Após uma procissão de cerca de 10 minutos do Palácio de Westminster, a sede do Parlamento britânico, o caixão da rainha Elizabeth II chegou à Abadia de Westminster, onde cerca de 2 mil pessoas acompanharão seu funeral de Estado. A igreja é a mesma onde a monarca casou, em 1947, e foi coroada cinco anos depois.
Mais cedo, em procissão, o caixão da rainha Elizabeth II deixou o Palácio de Westminster após cinco dias de um velório público que atraiu milhares de pessoas.
“Eu sou a ressurreição e a vida”, cantava o coral, frase bíblica usada em todos os funerais de Estado para reis e rainhas desde o século XVIII.
A família real seguiu o caixão durante a procissão de entrada na Abadia de Westminster. À frente estava o rei Charles III, acompanhado da rainha consorte, Camilla. Seus irmãos o seguiam, por ordem de nascimento: a princesa Anne e seu marido, Timothy Lawrence, o príncipe Andrew e o príncipe Edward, com sua mulher Sophie.
Logo atrás vinham o príncipe William e a princesa Kate, acompanhados de seus dois filhos mais velhos, George e Charlotte, de 9 e 7 anos. As duas crianças são, respectivamente, segundo e terceira na linha de sucessão ao trono. Depois de William vinham o príncipe Harry e Meghan Markle.
O cortejo durou menos de 10 minutos e foi acompanhado por membros da Marinha Real e dos Fuzileiros Navais Reais. A procissão foi liderada por cerca de 200 músicos, incluindo tocadores de flauta e tambor dos regimentos escoceses e irlandeses.
A carruagem que leva Elizabeth II é a mesma que carregou os reis Edward VII, George V e George VI, o pai da monarca. Também foi usado no funeral do ex-premier Wiston Churchill.
Fim do velório público
O velório público de Elizabeth II terminou após cinco dias de filas gigantescas que chegaram a atingir mais de 8 quilômetros.
A fila de súditos que espera para entrar no Palácio de Westminster e prestar uma última homenagem foi interrompida diversas vezes, e o tempo de espera estimado chegou a 14 horas.
De acordo com o sistema de monitoramento em tempo real do governo britânico, a estrutura organizada - com mais de 500 banheiros portáteis e cerca de 1 mil funcionários trabalhando na organização - alcançou a “capacidade máxima”. Mesmo após o fechamento para novas entradas, milhares de pessoas que já estavam na fila continuaram esperando pacientemente para ver o caixão da rainha.
“Southwark Park (o fim da fila) atingiu a capacidade máxima. A entrada está suspensa por pelo menos seis horas”, tuitou o governo britânico, pouco depois de anunciar que a espera para chegar ao Palácio de Westminster era de 14 horas.
Apesar da longa espera, os britânicos que aguardam na fila dizem não se arrepender do esforço para se despedir de Elizabeth II. Moradora de Londres, Caroline Quilty disse que chegou à fila por volta das 4 da manhã desta sexta-feira. “Acho que é um momento na história, e se eu não viesse celebrá-lo e vê-lo e fazer parte disso, acho que realmente me arrependeria”, afirmou.
Um dos momentos mais esperados da parte pública do velório de Elizabeth II - cujo caixão continua em Westminster até a segunda-feira, 19, quando será levado para o funeral no Castelo de Windsor -, acontece nesta sexta: a chamada vigília dos príncipes, cerimônia solene que deve reunir o rei Charles III, a princesa Anne e os príncipes Andrew e Edward. A tradição remonta a 1936, quando os quatro filhos de George V velaram o caixão do pai.
Charles e seus irmãos já velaram o caixão de Elizabeth II em Edimburgo na segunda-feira, enquanto os súditos escoceses prestavam homenagem à monarca. Durante 10 minutos, eles permaneceram com as cabeças inclinadas ao lado do caixão de carvalho, vestidos com seus trajes militares, com exceção de Andrew, de quem a própria rainha retirou a honraria no ano passado por seu envolvimento em um escândalo sexual. A vigília desta sexta deve começar às 19h30 (15h30 em Brasília).
Antes da vigília, rei Charles III e a rainha consorte Camilla Parker Bowles viajaram para o País de Gales, último destino do primeiro giro do herdeiro do trono britânico pelas quatro nações do Reino Unido. Charles III, que passou um período da juventude no país e ocupou o cargo de príncipe de Gales por décadas, é esperado em Cardiff para um momento de oração e reflexão em homenagem a sua falecida mãe.
Incidentes no velório
O anúncio da suspensão da fila foi feito horas após um ataque a facadas que deixou dois policiais feridos em uma área relativamente próxima da fila, no bairro de Soho. O agressor foi detido e a força de segurança, que investiga o incidente, descartou uma motivação terrorista. Os policiais atacados estão fora de perigo, informou o prefeito de Londres, Sadiq Khan.
Enquanto isso, em um desdobramento geopolítico do velório, uma delegação de autoridades chinesas foi impedida de visitar o salão histórico do Parlamento britânico, onde o caixão da falecida está posto para visitação. O embaixador chinês no Reino Unido foi banido do Parlamento por um ano, depois que Pequim sancionou sete legisladores britânicos no ano passado por se manifestarem contra o tratamento da China à minoria uigur na região de Xinjiang.
O gabinete da presidente da Câmara dos Comuns, Lindsay Hoyle, se recusou a comentar na sexta-feira uma reportagem do jornal americano Politico sobre a questão envolvendo a delegação chinesa.
Em Pequim, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, disse que não viu a reportagem do Politico, mas que, como anfitrião do funeral da rainha, o governo do Reino Unido deve “seguir os protocolos diplomáticos e as boas maneiras para receber os convidados”.
Espera-se que uma delegação chinesa compareça ao funeral da rainha na segunda-feira, que será na igreja da Abadia de Westminster e não no Parlamento. Os organizadores do funeral não publicaram uma lista de convidados e não ficou claro quem da China poderia comparecer.
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