A polêmica sobre um comentário na rede social Facebook continua. O ator Marauê Carneiro que veio a Teresina com os atores Kayky Brito e Germano para apresentar a peça "Fique frio" escreveu, na noite da última quinta-feira (24), em seu Facebook que o Piauí é o c* do mundo.
Após o comentário, a polêmica tomou conta em torno do assunto. Na última sexta-feira (25), o presidente interino da Assembleia Legislativa do Piauí, Fábio Novo (PT), decidiu cancelar as apresentações que seriam feitas no Cine Teatro da Assembleia.
Nesse mesmo dia, o colunista da Revista Veja Reinaldo Azevedo escreveu um artigo sobre o assunto e criticou a atitude de Fábio Novo ao cancelar a peça. Leia aqui
No sábado (26), o deputado Fábio Novo divulgou carta aos meios de comunicação respondendo ao jornalista Reinaldo Azevedo. Clique aqui
Neste domingo (27), o jornalista da revista VEJA, Reinaldo Azevedo, voltou ao tema com duras críticas ao deputado do PT Fábio Novo.
Confira na íntegra o artigo abaixo ou clique aqui para ver o artigo direto na coluna do jornalista no site de VEJA:
Um ator que iria apresentar uma peça no teatro da Assembléia do Piauí resolveu repetir piada atribuída a um comediante e afirmou em sua página no Facebook que, se o mundo tinha cu, então ficava em Teresina. Pegou mal. Ele retirou a mensagem, desculpou-se, até deu sumiço, parece, no seu perfil. Não adiantou! A corrente dos indignados e ofendidos cresceu, exigindo providências das “autoridades competentes”. Fábio Novo (PT), presidente da Assembléia do Piauí, com a concordância da Mesa Diretora, decidiu suspender a autorização para a apresentação do espetáculo. Muito bem, coroné!!!
Escrevi a respeito. Não endossaria o conteúdo da piada que ele fez se piada não fosse! A retaliação é absurda e ilegal. Escrevi a respeito aqui. Os botocudos, então, decidiram voltar-se contra mim, atribuindo-me, como é hábito das supostas vítimas triunfantes no papel de algozes, o que não disse. O próprio Fábio Novo resolveu tirar uma casquinha, publicando uma “carta aberta” a Reinaldo Azevedo… Santo Deus! Tenta seus 10 minutos de fama. Volto a ele daqui a pouco.
Escrevi o óbvio: as pessoas têm o direito de dizer o que bem entendem, e aqueles que não gostam do que é dito podem e devem se manifestar. Boa parte dos que resolveram entrar no blog para me atacar desferiu impropérios contra São Paulo e os paulistas, como se eu fosse representante de um estado! Vão se danar! Eu não represento ninguém e não reconheço a essa gente autoridade intelectual, moral ou política para falar em nome do Piauí. Até o tal Fábio Novo, que é deputado, representa não mais do que seus eleitores, embora tenha se comportado como o dono do teatro e da Constituição da República Federativa do Brasil, que assegura a liberdade de expressão nos Artigos 5º e 220º.
A nossa tolerância com a liberdade do outro é testada justamente quando este outro diz o que julgamos repulsivo ou inaceitável. Se ele não estiver fazendo a apologia do crime ou promovendo-o, ninguém tem o direito legal de molestá-lo. O rapaz não se referiu nem mesmo ao povo de Teresina, mas à cidade. E estava claro que fazia uma piada.
Se o tal ator cometeu um ato inaceitável ao chamar Teresina de “cu do mundo”, em que seriam diferentes dele os tontos que atacam São Paulo com o objetivo de me agredir? Respondo: ele fazia um gracejo, por mais infeliz que fosse; estes outros pretendem falar a sério, cavalgando seu ódio mesquinho, seu ressentimento pueril, seu orgulho mixuruca. Em suma: eles são de fato aquilo que dizem combater! Falem de São Paulo o que bem entenderem! Eu não dou pelota! Já escrevi aqui e repito: se, a exemplo de Samuel Johnson, considero “o patriotismo o último refúgio dos canalhas”, acho o regionalismo o “último refúgio dos canalhas caipiras”. Nas conversas que tive com leitores Brasil afora, eles sabem disso, sempre fiz pouco caso desse sentimento de patota. A cidade, o estado ou o país onde se nasce são uma questão cartorial. Eu, por exemplo, nasci na Fazenda Santa Cândida. Sou de lá. É a minha pátria! O resto é injunção política que depende da vontade de estranhos.
