A esposa do deputado cassado, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Cláudia Cruz, pediu ao juiz Sérgio Moro a absolvição dos crimes de que é acusada na Operação Lava-Jato. Cláudia é ré em ação penal por crimes de evasão de divisas e lavagem de dinheiro, supostamente, oriundo do esquema de propinas atribuído a seu marido e ex-presidente da Câmara, e alega que o próprio Moro reconheceu que sua conta na Suíça “não recebeu qualquer valor proveniente dos supostos atos de corrupção na África”.
Nas alegações finais do processo, a defesa da jornalista destaca que “esses recursos permaneceram nos trusts de Eduardo Cunha”. “Portanto, os valores gastos nos cartões de crédito não têm qualquer relação com a suposta corrupção”, completa. O documento é subscrito pelos advogados Pierpaolo Bottini, Cláudia Vara San Juan Araújo, Stephanie Guimarães e Igor Tamasauskas.
- Foto: Rodrigo Féliz Leal/Futura Press/Estadão ConteúdoCláudia Cruz visita Eduardo Cunha na sede da PF
No mês passado, o Ministério Público Federal (MPF), nas alegações finais, pediu a condenação de Cláudia à pena de prisão em regime fechado. O MPF afirma que a conta da esposa do ex-presidente da Câmara recebeu mais de US$ 1 milhão provenientes de crimes praticados pelo marido. Segundo os investigadores, o dinheiro é oriundo de propinas que Cunha teria recebido em negócio da Petrobras na compra de campo de petróleo em Benin, na África, em 2011.
De acordo com a Veja, os advogados de Cláudia rebatem essa versão e usa como argumento principal um trecho da sentença em que o próprio juiz Moro impôs a Eduardo Cunha pena de quinze anos de prisão.
Moro destacou na sentença contra o ex-deputado, que os valores depositados na conta de Cláudia Cruz “não foram provenientes de vantagem indevida decorrente do contrato de aquisição pela Petrobras dos direitos de exploração do Bloco 4 em Benin”.
A defesa alega que o dinheiro gasto com cartões de crédito de Cláudia tem origem diversa, “de outros recursos de Eduardo Cunha, sobre os quais não pesam quaisquer suspeitas”.
“Inviável a condenação nos termos da imputação em questão, uma vez que não se atribui à defendente (Cláudia) nada além de receber valores de trusts dos quais seu marido é beneficiário, não havendo qualquer elemento que indique a ilicitude destes recursos”, sustentam os advogados em uma peça de 169 páginas. Alternativamente, eles sugerem a Moro que caso não absolva Cláudia, que aplique a ela penas mínimas.
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