Wanessa Gommes
Um vídeo gravado, no dia 24 de janeiro deste ano, registrou uma discussão durante Assembleia Geral Extraordinária (AGE) convocada pela Diretoria Executiva da Unimed. Na imagem é possível ver e ouvir os médicos Sérgio Henrique (que está em pé, com microfone e de camisa azul) e Marco Polo Nogueira (em pé e de camisa listrada) discutindo com a diretoria que foi afastada no dia 20 de janeiro.
Sérgio Henrique discute com o presidente afastado, Leonardo Eulálio (que está sentado, de camisa branca, com o microfone), afirmando que ele não é presidente da coopertiva e que não sabe quem o pôs nela. Diz ainda que a assembleia não vai acontecer e afirma que o dinheiro da cooperativa está sendo desviado.
"O dinheiro que está sendo desviado da cooperativa é de cada um dos filhos de vocês que estão em casa, é dinheiro que tá sendo tirado dos seus patrimônios, todos pagarão, Dr. Valdeci já quebrou o Clube do Médico e vai quebrar a Unimed. Como se justifica uma diretoria dessa, composta desta forma? Como que pode o seu Roberto Wanderlan acabar de entrar na Unimed e já ser coordenador da ortopedia da Intermed? Ele tem dois meses ou três de cooperativa, eu tenho cinco anos e nem atendo Intermed no meu consultório e muitos de vocês aqui eu sei também que não atendem", disparou Sérgio Henrique.
Dr. Sérgio continuou tecendo críticas à diretoria afastada: "Aqui não há nenhum privilegiado a não ser o rei e sua corte, isso não é uma cooperativa é um grupamento de subalternos trabalhando para um rei, essa cooperativa não pode tolerar um presidente desses. Essa diretoria trabalha para o rei e sua corte, aqui quem não tem vínculos não está, a pessoa séria que enxergar o que estamos mostrando e compartilhar das alegações da diretoria não pode ser séria".
Entenda o caso
Médicos cooperados ao Grupo Unimed em Teresina, que compõe o plano de Saúde Unimed e os Hospitais Unimed Ilhotas e Unimed Primavera, acusam a diretoria executiva do grupo de diversas irregularidades, como malversação dos recursos da cooperativa.
Dentre as irregularidades apontadas estão: superfaturamento de reforma, aquisição de terrenos com preço acima do valor de mercado, credenciamento de clínica sem médico cooperado integrado ao seu quadro, descapitalização da receita líquida aplicada em banco e o lançamento de um relatório de gestão com dados mascarados.
- Foto: Marcelo Cardoso/GP1
Unimed Teresina
De acordo com um médico cooperado, que preferiu não se identificar, no dia 20 de janeiro deste ano, o Conselho Fiscal da Unimed realizou uma Assembleia Geral Extraordinária com o objetivo de mostrar algumas situações em que a diretoria executiva gerenciou mal a compra do hospital Unimed Primavera, em relação aos seus terrenos, e em relação a contratação de empresa pra fazer a reforma e ampliação.
Durante a assembleia, os cooperados votaram pelo afastamento da atual diretoria constituída pelo presidente Dr. Leonardo Eulálio, vice Dr. Luis Edson e o Superintendente Dr. Hiram. A votação foi de 97 votos a favor e 4 contra.
No mesmo dia também foi votado pela constituição de um processo interno, dentro da Unimed.
A diretoria executiva entrou com liminar pedindo para suspender a assembleia do dia 20 de janeiro. Às 20h52, um oficial de justiça chegou com uma decisão judicial provisória emitida pelo desembargador Hilo de Almeida, que estava no plantão noturno do judiciário, mas a assembleia já tinha acontecido.
A assessoria jurídica do Conselho Fiscal ingressou com um pedido de Reconsideração. O desembargador Alencar revogou a liminar que suspendia a assembleia, tornando válida a AGE e tudo o quanto foi deliberado nela.
O médico relatou ainda que mesmo o desembargador revogando a liminar, a diretoria executiva não se afastou, continua gerenciando normalmente.
“O Conselho Fiscal solicitou da diretoria administrativa que se reunissem para deliberar quem seriam as pessoas que iam ascender para o cargo de presidente, vice-presidente e superintendente. A diretoria administrativa não se reuniu, foi omissa”, relatou.
De acordo ainda com o médico, ontem (08) foi realizada uma reunião surpresa pela diretoria executiva e foram deliberadas as coisas “como se não tivesse acontecido nada”.
Nova assembleia
Como já decorreu o prazo de 10 dias, no processo interno, e a diretoria executiva não apresentou defesa das acusações, uma nova assembleia geral está marcada para o dia 20 de fevereiro onde será decidida pela destituição ou não da Diretoria Executiva.
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