Eu escrevo para pessoas alfabetizadas. Ao me referir ao Piauí, afirmei que sabia pouco sobre o estado além dos dados do IBGE — e eles não são nada abonadores! Esses bobocas indignados que me escrevem, já que estão em busca de uma causa, deveriam é tentar melhorar aquela situação miserável. Do que tanto se orgulham? Fiz elogios a pessoas nascidas no Piauí. Lembrei que Mário Faustino, o mais elaborado poeta do século 20, é piauiense. É bem provável que os indignados não conheçam o que de melhor a terra que tanto amam produziu nas letras nacionais. Faustino não foi um gigante da literatura piauiense, mas da poesia brasileira em qualquer tempo. Em “Contra o Consenso”, meu primeiro livro, dedico um longo texto à sua obra. ATENÇÃO, PIAUIENSES INQUIETOS: APRENDAM COMIGO O QUE O PIAUÍ CONSEGUIU FAZER DE VERDADEIRAMENTE GRANDE! Cliquem aqui. Se vivo fosse, cosmopolita como era, imagino o que não diria dessa bobajada! O Piauí não precisa me dar um título de cidadão honorário por isso…
Fábio Novo
O deputado Fábio Novo (PT), o censor, presidente da Assembléia, resolveu me dirigir uma carta aberta. Leiam os dois primeiros parágrafos:
“Lamento que como jornalista, eu também me formei na área, aprendi que um fato deve ser apurado ouvindo as partes envolvidas. Você não me ouviu no episódio Marauê e portanto, deixou de ser jornalista para tomar partido de um fato que ouviu dizer por terceiros. Assim feriu de morte o principio da informação com imparcialidade;
Taxar de censura, ato administrativo da Assembleia Legislativa do Piauí, que retirou de pauta a apresentação do espetáculo, é uma afirmação injusta pelo não conhecimento dos fatos e das leis. Senão vejamos:”
Jornalista? É! Ele quer me ensinar os segredos da profissão. Que bom que decidiu ser político, carreira em que se pode ir muito longe com uma alfabetização rudimentar. Se algumas regras elementares da gramática fossem pessoas, Novo seria um homicida em massa. A cereja de seu bolo retórico está em “taxar de censura…” Eu não “taxei” nada! No máximo, poderia ter “tachado”, com “ch”, apontado uma “tacha”, um “defeito”, uma “desonra”. “Taxa”, meu senhor, é aquela coisa que se paga no guichê. O mundo é diverso! O Piauí já produziu Mário Faustino e Novo! Se a língua portuguesa fosse um corpo, a de Faustino seria o cérebro. Já a de Novo…
Quantidade espantosa de bobagens
O pensamento politicamente correto e o ressentimento querem esmagar a liberdade de expressão no Brasil. Em sua carta, o deputado Fábio Novo tenta explicar por que ele e seus pares suspenderam o espetáculo. Quando leio seus pobres argumentos e penso na Primeira Emenda da Constituição dos EUA, eu me dou conta da nossa miséria intelectual. Leiam:
“Congress shall make no law respecting an establishment of religion, or prohibiting the free exercise thereof; or abridging the freedom of speech, or of the press; or the right of the people peaceably to assemble, and to petition the Government for a redress of grievances.”
Atenção! Não se trata de uma simples garantia da liberdade de religião, da liberdade de expressão e de imprensa, do direito do povo de se reunir e de encaminhar petições ao governo para reparar injustiças. É MAIS DO QUE ISSO: O CONGRESSO ESTÁ IMPEDIDO DE VOTAR LEIS QUE LIMITEM ESSES DIREITOS, ENTENDERAM? De tal sorte eles são considerados inegociáveis, que não se admitem leis restritivas de nenhuma natureza.
Por aqui??? Pobres de nós! Qualquer deputadozinho acha que, “em nome do povo”, pode suspender um espetáculo. E ainda diz estar agindo em defesa da cidadania e contra o preconceito!
Vocês entendem por que o governo federal mete a mão grande na Vale, uma empresa privada, e diz quem pode e quem não pode dirigi-la, sem que isso provoque um escândalo? No Brasil, os direitos individuais são considerados filhos bastardos do Estado, que tudo pode. Eu escrevi um artigo contestando a suspensão da peça, não contra o direito de protesto daqueles que se sentiram ofendidos. Afirmei que a gritaria era coisa de “caipiras ressentidos”, não que os piauienses fossem caipiras ressentidos. Mas e daí? Eles lêem o que querem e buscam justificativas inexistentes para linchar os críticos. A levar a sério os protestos, devo considerar que não há melhor lugar no mundo para se viver do que o Piauí, que só perde para Alagoas em analfabetismo, que está em 18º lugar no ranking da mortalidade infantil, em 24º no da expectativa de vida e em 27º — o último — no PIB per capita.
Criticar o Piauí não é só um direito, não! Também é uma obrigação! Pode-se lastimar a qualidade da crítica. Mas a Constituição proíbe que se tente proibi-la! E eu não vejo uma boa razão para que a Constituição não valha também no Piauí.
