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Economia e Negócios

Bolsa fecha em baixa de 1,26% com foco em possível saída de Moro

O giro de hoje totalizou R$ 24,7 bilhões e, com o desempenho negativo desta quinta-feira, os ganhos da semana foram limitados agora a 0,86%.

O Ibovespa perdia fôlego desde o começo da tarde desta quinta-feira, 23 em linha com Nova York e em meio à escalada do dólar à vista, mas o movimento nas ações se acentuou notavelmente no meio da tarde, com a notícia de que o presidente Jair Bolsonaro comunicou ao ministro da Justiça, Sergio Moro, a decisão de substituir o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, homem de confiança do ministro e com o qual atuou durante a Operação Lava Jato. Ao ser comunicado, Moro teria dito não estar de acordo com a decisão e que reavaliaria sua permanência no governo.

A iniciativa ocorre pouco depois de Bolsonaro ter enviado carta ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, em que condenou protesto em defesa do fechamento do STF e do Congresso ocorrido no último domingo, do qual o presidente tomou parte em Brasília. A manifestação, contrária à Constituição, está sendo apurada pelo Ministério Público Federal. Em outra derrota política para a família Bolsonaro, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), assegurou tempo para que a CPMI das Fake News chegue à conclusão, uma vez que sejam retomadas as sessões após a normalização dos trabalhos no Congresso.

Na mínima do dia, após a divulgação da notícia pela "Folha de S. Paulo", o Ibovespa chegou a 78.621,92 pontos, mas conseguiu limitar as perdas e encerrar a sessão em baixa de 1,26%, aos 79 673,30 pontos, saindo de 81.933,50 pontos na máxima, no que foi seu maior nível intradia desde 16 de março, quando atingiu 82 564,88 durante aquela sessão. O giro de hoje totalizou R$ 24,7 bilhões e, com o desempenho negativo desta quinta-feira, os ganhos da semana foram limitados agora a 0,86%. No mês, o Ibovespa sobe 9,11%, mas cede 31,11% no ano.

Após ter chegado a limitar as perdas, recuperando a linha de 80 mil pontos - que tem se mostrado resistência importante -, o índice não conseguiu sustentá-la no fechamento. Entre as blue chips, destaque negativo para as ações de bancos, com perdas entre 1,22% (Santander) e 2,88% (Bradesco ON) no fechamento da sessão, enquanto o desempenho favorável de Petrobras e Vale contribuiu para mitigar a correção do dia - Petrobras ON e PN fecharam respectivamente em alta de 1,11% e 1,19%, enquanto Vale ON subiu 1,42%. Na ponta de alta do Ibovespa, Suzano ganhou 3,83%, beneficiada por dólar a R$ 5,5287 (+2,22%) no fechamento, dando fôlego às exportadoras. No lado oposto, IRB cedeu 8,50% na sessão.

"A eventual saída do Moro significaria isolamento maior do Bolsonaro, a perda de uma figura muito popular e no momento em que começa a dar sinais de caminhar para o Centrão. E isso vem logo depois de os militares do Palácio anunciarem um plano de investimentos sem a presença do Guedes", observa Solange Srour, economista-chefe da ARX Investimentos, ressaltando que tais iniciativas ocorrem no momento em que a economia está "rateando" e da qual se espera recuperação "muito gradual". "A agenda eleitoral está sendo antecipada, como visto no embate entre Bolsonaro e os governadores. O que se teme é uma guinada em direção a resultados não fiscalistas, em que se perderão conquistas que já tivemos, como a Previdência", acrescenta.

Nesta penúltima sessão da semana, "o dia até começou bem, com o bom humor lá fora, mas já na passagem para a tarde as coisas ensaiaram azedar quando veio a notícia do fracasso do tratamento experimental que vinha sendo testado (para o novo coronavírus)", diz Marcel Zambello, analista da Necton, referindo-se à notícia divulgada pelo diário britânico "Financial Times" de que o Gilead teria fracassado em primeiro teste clínico com a droga Remdesivir contra o coronavírus, de acordo com documento vazado. "Para piorar, depois veio a história do Moro, uma saída que, caso venha a se confirmar, ocorreria em momento de enfraquecimento da popularidade do presidente, após a demissão do Mandetta (ex-ministro da Saúde) e o desgaste na relação com os governadores e o Congresso", observa.


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