As negociações entre a delegação russa e os enviados ucranianos em Istambul começaram nesta terça-feira, 29, pouco depois das 4h30 (horário de Brasília), informou a agência oficial turca Anadolu. Os negociadores foram recebidos antes pelo presidente turco Recep Tayyip Erdogan, que pediu o “fim da tragédia” da ofensiva russa na Ucrânia, que começou no dia 24 de fevereiro.
As negociações tentam frear a guerra na Ucrânia, que já deixou quase 20 mil mortos e que obrigou 10 milhões de pessoas a abandonar suas casas.
As conversações acontecem no Palácio de Dolmabahçe, em Istambul, a última residência no Bósforo dos sultões e que também foi a última sede administrativa do Império Otomano, que atualmente abriga escritórios da presidência turca. “As partes têm preocupações legítimas, é possível chegar a uma solução que seja aceitável para a comunidade internacional”, afirmou o chefe e Estado turco.
Para Erdogan, depende das duas partes “dar fim a esta tragédia”. O presidente turco também declarou que “a prorrogação do conflito não interessa a ninguém”. “O mundo inteiro espera boas notícias”, afirmou aos negociadores.
O oligarca russo Roman Abramovich também está presente. Ele é um dos mediadores nas negociações, segundo confirmou o Kremlin. “Abramovich está desempenhando um papel no estabelecimento de contatos entre os lados russo e ucraniano”, disse o porta-voz da presidência da Rússia, Dmitri Peskov. “Ele está presente em Istambul”, embora não seja um membro oficial da delegação russa, acrescentou.
Após uma reunião na capital ucraniana em março, o bilionário, que mantém dois iates atracados na costa turca desde a semana passada, mostrou sinais de que poderia ter sido envenenado. Outra foto da agência russa Ria Novosti mostra Abramovich ao lado de Erdogan e do ministro turco das Relações Exteriores.
Peskov negou que Abramovich e negociadores ucranianos tenham sofrido envenenamento e chamou o fato de “parte da guerra de informação contra a Rússia”. “Esta informação não corresponde a realidade”, disse.
A Turquia recebeu no dia 10 de março em Antalya, sul do país, a primeira reunião de ministros das Relações Exteriores da Rússia e da Ucrânia desde o início da invasão russa. Mas o encontro não resultou em um cessar-fogo e nenhum avanço significativo foi registrado.
O país, que compartilha a costa do Mar Negro com os dois países em guerra, atua desde o início da crise para manter laços com as duas partes e e se esforça para atuar como mediador do conflito.
Ancara é um aliado tradicional de Kiev e forneceu ao país os drones Bayraktar, que a Ucrânia utiliza no conflito. Ao mesmo tempo, o país também procura manter boas relações com a Rússia, uma vez que depende fortemente das importações de gás e das receitas do turismo.
A Turquia também se envolveu, ao lado de França e Grécia, na negociação de uma retirada humanitária dos milhares de civis bloqueados no porto ucraniano de Mariupol, cercado pelos soldados russos.
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