O PT oficializou, na noite deste domingo, 5, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad como candidato a vice-presidente na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República. A composição da chapa, no entanto, ainda pode mudar, porque o partido fechou uma aliança com o PCdoB, convidando a deputada gaúcha Manuela D'Ávila para ser a vice após a Justiça Eleitoral definir a situação de Lula na disputa. A parlamentar ainda não respondeu oficialmente se aceita o convite.
Haddad, visto como um "plano B" do PT para substituir Lula na disputa, foi apresentado como um "vice tampão" para representar o ex-presidente na campanha, enquanto a condição jurídica de Lula não é definida.
- Foto: Júlio Zerbatto/Futura Press/Estadão ConteúdoFernando Haddad
O acordo com o PCdoB garantiu ao partido que Manuela será a vice do PT independentemente de quem for a cabeça de chapa, em caso de impugnação do ex-presidente. Haddad ficará no posto de vice para cumprir exigência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), fazer campanha para Lula no País e representar o ex-presidente nos debates e entrevistas que participar.
Inicialmente, o PT queria manter a vaga de vice em aberto até o registro da candidatura, em 15 de agosto. Técnicos do TSE, no entanto, informaram que a coligação e a chapa precisariam ser definidas até este domingo. A comunicação ao tribunal foi feita cinco minutos antes da meia-noite.
A presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), classificou a situação como mais uma tentativa de barrar a candidatura de Lula, preso e condenado na Lava Jato. "É uma ação que foi feita exatamente para se colocar mais um obstáculo na candidatura do presidente Lula, uma intervenção da Justiça Eleitoral", disse a dirigente. Ela reiterou que o partido manterá a candidatura de Lula "até as últimas consequências" e registrará seu nome como candidato no dia 15 de agosto.
Carta
Para oficializar a escolha, a Executiva do PT recebeu uma carta de Lula indicando Haddad como vice e pedindo que o partido insistisse na aliança com o PCdoB e no convite para Manuela ser vice. Na mensagem, Lula disse que Haddad seria o melhor nome para defender suas ideias. O ex-governador da Bahia Jaques Wagner, sondado anteriormente, fez chegar ao PT que não gostaria de ser indicado como vice.
Com a decisão tomada e a negociação com o PCdoB amarrada, os dirigentes petistas tentaram fazer chegar a Lula o resultado do acordo, mas, devido ao horário em que o ex-presidente está autorizado a receber recados na Polícia Federal em Curitiba, não deu tempo. A notícia da aliança com o PCdoB deve chegar ao ex-presidente na manhã desta segunda-feira, 6.
Em seu discurso, Haddad disse que será "um prazer" andar pelo País defendendo as ideias do ex-presidente. Ele ressaltou que os programas de governo do PT e do PCdoB "só têm coisas em comum" e serão compatibilizados. O ex-prefeito e ex-ministro de Lula classificou a coligação, que também integra PROS e PCO, como uma "grande aliança para resgatar o País".
Já a presidente nacional do PCdoB, Luciano Santos, afirmou que o convite para Manuela ser vice "honra" o partido e que a legenda defendeu a união da esquerda nas eleições desde o começo, tendo tido sucesso na "unidade que foi possível." Ela lamentou que a aliança não tenha sido mais ampla. O partido conversou também com o PDT, que lançou Ciro Gomes como candidato. "Vamos fazer o bom combate e com debate de ideias e vamos ganhar a quinta eleição consecutiva", disse a dirigente.
Manuela D'Ávila, no entanto, ainda não respondeu oficialmente se aceita ser vice do PT. A assessoria de imprensa da deputada gaúcha disse que ela não se manifestaria no momento.
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