Os generais que assessoram o presidente Jair Bolsonaro, no Palácio do Planalto, atuam para apaziguar os ânimos e evitar a demissão do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Assim como Bolsonaro, os militares também têm reparos à forma como o ministro se comporta. Eles consideram que Mandetta tenta capitalizar as ações da pasta. Mas avaliam que uma demissão, neste momento, fortaleceria os governadores que hoje travam uma queda de braço com o presidente.
Pesquisa XP mostrou que cresceu o apoio aos governadores na medida em que a pandemia se alastra pelo País. Os militares do Planalto tentam convencer Bolsonaro dos riscos de um desgaste de sua popularidade. Principais responsáveis pelas medidas de isolamento social como tentativa de “achatar” a curva de contágio do coronavírus na população, os governadores tiveram aumento de 18 pontos porcentuais na taxa de aprovação entre março e abril. Nesse mesmo período, o porcentual de entrevistados que considera a gestão do presidente ruim ou péssima oscilou no limite da margem de erro, de 36%, no mês passado, para 42%.
Quando conversam com Bolsonaro, os militares até acham que o convenceram de que o recuo é a melhor estratégia nesse momento, relatou um dos interlocutores do Planalto. Mas têm consciência, segundo esse mesmo auxiliar do presidente, que os maiores inimigos são as redes sociais e dezenas de grupos de WhatsApp que alimentam a ira de Bolsonaro. Os discípulos do escritor Olavo de Carvalho, guru da família do presidente, e o vereador e Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) já demitiram Mandetta em seus posts e passam o dia tentando fazer Bolsonaro usar a caneta.
Os ministros Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) são os mais atuantes na “defesa” de Mandetta. Insistem que essa é uma guerra que não é boa para ninguém. E há quem alerte sobre a falta de opção. O ex-ministro Osmar Terra, um dos aliados que mais tiveram acesso a Bolsonaro nos últimos dias, foi demitido do Ministério da Cidadania porque não dava resultado.
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