Uma troca de farpas entre os ministros Luís Roberto Barroso e Gilmar Mendes suspendeu a sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira (21). Na ocasião, a Corte discutia a proibição de doações ocultas durante campanha.
Gilmar Mendes já tinha feito uma série de críticas a alguns ministros e afirmou que não concordava com algumas decisões do STF, como a proibição das empresas de doarem para as campanhas eleitorais. Para defender seu ponto de vista, ele fez uma referência a uma decisão de 2016, onde foi revogada a prisão preventiva de cinco médicos e de funcionários de uma clínica de aborto. Nesse caso, o processo tinha Barroso como relator.
“Claro que continua a haver graves problemas. [...] É preciso que a gente denuncie isso! Que a gente anteveja esse tipo de manobra. Porque não se pode fazer isso com o Supremo Tribunal Federal. ‘Ah, agora, eu vou dar uma de esperto e vou conseguir a decisão do aborto, de preferência na turma com três ministros. E aí a gente faz um 2 a 1”, disse Gilmar Mendes.
- Foto: Marcelo Cardoso/GP1//Fátima Meira/Futura Press/Estadão ConteúdoMinistros Luiz Roberto Barroso e Gilmar Mendes trocam farpas
Barroso não gostou das críticas e afirmou que Gilmar Mendes não conseguia defender seu ponto de vista e por isso partia para as ofensas. “Me deixa de fora desse seu mau sentimento, você é uma pessoa horrível, uma mistura do mal com atraso e pitadas de psicopatia. Isso não tem nada a ver com o que está sendo julgado. É um absurdo vossa excelência vir aqui fazer um comício cheio de ofensas, grosserias. Vossa excelência não consegue articular um argumento, fica procurando, já ofendeu a presidente, já ofendeu o ministro Fux, agora chegou a mim. A vida para vossa excelência é ofender as pessoas, não tem nenhuma ideia, nenhuma, nenhuma, só ofende as pessoas", declarou Barroso durante a sessão, transmitida ao vivo pela TV Justiça”, disse.
Ele ainda disse que Gilmar envergonhava o Supremo. “Qual é a sua ideia? Qual a sua proposta? Nenhuma. É ódio, mau sentimento. É uma coisa horrível. Vossa excelência nos envergonha. É uma desonra para o tribunal. Uma desonra para todos nós. Um temperamento agressivo, grosseiro, rude. Vossa excelência sozinho desmoraliza o tribunal. É muito ruim e penoso para todos nós ter que conviver com vossa excelência. Está sempre atrás de um interesse que não é o da justiça”, criticou Barroso.
Cármen Lúcia pediu para que a sessão fosse suspensa, mas Gilmar rebateu as críticas e acusou o ministro Luís Roberto Barroso de ter um escritório de advocacia, o que é terminantemente proibido para membros da Corte. “Presidente, por favor. Estou com a palavra. Continuo com a palavra. Presidente, eu vou recomendar ao ministro Barroso que feche seu escritório. Feche seu escritório de advocacia”, disse Gilmar.
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