Pelo menos 43 detentos morreram em um motim em um presídio no centro do Equador, país afetado pelo aumento vertiginoso do tráfico de drogas e da criminalidade. Há mais de cem foragidos.
O ministro do Interior, Patricio Carrillo, anunciou que “todos os pavilhões estão sob controle” das autoridades da penitenciária Bellavista, em Santo Domingo los Tsáchilas (Colorados, a 80 km de Quito).
Segundo o comandante-geral da Polícia do Equador, Fausto Salinas, 108 presos ainda estavam foragidos após o motim. O ministro do Interior disse que 112 detentos haviam sido capturados.
As autoridades asseguram que confrontos entre gangues estão por trás da violência em Bellavista. O grupo Los Lobos “atacou e eliminou 41 pessoas de outra organização”, disse Carrillo, referindo-se à facção conhecida como R7. Os feridos foram levados a hospitais, enquanto parentes se aglomeravam nos arredores da penitenciária.
O massacre é o maior deste ano, superando o anterior, ocorrido há um mês na prisão da cidade andina de Cuenca, onde 20 presos morreram e pelo menos outros 10 ficaram feridos. O massacre de Cuenca também envolveu as gangues Los Lobos e R7.
Apesar das múltiplas medidas adotadas – que incluem alocação de verba, transferência dos presos mais perigosos a um centro específico e a criação de uma comissão de pacificação – o governo do presidente Guillermo Lasso não tem conseguido conter as mais graves rebeliões penitenciárias da América Latina.
Desde fevereiro de 2021, 350 detentos morreram brutalmente nas prisões equatorianas, em meio a uma violência atribuída pelo governo ao confronto entre os grupos criminosos ligados ao narcotráfico.
Violência
Além dos massacres nas prisões, o Equador enfrenta um aumento da violência atribuído às gangues do narcotráfico motivada pela disputa pelo controle das operações e da exportação de cocaína, principalmente para Estados Unidos e Europa.
Após cenas de terror como o aparecimento de vários corpos decapitados e a atividade cada vez mais evidente e frequente de pistoleiros, o governo decretou estado de exceção por uma semana e meia nas províncias costeiras de Guayas, Manabí e Esmeraldas, na fronteira com a Colômbia.
Recentemente, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) divulgou um relatório sobre a crise carcerária no Equador, no qual insta o governo a retomar o controle interno das prisões, proporcionar condições dignas aos detentos e desenvolver políticas de prevenção ao crime que não priorizem o encarceramento.
Até o fim de 2021 havia mais de 36 mil detentos no Equador, quase 40% deles sem sentença, em 36 centros com capacidade para 30 mil pessoas, embora a superlotação tenha chegado a 62% em prisões como a de Guayaquil, a mais populosa do país, cenário dos episódios mais sangrentos vividos no ano passado.
Para resolver a crise carcerária, o governo do Equador está contratando 1.400 novos agentes penitenciários, concedendo cerca de 5 mil indultos a condenados por crimes menores e desenvolvendo a primeira política de direitos humanos do país para a população carcerária.
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