Sérgio Cabral, ex-governador do Rio de Janeiro, pediu desculpas à população do estado doo Rio de Janeiro durante audiência na Justiça Federal, no Centro da capital, realizada nesta quinta-feira (14). O pedido de desculpas foi especificamente por ter usado caixa 2. "Peço desculpas à população por ter feito uso de caixa dois e de sobra de caixa dois", disse Cabral.
O ex-governador já havia admitido ter usado esse tipo de recurso em audiências anteriores, mas nunca tinha pedido desculpas. Cabral nega que tenha pedido propina a empresas, como sustentam o Ministério Público Federal e delatores. "Tive uma vida muito além dos meus dinheiros lícitos", afirmou na audiência.
- Foto: Fábio Motta/Estadão ConteúdoSérgio Cabral
O ex-governador e seus ex-secretários Hudson Braga (Obras) e Wilson Carlos (Governo) foram ouvidos em um processo que os acusa de desvio de R$ 47 milhões em obras como o PAC Favelas, Arco Metropolitano e Linha 4 do Metrô, com base na delação de funcionários da Carioca Engenharia.
"Afirmo ao senhor que fiz consumo pessoal desses recursos [de caixa dois] e afirmo que fiz muito uso nas campanhas eleitorais minhas e de outros", acrescentou o ex-governador, enquanto era interrogado pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal.
Questionado sobre se teria como provar que gastou o dinheiro em campanhas, Cabral respondeu: "Isso implicaria citar companheiros meus de todas as lutas políticas que realizamos ao longo dessa jornada".
O ex-governador voltou a negar que tenha tratado de propina com o ex-secretário de transportes e hoje deputado federal, Júlio Lopes. Também negou a cobrança da chamada "taxa de oxigênio", que seria 1% do valor de obras, e classificou as planilhas de Luiz Carlos Bezerra, seu operador, que indicavam apelidos e distribuição de propinas, como "planilhas de bêbado".
O magistrado questionou se não seria "coincidência terrível" Cabral ser citado como beneficiário de propina por tantas pessoas no processo. "Não é coincidência não. Todos que apontaram o dedo para mim tiveram benefício", respondeu. "Só tem um caminho, apontar o dedo para [Sérgio] Cabral. Cadê as provas?", questionou.
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