- Foto: Arquivo PessoalHélio Monteiro, campeão da Copa Paulista em 2012
“Onde tinha jogo de futebol, eu estava no meio”, diz Hélio Monteiro Batista ao ser questionado sobre uma das lembranças que tem dos onze anos de idade, quando ele começava a “jogar bola” em um clube da Capital Teresina. Lá surgia um jogador profissional, que em anos futuros seguiria para países da Europa e da Ásia, consolidando o nome no esporte e sendo referência para os pequenos e atuais amantes da prática esportiva no Piauí.
Atualmente, com 26 anos de idade, piauiense, natural de Teresina, onde residiu boa parte da infância e da adolescência no bairro Dirceu Arcoverde II, o zagueiro Hélio está atuando no Mirassol Futebol Clube, clube do interior de São Paulo, onde tem contrato firmado até maio de 2017.
A pauta é “piauienses que fazem sucesso fora do Piauí”, e na área do esporte, o GP1 entrevistou o jogador de futebol, que hoje possui registros em vários clubes pelo Brasil afora e ressaltou a importância do amor pelo Estado, como também pelos sonhos. Conheça agora a história do teresinense que conquistou e ainda conquista um espaço sonhado por diversos garotos piauienses!
“Desde criança, eu sempre fui obcecado por bola. Onde tinha jogo de futebol, eu estava no meio, e quando tinha uns 11, 12 [anos] entrei na escolinha do Eldorado a convite de um amigo de escola. Lá eu conheci meu primeiro treinador, o Nena, a quem sou muito grato por ter me ensinado, incentivado, e quem me deu a primeira experiência fora do Piauí”, relembrou Hélio Monteiro.
- Foto: Facebook/Hélio MonteiroHélio Monteiro quando jogava pelo Zimbru da Moldávia
História
A primeira experiência no futebol fora do Piauí aconteceu no time de Vitória da Bahia, quando tinha apenas 14 anos. Hélio disse que naquela ocasião, ele viajou com mais dois meninos da escolinha e o Nena. “Passamos cerca de quinze dias e eles decidiram que queriam passar mais um tempo comigo lá. Os outros dois meninos voltaram junto com o nosso treinador e eu fiquei sozinho”, disse.
A partir de agora, o piauiense relembra a própria história no futebol:
“Em 2005 fui para o Piauí Esporte Clube. Lá eu conheci o Caçapava, que infelizmente faleceu há alguns meses atrás. Ele me ajudou muito no Piauí e sempre me dizia que me levaria a um clube grande. Pois em 2006, ele me levou ao Internacional de Porto Alegre no Rio Grande do Sul. Lá eu conheci alguns jogadores que hoje em dia estão em grandes clubes, como Taison, que joga na Ucrânia e na Seleção Brasileira, além de Alexandre Pato que hoje está na Espanha, entre outros. Passei cinco meses no Internacional e depois fui para o Santos Futebol Clube, onde fiquei de 2006 a 2008.
No Santos eu tive a honra de conviver com grandes treinadores e jogadores, onde tive o prazer de jogar com Paulo Henrique Ganso, Neymar, Rafael Cabral. Tive uma passagem muito boa no Santos, em que cresci como jogador e como ser humano.
Depois que saí do Santos, fui para o Desportivo Brasil, interior de São Paulo, onde tive minhas primeiras experiências no futebol fora do Brasil. Entre algumas viagens, uma me marcou muito. Fui para a Tunísia com mais um jogador e um responsável do nosso clube. Chegamos lá na época do Ramadã, onde eles não se alimentam entre sete da manhã até às 19 horas, e logo nos primeiros dias de treino, eu e meu amigo descemos para o refeitório do hotel, e como não tinha ninguém, pegamos algumas coisas para comer. Para nossa sorte, o nosso responsável entrou no refeitório e na mesma hora mandou pegarmos tudo e levar pra dentro do quarto. Chegando lá, ele explicou que nós não poderíamos comer naquele horário, se não, seríamos presos (rs).
- Foto: Arquivo PessoalHélio Monteiro e Ganso em 2015
Quando sai do Desportivo Brasil, rodei por alguns times do Interior de São Paulo, como Rio Preto, Noroeste, União Barbarense, Comercial, Capivariano, Guarani. Em 2015 tive a oportunidade de voltar para fora do Brasil, e depois fui para a República da Moldávia, que fica entre a Romênia e a Ucrânia. Os dois primeiros meses foi de difícil a adaptação devido ao fuso horário, comidas muito diferente, entre outras coisas, mas depois de dois meses, minha esposa chegou e as coisas foram melhorando, pois passei a comer em casa, tinha a companhia dela todos os dias e com o tempo fomos aprendendo a se virar por lá".
