilhões na caderneta.

"Dos que afirmaram que conseguiram guardar mais dinheiro ou gastar menos do que antes da pandemia (32% da população), para 56% o principal motivo está associado aos riscos e incertezas trazidos pela pandemia", citou a CNI na pesquisa. Conforme a entidade, entre os motivos estão o fato de os brasileiros não saberem "quando as coisas vão voltar ao normal" e o medo de perder a renda e o emprego.

Além de elevar suas reservas em 2020, 59% dos brasileiros pretendem poupar mais em 2021, conforme a CNI. "São 28% que não guardavam dinheiro antes da pandemia, mas passarão a mguardar, 16% que já poupavam e pretendem poupar muito mais e 15% que poupavam antes da pandemia e pretendem poupar um pouco mais", registrou a confederação. "Outros 9% poupavam e pretendem poupar a mesma quantia, enquanto apenas 5% poupavam e pretendem poupar menos." Uma parcela de 28% não guardava dinheiro antes e continuará assim após a pandemia, conforme a pesquisa.

Efeito duradouro

A pesquisa da CNI cita que, durante a pandemia, houve aumento na compra de produtos de limpeza e higiene pessoal, por exemplo, e redução do consumo de roupas, bolsas, acessórios e calçados, artigos esportivos, móveis e artigos de decoração.

"A população também reduziu o consumo da maioria dos serviços pesquisados, exceto o consumo (incluindo a assinatura) de serviços de música, jogos, séries e filmes", disse a CNI. "Esses efeitos sobre os hábitos de consumo - ou seja, sobre a cesta de produtos e serviços consumidos pela população - tende a ser duradouro."

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