Fechar
GP1

Política

Cunha sustenta que não possui contas no exterior

Em entrevista, Cunha admitiu ser usufrutuário de ativos mantidos na Suíça, mas negou ser titular da conta.

Nesta sexta-feira (6) o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), reafirmou que não tem contas bancárias nem é proprietário, acionista ou cotista de empresas no exterior.

Em entrevista à Tv Globo, o deputado assumiu ser “usufrutuário” de ativos mantidos na Suíça. Segundo Cunha, os bens não foram declarados à Receita Federal e ao Banco Central, pois os recursos que obteve no exterior são mantidos por contas que ele não é mais o titular.
Imagem: Sergio LimaEduardo Cunha rejeita dois pedidos de impeachment (Imagem:Sergio Lima)Eduardo Cunha rejeita dois pedidos de impeachment

"Desses ativos, administrados e geridos pelo truste, eu sou usufrutuário em vida, em condições pré-contratadas", afirmou Eduardo Cunha.

Atualmente Eduardo Cunha responde a um processo no Conselho de Ética da Câmara acusado de quebra de decoro parlamentar ao negar que possuía contas no exterior durante a CPI da Petrobras.

O presidente da Câmara alega que tem contrato com um truste proprietário de recursos de “origem antiga”, acumulada nos anos 1980.

Entre os anos de 1993 e 2003, antes de entrar na vida pública, Cunha manteve as contas no exterior em seu nome. Segundo ele, posteriormente o dinheiro passou a ser administrado por um truste.

Um truste é uma entidade legal que administra propriedades e bens em nome de um ou mais beneficiários mediante outorga.
Imagem: Cida Sampaio / Estadão ConteúdoO presidente da Câmara, Eduardo Cunha, durante protesto com notas de dólar falso na Câmara(Imagem:Cida Sampaio / Estadão Conteúdo)O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, durante protesto com notas de dólar falso na Câmara

Segundo documentos enviados pelo Ministério Público da Suíça para a Procuradoria Geral da República, Cunha é o controlador de contas naquele país. Caso seja comprovada a acusação, o presidente da Câmara pode perder o mandato.

Venda de carne na África

O deputado afirmou na entrevista que o dinheiro mantido no exterior é “lícito” e proveniente da venda de carne no Zaire (atual República do Congo) e seriam sido acumulados quando ele era uma espécie de “caixeiro-viajante” na década de 1980.

“Veja bem, a minha declaração à CPI pode ser facilmente defendida. Eu não tenho conta no exterior, não sou proprietário ou acionista, cotista de empresa offshore no exterior. O que tenho é um contrato com um truste que passou a ter a propriedade nominal de ativos meus de origem antiga. E desses ativos, administrados e geridos pelo truste, eu sou usufrutuário em vida, em condições pré-contratadas, e por familiares meus, em morte”, afirmou.

Declaração

Cunha argumenta que não havia necessidade de declarar os valores à s autoridades brasileiras visto que não é o titular das contas.

“Não declarei ao Banco Central e à Receita Federal porque não houve evasão de recursos. Foram recursos gerados e ganhos no exterior. Hoje, já está fora do período fiscal. A discussão seria sobre a manutenção ou não desses recursos de forma não declarada. Não sou proprietário mais desses recursos. O proprietário é o truste, eu sou apenas o contratante e beneficiário em vida. Por isso a gente acha, os advogados entendem que não tem obrigatoriedade de declarar o suposto benefício”, disse.

Segundo o Banco Central, os acordos de truste que envolva guarda e administração de ativos no exterior devem ser declaradas por meio de Declaração de Capitais Brasileiros no Exterior (CBE). A declaração precisa ser feita em nome do “beneficiário” que mora no Brasil.

Ver todos os comentários   | 0 |

Facebook
 
© 2007-2024 GP1 - Todos os direitos reservados.
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do GP1.