Lembranças do Piauí
Hélio Monteiro destacou uma das principais saudades que tem do Piauí: "nos finais de semanas, eu vejo as pessoas se reunindo com seus familiares. Eu sinto uma certa falta do Piauí. Minha criação foi sempre muito ligada à irmãos, avós, primos, tios, aquelas reuniões de finais de semanas e isso eu sinto falta. Eles são as melhores lembranças da minha infância e são muito importantes na minha vida”.
Para Hélio Monteiro, a culinária piauiense faz muita falta para quem mora em outros lugares. “Em lugares que fui para fora do Piauí, mas até mesmo dentro do Brasil, não vejo tantas dificuldades para nós piauienses, apesar do nordestino ainda sofrer um certo tipo de rejeição em alguns lugares, e fora do Brasil, senti muita falta da comida do nosso Estado. É uma coisa que não encontramos fácil dentro do Brasil, fora do Brasil então... fica muito mais difícil”, afirmou.
O zagueiro piauiense brincou quando questionado sobre a imagem que as pessoas de outros lugares têm do Piauí. “Eles pensam que é um lugar muito quente [rs]. Alguns não tem noção nenhuma e acham que o Piauí inteiro é sertão”, respondeu.
- Foto: Facebook/Hélio MonteiroHélio Monteiro, campeão pelo Capivariano do Campeonato Paulista da série A-2 em 2014
Gols inesquecíveis
Quanto aos gols mais marcantes já realizados, Hélio Monteiro relembra e dá destaque ao que para ele pode ser considerado o mais marcante até hoje.
“Tem alguns gols que sempre lembro com muito carinho. Um deles foi pelo Noroeste, disputando a Copa Paulista, quando fomos campeões. Fiz um gol na primeira partida da final e na ocasião era o meu primeiro gol do ano, em 2012, e justo na final do Campeonato. Me marcou muito! E outro foi no ano passado, quando jogava pelo Zimbru da Moldávia, nós estávamos pressionados para ganhar porque vínhamos de derrota, e lembro que conversando com minha esposa, antes do jogo, ela me disse para ir tranquilo, que tudo correria bem e que iria fazer um gol, e foi como ela disse. Ganhamos de 3x0 e ainda consegui fazer o gol e foi para ela”, destacou o zagueiro.
Melhor atuação
Nesse período de jogador profissional, Hélio Monteiro ressaltou durante entrevista que o time que para ele pode ser considerado como “essa foi minha melhor atuação” foi o Capivariano em 2014. Ele explicou o motivo: “nós fomos campeões Paulista da Série A-2, onde eu tive uma atuação muito regular, durante o campeonato e fui considerado o melhor volante da competição, jogando em uma posição que não era a minha de origem”.
Legado e sonhos
Hélio Monteiro foi interrogado também sobre o principal legado que ele deixou pelos clubes por onde já passou. O zagueiro afirmou que essa pergunta, ao ver dele, não é fácil a resposta, mas arriscou responder.
“É difícil falar sobre isso, mas acho que deixaria um legado de disciplina, pois meus pais me ensinaram a ser disciplinado, e no futebol requer muita disciplina e sacrifícios. Acredito que deixei uma boa imagem em todos os clubes que passei. Tentei ser correto com todos”, respondeu.
Sempre concentrado em não sair machucado das partidas, Hélio Monteiro ressaltou que chegou no lugar onde está por sempre pedir proteção a Deus, como também pelo carinho e apoio que recebe da esposa, dos pais e dos irmãos.
Quanto ao principal sonho de jogador de futebol, seja piauiense ou não, o zagueiro Hélio Monteiro foi enfático na resposta, como também deu uma palavra de incentivo para qualquer garoto ou homem que sonha em fazer sucesso no esporte mais popular do Brasil.
Sobre o sonho, ele disse: “jogar pela Seleção Brasileira. Eu imagino que todos jogadores querem jogar em um grande clube, mas o sonho de jogar pela Seleção Brasileira é algo sempre vivo na mente do jogador”.
Para os pequenos ou até mesmo os que já estão grandes, que sonham em ser jogadores de futebol e que moram no Piauí, Hélio Monteiro finalizou dizendo: “digo para nunca deixar de acreditar! O Piauí ainda é um lugar que tem pouco incentivo ao futebol, em relação a outros Estados, então muito garotos talentosos são influenciados a desistir logo cedo pelo fato de existir pouca oportunidade, mas eu peço que acredite, não desanime por uma oportunidade que não veio ou por alguma situação que não saiu da forma que você queria! Se prepare muito, faça sacrifícios pela sua oportunidade, que quando ela chegar, você vai estar pronto e ‘aí’ você vai ver que valeu a pena todo o seu esforço pelo seu sonho!”.
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