A Ucrânia renunciou a todos os corredores para a retirada de civis de zonas de conflito devido ao temor de “provocações russas”, informou o governo de Kiev nesta segunda-feira, 28, enquanto negociadores dos dois países voltam à Turquia para novas rodadas de negociações de paz.
De acordo com a vice-primeira-ministra do país, Irina Vereshchuk, a abertura dos corredores humanitários foi cancelada por razões de segurança. “Nossos serviços de inteligência informaram sobre possíveis provocações por parte dos ocupantes nos trajetos dos corredores humanitários”, afirmou em mensagem publicada pelo Telegram.
Diariamente são organizados corredores humanitários a partir das cidades mais afetadas da Ucrânia para permitir a retirada de civis, mas autoridades denunciaram em várias ocasiões ataques russos contra os corredores, especialmente ao redor da cidade de Mariupol.
A decisão de Kiev ocorre no mesmo dia em que negociadores russos e ucranianos retornam à Turquia para negociações de um possível cessar-fogo. De acordo com o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, as delegações chegam ao país nesta segunda, mas as negociações não devem começar ainda hoje.
Peskov também afirmou que Rússia e Ucrânia não fizeram “progressos significativos” nas negociações para encerrar o conflito até o momento, porém ressaltou que é “importante” que tenha sido decidido a continuidade de conversas pessoais.
Rússia e Ucrânia mantêm conversas regulares por videoconferência desde que a Rússia lançou sua ofensiva na Ucrânia no final de fevereiro.
Falas de Biden são ‘alarmantes’
Em coletiva de imprensa nesta segunda-feira, Dmitri Peskov também classificou como “alarmantes” os comentários do presidente dos EUA, Joe Biden, sobre o líder russo Vladimir Putin.
No fim de semana, Biden se referiu a Putin com “carniceiro” pelos assassinatos cometidos nas cidades ucranianas. Em discurso na Polônia, o presidente americano também afirmou: “Pelo amor de Deus, esse homem (Putin) não pode continuar no poder. Deus abençoe a todos, e que Deus defenda nossa liberdade e proteja nossas tropas”, disse.
“Esta declaração é, sem dúvida, alarmante”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, a repórteres, alertando que Moscou continuará a “monitorar de perto” os comentários do presidente dos EUA.
Pouco depois, a Casa Branca especificou que Biden não havia pedido nenhuma “mudança de regime” na Rússia.
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