Por Reinaldo Azevedo
Após o comentário, a polêmica tomou conta em torno do assunto. Na última sexta-feira (25), o presidente interino da Assembleia Legislativa do Piauí, Fábio Novo (PT), decidiu cancelar as apresentações que seriam feitas no Cine Teatro da Assembleia.
Nesse mesmo dia, o colunista da Revista Veja Reinaldo Azevedo escreveu um artigo sobre o assunto e criticou a atitude de Fábio Novo ao cancelar a peça. Leia aqui
No sábado (26), o deputado Fábio Novo divulgou carta aos meios de comunicação respondendo ao jornalista Reinaldo Azevedo. Clique aqui
Neste domingo (27), o jornalista da revista VEJA, Reinaldo Azevedo, voltou ao tema com duras críticas ao deputado do PT Fábio Novo.
Confira na íntegra o artigo abaixo ou clique aqui para ver o artigo direto na coluna do jornalista no site de VEJA:
Um ator que iria apresentar uma peça no teatro da Assembléia do Piauí resolveu repetir piada atribuída a um comediante e afirmou em sua página no Facebook que, se o mundo tinha cu, então ficava em Teresina. Pegou mal. Ele retirou a mensagem, desculpou-se, até deu sumiço, parece, no seu perfil. Não adiantou! A corrente dos indignados e ofendidos cresceu, exigindo providências das “autoridades competentes”. Fábio Novo (PT), presidente da Assembléia do Piauí, com a concordância da Mesa Diretora, decidiu suspender a autorização para a apresentação do espetáculo. Muito bem, coroné!!!
Escrevi a respeito. Não endossaria o conteúdo da piada que ele fez se piada não fosse! A retaliação é absurda e ilegal. Escrevi a respeito aqui. Os botocudos, então, decidiram voltar-se contra mim, atribuindo-me, como é hábito das supostas vítimas triunfantes no papel de algozes, o que não disse. O próprio Fábio Novo resolveu tirar uma casquinha, publicando uma “carta aberta” a Reinaldo Azevedo… Santo Deus! Tenta seus 10 minutos de fama. Volto a ele daqui a pouco.
Escrevi o óbvio: as pessoas têm o direito de dizer o que bem entendem, e aqueles que não gostam do que é dito podem e devem se manifestar. Boa parte dos que resolveram entrar no blog para me atacar desferiu impropérios contra São Paulo e os paulistas, como se eu fosse representante de um estado! Vão se danar! Eu não represento ninguém e não reconheço a essa gente autoridade intelectual, moral ou política para falar em nome do Piauí. Até o tal Fábio Novo, que é deputado, representa não mais do que seus eleitores, embora tenha se comportado como o dono do teatro e da Constituição da República Federativa do Brasil, que assegura a liberdade de expressão nos Artigos 5º e 220º.
A nossa tolerância com a liberdade do outro é testada justamente quando este outro diz o que julgamos repulsivo ou inaceitável. Se ele não estiver fazendo a apologia do crime ou promovendo-o, ninguém tem o direito legal de molestá-lo. O rapaz não se referiu nem mesmo ao povo de Teresina, mas à cidade. E estava claro que fazia uma piada.
Se o tal ator cometeu um ato inaceitável ao chamar Teresina de “cu do mundo”, em que seriam diferentes dele os tontos que atacam São Paulo com o objetivo de me agredir? Respondo: ele fazia um gracejo, por mais infeliz que fosse; estes outros pretendem falar a sério, cavalgando seu ódio mesquinho, seu ressentimento pueril, seu orgulho mixuruca. Em suma: eles são de fato aquilo que dizem combater! Falem de São Paulo o que bem entenderem! Eu não dou pelota! Já escrevi aqui e repito: se, a exemplo de Samuel Johnson, considero “o patriotismo o último refúgio dos canalhas”, acho o regionalismo o “último refúgio dos canalhas caipiras”. Nas conversas que tive com leitores Brasil afora, eles sabem disso, sempre fiz pouco caso desse sentimento de patota. A cidade, o estado ou o país onde se nasce são uma questão cartorial. Eu, por exemplo, nasci na Fazenda Santa Cândida. Sou de lá. É a minha pátria! O resto é injunção política que depende da vontade de estranhos.
