O pai de Aretha Dantas, Aldir Claro lamentou em entrevista ao GP1 nesta quarta-feira (22), a soltura do assassino Paulo Alves dos Santos Neto. O servidor da Câmara Municipal de Teresina disse que a decisão do juiz Antônio Reis Nollêto se deu no dia de seu aniversário de 63 anos.
Aldir Claro ressaltou seu descontentamento com a soltura do homem que matou sua filha. “É um absurdo, um absurdo, esse foi o maior escândalo que já houve na Justiça do Piauí, foi um desmantelo para a sociedade. Um crime como aquele que o senhor Paulo cometeu, brutalmente, com requintes de crueldade, com uma criatura tão linda, tão sensível, tão doce”, lamentou.
- Foto: Lucas Dias/GP1Aldir Claro
Pego de surpresa
O pai disse que foi pego de surpresa com a decisão judicial, que ocorreu no dia de seu aniversário. “Isso é brincadeira, no dia do meu aniversário foi assinada a soltura do Paulo, foi o presente que o juiz mandou, só pode ter sido. Eu acordei naquele dia pensando na minha filha, no meu aniversário ela vinha pra cá, almoçava aqui, eu estava até conversando com minha outra filha, dizendo ‘eita, num dia de hoje a Aretinha estava aqui, me cheirando, me abraçando, e comendo feijão preto com ossada’”, declarou ao GP1.
Pai pede ajuda
O servidor público diz que pretende recorrer contra a decisão que soltou o autor do feminicídio, mas alega dificuldades financeiras para arcar com os honorários de um advogado. “A única coisa que tenho na vida é minha casinha aqui no Bela Vista, se eu tivesse vendido para condenar o Paulo eu estaria morando debaixo de uma árvore, e o Paulo na rua. Então, eu peço encarecidamente o apoio de advogados que queiram se manifestar e me ajudar, sei que existem muitos advogados de bom coração”, colocou.
- Foto: Facebook/Aretha ClaroAretha Dantas foi encontrada morta na Avenida Maranhão
Aldir Claro relatou que tem recebido muitas mensagens de pessoas manifestando apoio e questionando a determinação do juiz. “Esse juiz não tem coração, se fosse com uma filha dele será que ele ia deixar isso acontecer? Acho que ele nem deve estar dormindo, porque fez isso contra toda a população do Piauí, contra a vontade do povo. Quero que a população do Piauí se manifeste e me ajude nesse caso”, finalizou.
Soltura de Paulo Alves dos Santos
O juiz Antônio Reis de Jesus Nollêto, da 1ª Vara do Tribunal Popular do Júri, relaxou a prisão preventiva de Paulo Alves dos Santos Neto. A decisão foi dada na última segunda-feira (20) e publicada no Diário Oficial do Tribunal de Justiça no dia seguinte.
- Foto: FacebookPaulo Alves dos Santos Neto
Segundo o magistrado em sua decisão, a prisão do assassino confesso apresenta ilegalidade, pois já se estende por período correspondente a quase dois anos de prisão (17 de maio de 2018 a 20 de janeiro de 2020). De acordo com o juiz, deixar o acusado preso seria o mesmo que ele responder a uma pena inexistente.
O argumento da Justiça é o de que a prisão preventiva de Paulo Alves apresenta excesso de tempo, pois ultrapassa o permitido pelo Código Processual Penal (CPC), que fixou o prazo no artigo 412 do CPP de até 90 dias para encerramento da instrução criminal.
Laudo de sanidade mental
Em abril de 2019, o resultado do laudo de sanidade mental do acusado de matar Aretha Dantas atestou que Paulo Alves dos Santos Neto não tem problemas mentais e que ele premeditou o crime. O exame foi realizado por psiquiatras forenses do Hospital Areolino de Abreu.
Juiz negou resultado do exame
Em agosto de 2019, o juiz Antônio Reis de Jesus Nollêto indeferiu pedido da defesa de Paulo Alves dos Santos Neto para anular o resultado do exame de insanidade mental que concluiu que o ele não tem problemas mentais e que ele premeditou a morte da Aretha Dantas. A defesa pleiteou pela decretação de nulidade do exame requerendo o seu desentranhamento dos autos e, em consequência, que fosse novamente realizado, com a designação de novos peritos. Ao final, foi indeferido o pleito de nulidade suscitado pela defesa e determinado o prosseguimento da ação.
O crime
Aretha foi encontrada morta com perfurações de arma branca e sinais de atropelamento, na madrugada de 15 de maio de 2018, na Avenida Maranhão, zona sul de Teresina. O ex-companheiro dela, Paulo Alves dos Santos Neto, foi considerado o principal suspeito do crime.
Na noite do dia 16 de maio, Paulo se entregou à polícia e confessou a autoria do feminicídio.
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