Após reunião com os presidentes da República e da Petrobras, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta terça-feira, 16, que Jair Bolsonaro pensou na dimensão política do reajuste de 5,7% do óleo diesel quando ligou para o chefe da estatal na última sexta-feira, 12.
"O presidente tem preocupação maior do que só a preocupação do mercado. É natural que eu como ministro da Economia esteja preocupado com o mercado", disse Guedes a jornalistas. O ministro ainda afirmou que Bolsonaro "deixou claro que está fora de qualquer propósito manipulação de preço, congelar, segurar".
- Foto: Fátima Meira/Futura Press/Estadão ConteúdoPaulo Guedes
"A Petrobras que decide reajuste, não é ministro da Economia ou presidente da República. A Petrobras é realmente independente para estabelecer o preço de petróleo", disse Guedes.
O ministro lembrou que estava nos Estados Unidos durante o ocorrido, em reunião do FMI, quando ficou sabendo do "incidente de que houve percepção de que o presidente interferiu" no reajuste, que acabou não sendo feito pela estatal. Segundo ele, Bolsonaro esclareceu na reunião desta terça-feira que ele pensou em "numa dimensão política", em torno do reajuste. Desde o início de março há uma articulação de caminhoneiros sobre uma possível nova greve.
Guedes afirmou ser "absolutamente natural" que o presidente se preocupe com isso. "Há seis meses o Brasil praticamente parou. Mesmo que tivesse subido 5,7% o preço ainda está abaixo do que foi. O preço não está abusivo", disse o ministro da Economia. De acordo com ele, Bolsonaro disse que estavam "jogando diesel" no seu "chopp", enquanto o governo comemorava 100 dias de gestão."Ficou claro que tinha duas dimensões. Tem uma dimensão econômica que é a integridade da prática de preços da Petrobras. Ficou muito claro a preocupação (do presidente) em relação aos caminhoneiros. Os caminhoneiros fizeram lista com 13 razões de preocupação, e a 12.ª era o diesel", completou Guedes. "O presidente pediu para que explicássemos o aumento. Não foi decisão de política econômica que ele tomou. Se fosse para criar regra de política nova, presidente teria conversado comigo", disse ainda.
Indexação
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que estão em estudo várias alternativas para dar mais transparência à política de reajuste de combustíveis da Petrobras, entre elas indexar o preço do frete ao valor do diesel. Ele citou que essa é a política utilizada nos Estados Unidos e disse que foram feitas "interrogações" à Petrobras durante a reunião com o presidente Jair Bolsonaro.
"Tudo tem que ser estudado para o futuro, o presidente da Petrobras já estava estudando. Esse episódio precipita a aceleração de estudos", ressaltou Guedes. "O próprio presidente da Petrobras está recalculando quais seriam as melhores práticas".
Um dos questionamentos feitos por Guedes foi por que a Petrobras não utiliza uma média móvel de um determinado período, em vez de reajustes a cada 15 dias. Mais cedo, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, disse que a indexação era uma das alternativas, mas a assessoria da pasta afirmou que isso não estava sendo estudado "no momento".
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