Eu escrevo para pessoas alfabetizadas. Ao me referir ao Piauí, afirmei que sabia pouco sobre o estado além dos dados do IBGE — e eles não são nada abonadores! Esses bobocas indignados que me escrevem, já que estão em busca de uma causa, deveriam é tentar melhorar aquela situação miserável. Do que tanto se orgulham? Fiz elogios a pessoas nascidas no Piauí. Lembrei que Mário Faustino, o mais elaborado poeta do século 20, é piauiense. É bem provável que os indignados não conheçam o que de melhor a terra que tanto amam produziu nas letras nacionais. Faustino não foi um gigante da literatura piauiense, mas da poesia brasileira em qualquer tempo. Em “Contra o Consenso”, meu primeiro livro, dedico um longo texto à sua obra. ATENÇÃO, PIAUIENSES INQUIETOS: APRENDAM COMIGO O QUE O PIAUÍ CONSEGUIU FAZER DE VERDADEIRAMENTE GRANDE! Cliquem aqui. Se vivo fosse, cosmopolita como era, imagino o que não diria dessa bobajada! O Piauí não precisa me dar um título de cidadão honorário por isso…
Fábio Novo
O deputado Fábio Novo (PT), o censor, presidente da Assembléia, resolveu me dirigir uma carta aberta. Leiam os dois primeiros parágrafos:
“Lamento que como jornalista, eu também me formei na área, aprendi que um fato deve ser apurado ouvindo as partes envolvidas. Você não me ouviu no episódio Marauê e portanto, deixou de ser jornalista para tomar partido de um fato que ouviu dizer por terceiros. Assim feriu de morte o principio da informação com imparcialidade;
Taxar de censura, ato administrativo da Assembleia Legislativa do Piauí, que retirou de pauta a apresentação do espetáculo, é uma afirmação injusta pelo não conhecimento dos fatos e das leis. Senão vejamos:”
Jornalista? É! Ele quer me ensinar os segredos da profissão. Que bom que decidiu ser político, carreira em que se pode ir muito longe com uma alfabetização rudimentar. Se algumas regras elementares da gramática fossem pessoas, Novo seria um homicida em massa. A cereja de seu bolo retórico está em “taxar de censura…” Eu não “taxei” nada! No máximo, poderia ter “tachado”, com “ch”, apontado uma “tacha”, um “defeito”, uma “desonra”. “Taxa”, meu senhor, é aquela coisa que se paga no guichê. O mundo é diverso! O Piauí já produziu Mário Faustino e Novo! Se a língua portuguesa fosse um corpo, a de Faustino seria o cérebro. Já a de Novo…
Quantidade espantosa de bobagens
O pensamento politicamente correto e o ressentimento querem esmagar a liberdade de expressão no Brasil. Em sua carta, o deputado Fábio Novo tenta explicar por que ele e seus pares suspenderam o espetáculo. Quando leio seus pobres argumentos e penso na Primeira Emenda da Constituição dos EUA, eu me dou conta da nossa miséria intelectual. Leiam:
“Congress shall make no law respecting an establishment of religion, or prohibiting the free exercise thereof; or abridging the freedom of speech, or of the press; or the right of the people peaceably to assemble, and to petition the Government for a redress of grievances.”
Atenção! Não se trata de uma simples garantia da liberdade de religião, da liberdade de expressão e de imprensa, do direito do povo de se reunir e de encaminhar petições ao governo para reparar injustiças. É MAIS DO QUE ISSO: O CONGRESSO ESTÁ IMPEDIDO DE VOTAR LEIS QUE LIMITEM ESSES DIREITOS, ENTENDERAM? De tal sorte eles são considerados inegociáveis, que não se admitem leis restritivas de nenhuma natureza.
Por aqui??? Pobres de nós! Qualquer deputadozinho acha que, “em nome do povo”, pode suspender um espetáculo. E ainda diz estar agindo em defesa da cidadania e contra o preconceito!
Vocês entendem por que o governo federal mete a mão grande na Vale, uma empresa privada, e diz quem pode e quem não pode dirigi-la, sem que isso provoque um escândalo? No Brasil, os direitos individuais são considerados filhos bastardos do Estado, que tudo pode. Eu escrevi um artigo contestando a suspensão da peça, não contra o direito de protesto daqueles que se sentiram ofendidos. Afirmei que a gritaria era coisa de “caipiras ressentidos”, não que os piauienses fossem caipiras ressentidos. Mas e daí? Eles lêem o que querem e buscam justificativas inexistentes para linchar os críticos. A levar a sério os protestos, devo considerar que não há melhor lugar no mundo para se viver do que o Piauí, que só perde para Alagoas em analfabetismo, que está em 18º lugar no ranking da mortalidade infantil, em 24º no da expectativa de vida e em 27º — o último — no PIB per capita.
Criticar o Piauí não é só um direito, não! Também é uma obrigação! Pode-se lastimar a qualidade da crítica. Mas a Constituição proíbe que se tente proibi-la! E eu não vejo uma boa razão para que a Constituição não valha também no Piauí.
Por Reinaldo Azevedo
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