Os Estados Unidos anunciaram nesta segunda-feira, 1º, ter matado o atual líder da Al-Qaeda, Ayman al-Zawahiri, em uma operação em Cabul, no Afeganistão, ocorrida neste fim de semana. Considerado pelos EUA um dos maiores conspiradores dos ataques de 11 de setembro, Al Zawahri foi atingido por dois mísseis lançados por drones militares enquanto ele estava na varanda de casa, segundo as autoridades.
O presidente Joe Biden anunciou o terrorista como “um dos maiores responsáveis pelos ataques que mataram 2.977 pessoas em solo americano” e o “cérebro por trás dos ataques” contra os EUA durante décadas.
Zawahiri assumiu a liderança da Al-Qaeda após a morte de Osama bin Laden, também executado em operação militar americana, em 2 de maio de 2011, sendo procurado pelos americanos há mais de duas décadas. A operação que o matou foi o primeiro ataque no Afeganistão desde a retirada das tropas americanas há um ano e fortalece os esforços de Joe Biden de contraterrorismo.
“O ataque que matou o líder da Al Qaeda, Ayman al-Zawahri, é um grande sucesso dos esforços de contraterrorismo dos EUA. Resultado de incontáveis horas de coleta de inteligência ao longo de muitos anos”, disse Mick Mulroy, ex-oficial da CIA e alto funcionário do Pentágono. “Ele provavelmente acreditava que nunca seríamos capazes de localizá-lo. Mas ele estava errado.”
Os EUA também afirmaram que nenhum civil foi morto na operação, conduzida pela agência de inteligência do país (CIA). O Departamento de Estado americano oferecia US$ 25 milhões em recompensa por qualquer informação que levasse à prisão ou condenação do líder da Al-Qaeda.
O anúncio acontece quase um ano após a retirada das forças americanas do Afeganistão, que permitiu o Taleban retomar o poder do país após 20 anos. Zawahri evitou o Afeganistão durante anos, e o retorno a Cabul com a retomada do Taleban levanta questões sobre o compromisso do grupo em manter a Al-Qaeda fora do país.
Uma declaração do Taleban condenou a operação e disse que o ataque foi realizado em uma casa residencial na área de Sherpur, em Cabul, um bairro rico no centro da cidade frequentado por funcionários do governo do Taleban. Eles afirmam que o acordo de Doha – que delineou os termos para a retirada das tropas americanas do país – proíbe ataques americanos, algo que as autoridades americanas contestam. Moradores de Cabul culparam o Paquistão por possivelmente ajudar no ataque aéreo.
De acordo com um analista americano, a casa atingida era de propriedade de um importante assessor de Sirajuddin Haqqani, um alto funcionário do governo taleban que, segundo autoridades americanas, é próximo de figuras importantes da Al-Qaeda.
O analista disse que fotos do ataque postadas nas mídias sociais sugerem um ataque de um RX9, um míssil destinado a matar alvos com energia cinética para minimizar grandes danos colaterais.
Desde que os EUA se retiraram do Afeganistão, oficiais militares e diplomáticos americanos têm discutido com aliados onde reposicionar as forças americanas para ataques a alvos relevantes no país. Já foram feitas conversas com Tajiquistão, Cazaquistão e Uzbequistão, mas avançam lentamente e sem definições.
Mesmo sem bases próximas, os americanos têm capacidade suficiente para enviar drones não tripulados e aeronaves de ataque tripuladas de bases terrestres ao longo do Golfo Pérsico, do Oceano Índico e até do próprio território dos EUA para o Afeganistão.
O governo dos EUA revisa atualmente a política de ataques de drones contra alvos considerados terroristas. Enquanto as forças militares geralmente realizam ataques em zonas de guerra estabelecidas, a CIA realiza as operações em áreas onde os Estados Unidos querem um grau de sigilo sobre suas ações – como o atual caso.
Como o governo do Taleban se opõe a qualquer ataque de drones no território, os Estados Unidos podem ter preferido usar a CIA para conduzir a operação. Embora a CIA tenha seus próprios drones, a agência também usa drones das forças militares, assumindo a responsabilidade quando a aeronave estiver no espaço aéreo que o Departamento de Defesa não está autorizado a operar.
Em meados de julho, os Estados Unidos anunciaram a morte do líder do grupo Estado Islâmico (EI) na Síria, Maher al Agal, também durante um ataque com drones. Os EUA consideraram que a operação “enfraqueceu consideravelmente a capacidade” da organização “para preparar, financiar e realizar operações na região”.
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