A Polícia Federal fez buscas na casa do senador Ciro Nogueira (Progressistas) e em endereços ligados a ele na manhã desta sexta-feira (22). A operação, batizada de "Compensação", foi autorizada pela ministra Rosa Weber e é decorrente de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), que investiga o senador.
Segundo a Polícia Federal, são investigados crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Pelo menos 30 policiais federais cumpriram sete mandados de busca e apreensão nas empresas CN Motos e CN Imóveis e em sua mansão em Teresina e nos endereços relacionados ao senador em Brasília e São Paulo.
Por meio de nota, a Polícia Federal informou que a investigação teve como origem depoimentos prestados por ex-executivos do Grupo J&F, dono da JBS, que afirmaram ter repassado cerca de R$ 43 milhões ao Progressistas, partido que Ciro Nogueira preside desde 2013.
Os pagamentos, segundo os colaboradores, foram feitos em espécie e por meio de doações oficiais, em troca de apoio político para a campanha presidencial de Dilma Rousseff, em 2014.
- Foto: Hélio Alef/GP1Senador Ciro Nogueira
Segundo a procuradora-geral Raquel Dodge, que pediu a abertura da investigação, “verifica-se nos autos existência de indícios mínimos aptos a motivar a abertura de investigação no âmbito dessa Corte sobre o pagamento de vantagens indevidas, no ano de 2014 e 2017, em beneficio do senador da República Ciro Nogueira Lima Filho para que seu partido apoiasse o governo nas eleições presidenciais, bem como não agisse contra a então presidente Dilma Rousseff no processo de impeachment instaurado no Congresso Nacional”.
Em nota, a procuradora-geral ainda afirmou que “parte da propina paga ao partido do parlamentar foi viabilizada por meio de doações oficiais – simuladas – e outra parte no valor de R$ 5 milhões foi paga em espécie por meio de uma pessoa ligada ao senador.
Inquérito
O ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato, atendeu a pedido da PGR e abriu o inquérito em setembro do ano passado.
O inquérito investiga Ciro Nogueira, o ex-ministro e atual prefeito de Araraquara, Edinho Silva (PT) e os executivos da J&F Joesley Batista e Ricardo Saud.
Segundo os depoimentos de Joesley e Saud, o Progressistas recebeu dinheiro para apoiar o PT nas eleições de 2014. Os valores teriam sido repassados por meio de doações oficiais. Além disso, foram repassados ainda R$ 2,5 milhões em dinheiro em espécie, por meio de um supermercado do Piauí.
De acordo com as delações, os pedidos eram aprovados pelo então ministro Edinho Silva. Ao todo, foram repassados R$ 43 milhões.
Confira a nota da Polícia Federal na íntegra:
A Polícia Federal deflagrou nesta manhã (22/02) a Operação “Compensação”, em desdobramentos de investigações decorrentes do Inquérito 4736/STF, tendo como investigado principal um senador da República, entre outros, no qual se apura o cometimento de crimes de corrupção passiva e de lavagem de dinheiro.
A investigação teve como origem os depoimentos prestados por colaboradores que afirmaram terem repassado cerca de R$ 43 milhões ao Partido Progressista, em pagamentos em espécie e doações oficiais, por intermédio do citado senador, em troca de apoio político do partido na campanha eleitoral para a eleição presidencial de 2014.
Cerca de trinta Policiais Federais cumprem 07 mandados de busca e apreensão, autorizados pela Ministra ROSA WEBER, nas cidades de Teresina/PI, Brasília/DF e São Paulo/SP, além de intimações para fins de depoimentos dos envolvidos.
Veja nota da PGR na íntegra:
Em atendimento a pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, a Polícia Federal cumpre nesta sexta-feira (22) mandados de busca e apreensão em residências de duas pessoas físicas e na sedes de duas empresas ligadas ao senador Ciro Nogueira (Progressistas/PI). As medidas autorizadas pela ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber, visam apurar possível lavagem de dinheiro e crimes antecedentes conexos contra a administração pública. Não há mandados a serem cumpridos no Senado Federal.
A investigação tem como partida colaborações premiadas de executivos do grupo J&F. Em depoimentos, os colaboradores narraram a compra de apoio político a partidos por meio do político. No pedido enviado ao Supremo, a PGR explica que, segundo investigações preliminares, parte da propina paga ao partido do parlamentar foi viabilizada por meio de doações oficiais – simuladas - e outra parte no valor de R$ 5 milhões foi paga em espécie por meio de uma pessoa ligada ao senador. No total, teriam sido pagos R$ 42 milhões em propina.
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